Serão quase 600 mil novos casos de câncer no Brasil em 2018, segundo INCA

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e o Ministério da Saúde (MS) lançaram a publicação técnica Estimativa 2018 – Incidência de Câncer no Brasil. Nela, as instituições estimam a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer no Brasil em 2018. O estudo abrange o biênio 2018-2019 e as estimativas para o ano que vem são as mesmas de 2018. Não há possibilidade de comparação com biênios anteriores, porque a base de cálculo é constantemente aperfeiçoada. Os números exatos citam 282.450 casos em mulheres e 300.140 em homens, somando 582.590 registros novos.

O tipo de câncer mais incidente em ambos os sexos para cada ano do biênio 2018-2019 será o de pele não melanoma, um tipo de tumor menos letal, com 165.580 casos novos. Depois desse, os dez tipos de câncer mais incidentes no Brasil serão próstata (68.220 casos novos por ano), mama feminina (59.700), intestino (36.360), pulmão (31.270), estômago (21.290), colo do útero (16.370), cavidade oral (14.700), sistema nervoso central (11.320), leucemias (10.800) e esôfago (10.790).

Entre as mulheres, as maiores incidências serão de cânceres de mama (59.700), intestino (18.980), colo do útero (16.370), pulmão (12.530), glândula tireoide (8.040), estômago (7.740), corpo do útero (6.600), ovário (6.150), sistema nervoso central (5.510) e leucemias (4.860). Já para os homens, os cânceres mais incidentes serão os de próstata (68.220), pulmão (18.740), intestino (17.380), estômago (13.540), cavidade oral (11.200), esôfago (8.240), bexiga (6.690), laringe (6.390), leucemias (5.940) e sistema nervoso central (5.810).

Os resultados da publicação técnica têm como base as informações dos registros de câncer de base populacional e do sistema de informações sobre mortalidade (SIM), que são atualizados com frequência. “Conhecer o perfil do câncer nas diferentes populações favorece o delineamento das melhores estratégias para o controle da doença e o planejamento dos serviços. O resultado é uma melhor qualidade da atenção prestada à população,” conclui Marceli de Oliveira Santos, técnica da Divisão de Vigilância do INCA.

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A troca dos alimentos naturais pelos industrializados no decorrer de décadas trouxe impacto à saúde dos brasileiros. Crédito: reprodução internet

Hereditariedade, longevidade e prevenção da doença
O câncer engloba um conjunto de doenças, cada uma com características e fatores de risco próprios, mas com um denominador comum: a reprodução desordenada de células. Trata-se de uma doença multifatorial, ou seja, pode ser causada por diversos fatores. A longevidade, urbanização, globalização e exposição aos fatores de risco ambientais e ocupacionais, bem como fatores reprodutivos e hormonais e o histórico familiar estão entre as principais causas. Contudo, cerca de um terço dos casos poderia ser prevenido.

Para minimizar os riscos do surgimento daqueles tipos de câncer cujo comportamento humano é fator decisivo, a diretora-geral do INCA, Ana Cristina Pinho, cita questões básicas, como reduzir a ingestão de carnes vermelhas e elevar a de alimentos frescos, como frutas, vegetais e hortaliças, e alimentos ricos em fibras. É recomendado, ainda, evitar os alimentos processados, gordurosos, defumados e produzidos com o uso de agrotóxicos.

“Definitivamente, não fume e não se exponha à fumaça de pessoas próximas a você que fumam. Faça alguma atividade física de forma regular. Mantenha o peso corporal adequado. Proteja-se da exposição solar excessiva usando roupas, chapéu, óculos escuros e protetor solar. Minimize a ingestão de bebidas alcoólicas. Evite, sempre que possível, se expor à radiação ionizante e à poluição do ar,” completa Ana Cristina.



Mudança populacional influi nos casos

Os tipos de câncer mais incidentes no Brasil (excetuando-se pele não melanoma), próstata, mama feminina, intestino e pulmão, têm relação com as mudanças ocorridas no país, que motivaram a chamada transição epidemiológica. Em um século, o Brasil aumentou exponencialmente sua população, os brasileiros se mudaram das zonas rurais para os grandes centros urbanos, a população entrou em processo de envelhecimento e o problema da fome foi aos poucos substituído pelo da obesidade, entre outras mudanças.

O câncer no Brasil, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste e parte do Centro-Oeste, assumiu um perfil muito parecido com o dos chamados países do primeiro mundo. “Os cânceres de próstata e mama, que são os mais incidentes em homens e mulheres, estão associados à longevidade, fatores reprodutivos e hormonais, inatividade física, obesidade e uso de álcool. Há também uma minoria de casos relacionados à história de câncer na família,” aponta a médica epidemiologista Liz Almeida, chefe da Divisão de Pesquisa Populacional do INCA/MS.

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