Uma em cada 20 mulheres tem gene que interfere no anticoncepcional

Com o objetivo de evitar uma gravidez indesejada, muitas mulheres recorrem aos anticoncepcionais como garantia que isso não aconteça. No entanto, um novo estudo mostra que algumas podem engravidar mesmo utilizando o método. Isso acontece porque o próprio DNA de alguma delas podem “sabotar” o controle de natalidade. Realizada na Escola de Medicina da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, a pesquisa revela que uma em cada 20 mulheres carrega um gene atrapalha a eficiência dos contraceptivos hormonais.

Essa é a primeira vez que o dado é confirmado pela ciência. Os autores responsáveis pela pesquisa têm expectativa de que a descoberta ajude a acabar com a ideia de que as mulheres engravidam porque não utilizam o método corretamente, como acreditam muitos profissionais da saúde e da população em geral. “Quando uma mulher diz que engravidou durante o controle de natalidade, a suposição sempre foi de que, de alguma forma, foi culpa dela”, afirma Aaron Lazorwitz, principal autor do estudo, em entrevista ao jornal britânico The Independent. “Essas descobertas mostram que devemos ouvir nossas pacientes e considerar se há algo em seus genes que causou isso.”

A ginecologista Lisiane Knob da Costa, afirma que o resultado da pesquisa precisa ser visto com cautela

Para a ginecologista da Omedic, Lisiane Knob da Costa, o resultado da pesquisa precisa ser visto com cautela, já que são iniciais e foram avaliados em poucas pacientes. “Pode ser que futuramente seja confirmado e que acabe mudando algo na tecnologia que temos hoje na produção de contraceptivos”, explica a médica. “Nesse sentido, os resultados obtidos ainda não podem ser considerados como uma verdade absoluta, não podendo embasar nossas condutas diárias no atendimento às pacientes”.

Como foi desenvolvida a pesquisa
Para chegar ao resultado final, Lazorwitz e seus colegas estudaram o DNA de 350 mulheres que usavam um implante contraceptivo que consiste em uma pequena haste de plástico colocada sob a pele do braço. Essa haste libera hormônio progestagênio para evitar que elas ovulem. Com isso, os pesquisadores utilizaram o sequenciamento genético das participantes da pesquisa para examinar seções do DNA conhecidas por estarem envolvidas na regulação hormonal.
Após o experimento, eles descobriram que cerca de 5% das participantes tinham uma forma diferenciada do gene CYP3A7*1C, responsável por quebrar os hormônios que impedem a gravidez. Normalmente, ele se ativa apenas quando a pessoa ainda está no útero, mas se desliga pouco antes de ela nascer. No entanto, mulheres com a forma ativa do gene continuam a produzir uma enzima CYP3A7 para o resto da vida.

Métodos contraceptivos: conheça as opções e como funciona cada
Segundo dados do IBGE, 61,6% das mulheres fazem uso da pílula regularmente para evitar uma gravidez. Entre tantas opções disponíveis, antes de escolher e usar um método anticoncepcional é importante consultar o/a ginecologista para decidir qual o tratamento mais adequado, de acordo com as condições de cada mulher, como idade, doenças ou alergias, entre outras.
Um problema muito recorrente entre as mulheres adeptas dos anticoncepcionais são os efeitos colaterais indesejados, mas de acordo com a ginecologista, eles são poucos e toleráveis. “Variam desde nenhum efeito colateral até irregularidade menstrual, dor mamária ou dor de cabeça, por exemplo”, disse Lisiane, acrescentando que essa questão também defende de cada paciente e seu histórico. “É difícil definir o que tenha menos efeitos colaterais, pois cada mulher responde de formas também distintas ao mesmo método utilizado.”

Contraceptivo hormonal oral (pílula anticoncepcional)
Os contraceptivos orais podem ser combinações com os hormônios estrogênio e progesterona, ou apenas progesterona. A principal ação é por interferência na ovulação, mas também modificam o endométrio e o muco do colo do uterino no sentido de dificultar a entrada e a sobrevivência dos espermatozoides. Se usado corretamente, o risco de gravidez é de 0,3%

Foto: reprodução internet

Adesivo cutâneo hormonal
São pequenos selos adesivos, com cerca de 2 cm, que se colocam firmemente á pele, e liberam hormônios (estrogênio e progesterona) que são absorvidos e liberados na circulação sanguínea. Atuam como os contraceptivos hormonais orais.

Foto: reprodução internet

Implantes hormonais
Tratam-se de pequenos tubos (como palitos de fósforo) de 3 cm, que contém o hormônio progesterona e são inseridos na pele, especialmente na região do braço. Podem atuar por até três anos liberando o hormônio. A ação é por interferência na ovulação.

Foto: reprodução internet

Camisinha feminina e masculina
Se usada corretamente, o risco de gravidez é de 5%.

Foto: reprodução internet

Anel Vaginal hormonal
O anel de silicone maleável com cerca de 4 cm, contém hormônio estrogênio e progesterona no seu interior. É introduzido na vagina onde se acomoda e permanece por três semanas liberando localmente seus hormônios que serão absorvidos pela mucosa vaginal para a circulação sanguínea. Os efeitos contraceptivos são os mesmos da pílula.

Foto: reprodução internet

Dispositivo intrauterino não hormonal (DIU) ou hormonal (SIU)
São pequenas peças de plástico no formato da letra “T” ou do número “7”, com cerca de 2,5 a 3cm introduzidas no interior do útero. Podem ser utilizas com hormônio ou ter partes metálicas (cobre). Esse metal atua matando os espermatozoides e impedindo a fertilização. Já o DIU com hormônio libera pequenas quantidades de progesterona no interior do útero provocando alterações do endométrio (camada que reveste o útero) e do muco do colo uterino, dificultando a entrada dos espermatozoides e a sua sobrevivência.

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