Tradição e devoção marcam a 7ª Procissão a São Jorge e Ogum

DIA do Guerreiro é comemorado hoje, dia 23

Hoje o Brasil celebra uma das figuras mais veneradas e emblemáticas de sua cultura: São Jorge, também conhecido como Ogum nas religiões de matriz africana. Neste dia, milhões de fiéis de diferentes credos se reúnem para homenagear o santo guerreiro e invocar sua proteção e coragem. Em Montenegro as celebrações iniciaram no domingo, 21, com a 7ª Procissão em homenagem à São Jorge e Ogum. O evento teve saída na Praça Rui Barbosa e chegada na Orla do Rio Caí, em frente à Câmara de Vereadores. Vestidos de vermelho, verde e branco, dezenas de devotos puderam demonstrar sua fé e cultura através de músicas, rituais e danças. No evento, os interessados também puderam tomar o passe.

São Jorge é reverenciado como um símbolo de bravura, justiça e proteção. Sua devoção remonta a séculos e atravessa fronteiras culturais e religiosas, unindo pessoas de diversas origens em um vínculo de fé e devoção. Para os católicos, São Jorge é um dos santos mais populares, venerado como um defensor da fé e um protetor contra o mal.

São Jorge/Ogum foi a figura que atraiu todas as atenções na procissão que percorreu as ruas da cidade

Na religião de matriz africana, especialmente no Candomblé e na Umbanda, Ogum é um dos orixás mais reverenciados. Ele é conhecido como o orixá da guerra, da tecnologia, da metalurgia, da agricultura e do trabalho árduo. Ele é frequentemente retratado como um guerreiro corajoso, que protege seus devotos e luta contra os obstáculos da vida. Ogum é associado à força, determinação e disciplina. Ele é, muitas vezes, invocado para ajudar em momentos de batalha, tanto física quanto espiritual, e para abrir caminhos e remover obstáculos. Além disso, é considerado um protetor das estradas e dos viajantes.

Neste dia 23, os devotos de São Jorge e Ogum se vestem com as cores símbolo e participam de diversas manifestações religiosas, como missas, procissões, rituais e oferendas. As igrejas dedicadas a São Jorge, assim como os terreiros de candomblé e as casas de umbanda, ficam repletos de fiéis que expressam sua devoção por meio de cânticos, orações e gestos de fé

Sem espaço para preconceitos
Um dos organizadores do evento em Montenegro, Cristiano Borges, relembra que há cerca de nove anos foi criado o Conselho Municipais dos Povos de Terreiro na cidade. Ele conta que a procissão já era realizada muito tempo atrás por devotos que não estão mais entre nós, então, a ideia foi retomada pela nova organização. Para ele, é um momento único e de muita fé. “Isso traz um movimento muito grande dentro da nossa religião. Conseguimos unir a grande maioria do nosso povo para fazer esta homenagem ao santo guerreiro, São Jorge, Pai Ogum. Para nós, dentro da Umbanda, é o santo que mais se identifica com o povo brasileiro. Santo que não desiste nunca, igual ao povo brasileiro que está sempre na batalha, cada dia matando um dragão para sobreviver”, assinala. Conforme ele, São Jorge para o umbandista é um santo unânime, exaltado e louvado por todos.

A procissão reuniu um grande número de fiéis e simpatizantes

Cristiano também convida a quem não conhece a religião, que busque conhecimento e participação para entender melhor sua devoção. “Muitas pessoas falam o que não sabem, pessoas que não convivem e nunca tiveram oportunidade de vir a conhecer. Eu convido a todos que tenham algum preconceito que venha conhecer e ver que aqui se faz o bem, a caridade. É onde temos amor, verdade e justiça. Esta é a lei da umbanda, nossa raiz e nosso fundamento básico”, conclui.

Nizia da Cigana está na Umbanda há 26 anos e também esteve na procissão. Ela afirma que São Jorge/Ogum é a manifestação de caminhos abertos. “Ogum é o caminho, a lei certa em linhas retas e a dissipação de luta da força e da bravura contida em cada ser. O guerreiro que desbrava nossas batalhas internas e externas, para uma vida harmoniosa e plena de nossa existência”, define. Temente a Deus, Nizia pontua que em sua visão, todos nascem com um propósito de vida. Ela analisa que este evento faz com que Montenegro seja visto como uma cidade acolhedora, sem preconceitos e intolerância.

Pai Koty de Iemanjá está há 35 anos na Umbanda e participa do evento desde a primeira procissão. Para ele, o evento dedicado a Ogum e São Jorge é uma tradição muito significativa. “Essa celebração geralmente envolve rituais religiosos, procissões, festas e outras atividades que honram essas figuras e sua importância cultural e espiritual para a comunidade local. É uma oportunidade para os devotos expressarem sua devoção e conexão com esses santos e orixás, além de fortalecer os laços comunitários”, define.

Associação Cultural de Matrizes Africanas
Este ano foi criada a Associação Cultural de Matrizes Africanas de Montenegro. Por isso, Cristiano agradece ao prefeito Gustavo Zanatta pelo grande apoio. “Nos organizamos com ajuda da Prefeitura e conseguimos criar esta associação, que é para a gente poder se organizar melhor, criar eventos, trabalhar juntos nas comunidades e trazer as crianças conosco para aulas como de tambor. Já temos vários projetos em vista. A gente nunca teve oportunidade que tivemos com ele. Foi o primeiro que abriu as portas da Prefeitura para receber a gente e desde o primeiro convite sempre se faz presente”, enfatiza. “Fazendo uma associação conseguimos nos organizar melhor para que, através da Administração, eu pudesse ajudar. Da melhor forma possível a gente vai conseguir contemplar e ajudar cada vez mais para ter mais estrutura para poder ofertar estes eventos para as pessoas”, promete Zanatta.

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