Candidata mais jovem tem 18 anos e a mais velha, 83
A eleição municipal em Montenegro contou com 97 candidatos ao Legislativo, sendo 62 homens e 35 mulheres. Esse panorama evidencia um cenário em que as mulheres ainda buscam espaço em um ambiente predominantemente masculino.
A faixa etária dos candidatos revela que a maioria foi entre 50 e 54 anos. No entanto, a variedade de idades chama a atenção, com a candidata mais jovem, de apenas 18 anos, e a mais velha, com 83 anos, ambas mulheres, desafiando a ideia de que a política é um campo restrito a um determinado grupo etário.
Outro aspecto relevante diz respeito à autoidentificação étnica dos candidatos. A grande maioria, 88,12%, se declara branca, enquanto apenas 0,99% se identifica como parda e 10,89% como preta.
Maria Eduarda Erig, a candidata mais nova de Montenegro
Nas eleições municipais de Montenegro, Maria Eduarda Erig, 18 anos, foi a candidata mais jovem na disputa, representando o MDB. Ela revela que sua motivação surgiu na última eleição. “Na verdade, começou quando minha mãe se candidatou. Ela é advogada, e eu gostei muito desse meio e me inspirei muito nisso”, conta.
Ao completar os 18 anos, ela recebeu o convite de Cristiano Braatz, atual vice-prefeito, para se candidatar, o que solidificou sua vontade de representar os jovens. “Quero representar muito a comunidade jovem e acho que tenho muito a contribuir, mesmo ainda não tendo terminado minha formação”, afirma.
Atualmente, Maria Eduarda está no primeiro ano do ensino técnico em Enfermagem e no último ano do ensino médio. “Sempre tive o desejo de ajudar o próximo também, e pretendo fazer Medicina”, explica. Suas bandeiras durante a campanha foram o apoio à comunidade jovem e a luta por direitos igualitários. “Acho que os cidadãos têm direitos e deveres, mas muitos direitos não são garantidos para aqueles que têm menos renda”, destaca.
A importância da representatividade feminina também é um tema central para Maria Eduarda. “A voz feminina é uma coisa que a gente vem lutando historicamente. O machismo ainda está presente, mas as mulheres estão lutando para garantir seu espaço”, observa. Um dos seus projetos destacados na campanha foi a implementação de uma semana de valorização das mulheres nas escolas, buscando conscientizar sobre os direitos e a força feminina.
Maria Eduarda também compartilhou sobre os desafios que enfrentou na campanha. “Foi puxado e um pouco frustrante pela falta de tempo para me dedicar mais, mas quero fazer o bem para a sociedade”, destaca. Apesar das dificuldades, ela se comprometeu a desenvolver projetos viáveis, com foco também no meio ambiente. “Montenegro está vendo muito esgotamento dos boeiros, e isso me afeta, porque ando muito a pé”. Como proposta, a candidata defendeu a implantação de boeiros inteligentes, que evitam que o lixo entupa as vias.
Sobre o futuro, Maria Eduarda diz sonhar alto. “Ainda tenho o sonho de talvez me tornar presidente do Brasil”. Para ela, cada passo na política é uma oportunidade de ajudar mais pessoas. “Quero avançar mais e ajudar depois o Estado e, quem sabe, o país inteiro”, conclui a jovem.
Iria Camargo disputa a eleição com 83 anos
Com 83 anos, Iria Camargo foi a candidata mais velha nas eleições municipais de Montenegro este ano, representando o MDB. A trajetória política dela é marcada por um forte engajamento desde a infância, paixão que herdou de seu pai. “Meu pai era muito getulista, naquela época, então, eu era uma menina aí, com uns 11 anos, mais ou menos, e andava com a bandeirinha do Getúlio”, conta.
Natural de Frederico Westphalen, em 1970, ao se mudar para Montenegro, ela se envolveu ativamente na política local, ajudando a fundar posteriormente o PDT junto a outros militantes. Iria relata momentos significativos na criação do partido. “Começamos realmente a produzir mais, a filiarmos mais pessoas, e o partido foi crescendo. Então, nós trabalhamos muito para a Executiva Estadual, naquela época, ajudando o Leonel Brizola no fortalecimento da legenda”, comenta.
Sua entrada na política local foi na década de 1990, quando foi presidente da unidade regional Febem. Ela conta que também disputou por duas vezes a prefeitura, mas não conseguiu vencer a disputa. Na Legislatura de 2009 a 2012, Iria foi eleita para ocupar, pela primeira vez, uma vaga na Câmara de Vereadores. “Eu fui só uma vez vereadora, mas nunca deixei de ser candidata. Eu sempre achei que através da política podemos ajudar mais a nossa comunidade, e isso foi um estímulo desde pequenininha para fazer mais, ajudar mais”, afirma.
Em sua passagem pela Câmara de Vereadores, Iria conta que foi vice-presidente e ainda primeira secretária do Legislativo Municipal, sempre participando da mesa diretora. “Nos quatro anos do meu mandato também fui integrante da CGP, então tive um mandato ativo e adquiri bem mais experiência política. Quem já passou pela Câmara tem uma experiência inigualável”, afirma.
Segundo ela, foi o compromisso em defender a comunidade que a fez mais uma vez disputar uma cadeira do Legislativo Municipal. “É muito grande o compromisso de um vereador e de uma vereadora, e tem que assumir com muita responsabilidade, então o nosso dever é com os munícipes. Foi isso que me motivou a mais uma vez concorrer às eleições”, diz. A candidata destaca a importância de defender o elemento humano em todas as situações, um reflexo de sua vivência com direitos humanos e liberdade de expressão. “Meu compromisso com a política vejo como uma missão de visa”, conclui.