Poluição atinge o RS e coloca a saúde em risco

Chuva de fuligem deve ocorrer em diversas cidades do Estado

O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise de qualidade do ar devido à intensa queima de biomassa em várias regiões do estado e fora dele. O boletim informativo de setembro de 2024, divulgado pela Vigilância em Saúde Ambiental e Qualidade do Ar – Vigiar (Ministério da Saúde), revela que a concentração de material particulado fino (MP 2,5) atinge níveis críticos, especialmente no dia 13 de setembro, quando mais de 43 municípios registrarão níveis de poluição classificados como “péssimos”.

Essas partículas provenientes da queima incompleta de biomassa representam sérios riscos à saúde pública, com potencial para agravar doenças respiratórias e cardiovasculares, como asma, câncer de pulmão e até levar à morte prematura. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a exposição a essas substâncias por dois dias consecutivos pode aumentar significativamente o número de hospitalizações por problemas cardiorrespiratórios.

Apesar do alívio trazido pelas frentes frias que virão, a onda de calor e o bloqueio atmosférico não vão dissipar completamente a fumaça

O levantamento aponta que a região norte do estado é a mais afetada, com concentrações superiores a 125 μg/m³, bem acima dos limites recomendados pela Resolução CONAMA nº 506/2024, que estabelece padrões nacionais de qualidade do ar. A previsão para os próximos dias indica a manutenção de níveis perigosos de poluição.

Além de afetar diretamente a saúde respiratória da população, o boletim alerta que a fumaça das queimadas pode intensificar os sintomas da síndrome gripal (SG), especialmente entre aqueles que já apresentam condições pré-existentes. Embora não tenha sido observado um aumento significativo de casos de SG fora dos vírus das infecções nas últimas semanas, as autoridades de saúde permaneceram em alerta.

Rio de Janeiro tem o maior número de queimadas desde 2017. Foto: Corpo de Bombeiros RJ

Possibilidade de chuva preta
Outro ponto preocupante é a possibilidade de chuva preta, que ocorre quando a fuligem das queimadas se mistura às gotas de chuva, resultando em precipitações carregadas de partículas escuras. Segundo o Instituto de Meteorologia Climatempo, esse fenômeno, comum em áreas afetadas por incêndios, pode ser observado nos próximos dias, principalmente no Sul e Sudeste do Brasil, onde a fumaça e as chuvas se encontram.

Segundo o meteorologista Guilherme Borges, após dias de calor e céu cinzento devido à presença de fumaça no Rio Grande do Sul, uma frente fria avança sobre o Estado nesta quinta-feira, 12, trazendo previsão de instabilidades para todo o território gaúcho, aliviando o calor e ajudando a dispersar parte da fumaça. No entanto, isso também deve auxiliar a causar a chuva preta. Outra frente fria volta a passar pelo Estado no sábado, 14. De acordo com a Climatempo, a chuva de fuligem já foi registrada na terça-feira, 10, em Bagé e deve ocorrer em grande parte do Estado nos próximos dias.

Céu escuro foi predominante em Montenegro durante toda a quarta-feira

Fumaça retorna após frente fria
Apesar do alívio trazido pelas frentes frias, a onda de calor e o bloqueio atmosférico não vão dissipar completamente a fumaça. O sistema que deu origem à onda de calor permanece ativo no centro-norte do Brasil, e, após o deslocamento da frente fria para o Atlântico, a massa de ar quente volta a se espalhar pelo sul do país. Assim, as temperaturas devem subir novamente no fim de semana. A fumaça também deve retornar ao céu gaúcho. A previsão é de que as queimadas continuem nas regiões Norte e Centro-oeste, onde não há chuva significativa, por isso o retorno da fumaça.
Confira os boletins diários da Fepam sobre a qualidade do ar: https://ww3.fepam.rs.gov.br/qualidade/boletim_qualidade_ar.asp

Recomendações para a população
Monitoramento: acompanhe as interferências e a qualidade do ar.
Hidratação: aumente a ingestão de água para manter as vias respiratórias úmidas.
Redução da exposição: evite atividades ao ar livre em horários de alta poluição e mantenha portas e janelas fechadas.
Uso de máscaras: máscaras de tipo cirúrgico, panos, lenços ou bandanas podem reduzir a exposição a partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas à fonte de emissão (focos de queimadas). Máscaras respiratórias como N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas para toda a população.
Atividades físicas: evite exercícios físicos em períodos de alta concentração de substâncias poluentes.
Grupos vulneráveis: crianças, idosos e gestantes devem estar atentos a sintomas respiratórios e procurar atendimento médico se necessário.
Chuva preta: a chuva preta é resultado da interação do material particulado, proveniente da fumaça presente no ambiente, com o vapor de água da atmosfera, que altera as propriedades das nuvens. Esse fenômeno gera a precipitação de chuva com coloração escura, que pode apresentar contaminantes nocivos à saúde humana, tornando-a imprópria para consumo humano.

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