Paralisação afetou prestação de serviço na segunda-feira. Terça-feira também é sem coleta
Montenegro iniciou 2022 sem o serviço de coleta de lixo. Dentre garis e motoristas, cerca de vinte funcionários da Ecosul Ambiental, empresa responsável pelo atendimento, se recusaram a trabalhar na manhã dessa segunda-feira, 3 de janeiro. Eles denunciaram que não receberam seus vales-alimentação que deveriam ter sido pagos na semana anterior. Em reunião entre empresa e funcionários, foi sinalizado a possibilidade de a Ecosul não realizar mais o serviço na cidade a partir desta terça-feira, 4, porém o Executivo Municipal ainda não foi informado formalmente.
Segundo os funcionários, a empregadora não havia cumprido o acordo quanto ao pagamento das horas extras que seriam feitos acumulados de quatro em quatro meses para os motoristas; e de seis em seis meses para os garis. É que fechou os primeiros quatro meses de contrato e o pagamento não ocorreu. “Nós passamos o fim de ano sem esse dinheiro e estamos só cobrando o que é nosso”, disse um dos funcionários. O grupo pediu para nenhum dos trabalhadores ser identificado individualmente, com medo de represálias. “A gente trabalha de sol a sol, de peito aberto, e se acham na razão de fazer isso. Ninguém está se negando a trabalhar, mas esses são nossos direitos.” Na pauta das reivindicações, também estava o pagamento do décimo terceiro salário sobre o montante de horas extras devidas; e o recolhimento do FGTS que, segundo os funcionários, estaria sendo descontado em folha sem ser depositado nas contas. O grupo ainda denunciou falhas da Ecosul na distribuição de equipamentos de proteção individual aos trabalhadores, como as luvas e as botinas. Eles ficaram parados na garagem da empresa, às margens da RSC-287, aguardando respostas.
No final da noite dessa segunda-feira, 3, o Jornal Ibiá foi informado por um dos funcionários que durante a reunião alguns dos empregados foram demitidos, já recebendo, inclusive, o aviso prévio. “Estamos desempregados. Agora na torcida que sejamos chamados para a próxima empresa que assuma”, diz.
O caso ocorre uma semana após o Jornal Ibiá ter revelado que a empresa responsável pela coleta de lixo já recebeu mais de vinte notificações da Prefeitura com relação a problemas no serviço. Localidades do interior, como Costa da Serra e Vapor Velho, por exemplo, haviam ficado sem recolhimento por uma semana. A situação trouxe a público que a Ecosul estaria enfrentando problemas financeiros; o que a empresa negou à reportagem anteriormente. Ontem, porém, os funcionários voltaram a tocar no assunto. Disseram que há até dificuldade em manter o abastecimento dos caminhões. “Às vezes, o caminhão fica carregado no pátio e não tem diesel para ir descarregar”, revelou um dos motoristas.
Prefeitura precisa ser notificada oficialmente
Procurada antes da informação das possíveis demissões, a Ecosul informou que, ainda pela manhã, começou a regularizar os pagamentos dos vales-alimentação visando a retomada do serviço. Os funcionários, porém, seguiram cobrando as horas extras. Representantes da Prefeitura, que contrata a terceirizada, estiveram conversando com o grupo paralisado ainda pela manhã e também pela tarde. O prefeito Gustavo Zanatta, o procurador-geral, Alexandre Muniz de Moura, o secretário municipal de Meio Ambiente, José Clébio Ribeiro da Silva, e o gerente de Contratos e Convênios, Silvio Kaél, buscaram entender as reivindicações e os encaminhamentos da própria empresa.
Segundo o governo, durante a reunião a prestadora de serviços já havia sinalizado que não realizaria mais a coleta a partir de terça-feira, 4. “A gente trabalha com os fatos, a empresa vai ter que acabar nos notificando ou nós constatarmos que eles não estão fazendo. Nós não recebemos nada oficialmente”, diz o procurador-geral. O Executivo irá durante a manhã contatar a empresa para encaminhar as medidas administrativas ou não.
De acordo com a Administração, todos os pagamentos por parte da Prefeitura estão em dia, e no que tange ao recolhimento do FGTS, a empresa é obrigada a informar ao Município a manutenção dos pagamentos. Nesse caso, segundo a secretaria da Fazenda, a obrigação estaria sendo cumprida.
O atual contrato para a coleta de lixo, de R$ 250 mil mensais, termina em março. Ele prevê, no entanto, que se problemas no serviço persistirem após as notificações, possam ser aplicadas multas e, em última instância, feita a rescisão.
Ao falar sobre o caso, o porta-voz da prestadora de serviços voltou a alegar que as recentes situações envolvendo a coleta estariam sendo organizadas visando a quebra de contrato e a contratação de uma outra empresa na cidade. Também afirmou que apresentará denúncia ao Ministério Público para que tudo seja investigado. A reportagem não conseguiu contato com a empresa após a reunião.