Piolhos: previna a infestação

Intensa coceira no couro cabeludo, principalmente atrás da cabeça, e pequenos pontos esbranquiçados grudados aos fios de cabelo podem ser sinais de piolhos. Estes são insetos ápteros (sem asas) que se alimentam de sangue humano, mordendo o couro cabeludo com duas pinças. Em seguida, sugam o sangue com um órgão que se parece com uma tromba, causando muita coceira. Beatriz Regina Garcia, chefe do Serviço de Vigilância em Saúde de Montenegro, explica que o piolho pica o couro cabeludo até quatro vezes ao dia. O animal se reproduz rapidamente causando infestação, que pode ser chamada de pediculose. Além de na cabeça, pode ser encontrado no corpo e região pubiana. Um piolho sobrevive fora da cabeça e sem alimento por cerca de seis a 24 horas, com uma média de 12 a 15 horas.

O piolho adulto tem cerca de 2 a 3 mm, seis patas e sua cor varia de marrom a branco-acinzentado. A fêmea vive de três a quatro semanas e, quando adulta, coloca até 10 ovos por dia. Ou seja, em um mês, cada uma pode dar origem a 300 piolhos, então, é necessário controlar a infestação o quanto antes e garantir que, tanto piolhos adultos quanto lêndeas, sejam retiradas. Os ovos se fixam na raiz dos cabelos por meio de uma substância parecida com uma cola, produzida pelo próprio piolho. Os ovos viáveis se camuflam no cabelo da pessoa infectada; o invólucro dos ovos vazios, as lêndeas, são mais visíveis porque são brancas. Muitos chamam de lêndeas tanto os ovos viáveis quanto os invólucros dos ovos vazios.

Existem tipos de piolhos e os mais comuns são o do couro cabeludo, corpo e os pubianos. O primeiro citado deposita seus ovos (lêndeas), podendo botar de cinco a dez ovos por dia. Em um período de sete a nove dias os ovos se tornam maduros para começarem a sugar sangue. O piolho de corpo é chamado de muquirana e vive em roupas, lençóis e edredons. Já os piolhos pubianos são conhecidos como caranguejos ou piolhos chatos e são comuns na pele e pelos da região pubiana. Os principais sintomas são coceiras intensas, cócegas e sensação de movimento no couro cabeludo; lesões e crostas na nuca e parte de trás das orelhas; presença de ovos de piolhos nos fios de cabelo (podem ser confundidos com caspa) e pequenas saliências vermelhas no couro cabeludo, pescoço e ombros.

Beatriz Regina Garcia, chefe do Serviço de Vigilância em Saúde de Montenegro. Foto: arquivo pessoal

Beatriz destaca que as causas são diversas. Uma delas é o contato com o inseto ou com seus ovos. O contato com uma pessoa que tenha piolho também é uma das causas comuns, principalmente entre crianças e pessoas que convivem no mesmo local, compartilhando objetos de uso pessoal. Ter armazenado roupas ou itens pessoais infestados por piolhos como travesseiros, cobertores, pentes e brinquedos de pelúcia também são ações potenciais para contrair o piolho. De mesmo modo, ao compartilhar itens como roupas, fones de ouvido, enfeite para cabelo e toalhas, por exemplo, você já corre o risco caso a pessoa dona do objeto tenha piolhos. Ter relações sexuais com pessoas que tenham piolho também pode vir a fazer com que você contraia, caso elas tenham piolho na região pubiana.

As epidemias de piolho geralmente ocorrem em ambientes escolares através do contato social, que facilita a transmissão principalmente em meses de altas temperaturas ou maior umidade. “Quanto maior a temperatura mais acelerado é o desenvolvimento do piolho dentro dos ovos. A fêmea produz em média 150a 300 ovos ao longo da vida”, afirma Beatriz. Ela ainda pontua que o piolho pode se manifestar entre homens e mulheres independente de seus níveis socioeconômicos, mas é mais comum entre crianças, em especial meninas com cabelos com maior volume e comprimento, em idades de 3 a 12 anos de idade. Pessoas com imunossupressor e idosos também são mais suscetíveis.

Tratamento exige paciência e disciplina

Eliminar piolhos e lêndeas exige paciência e disciplina. O tratamento convencional é feito à base de inseticidas piretroides de uso local como a permetrina. Depois da aplicação, o medicamento deve permanecer na cabeça protegida por uma touca durante 10 a 15 minutos. Evite usar sacos plásticos para tampar a cabeça, principalmente em crianças pequenas, pois podem sufocar. Após esse tempo com a touca, é indispensável o uso de pente fino, pois os medicamentos não eliminam as lêndeas. Utilize no banho, para aproveitar e deixar que a água do chuveiro leve-os embora.

Foto: istock

Após algumas horas, passe novamente o pente fino para eliminar piolhos e lêndeas que possam ter restado. Os medicamentos atuais normalmente precisam de somente uma aplicação, mas sete dias depois deve-se verificar se há sinais de infestação. Caso encontre, se faz uma segunda aplicação. Se sete dias depois ainda houver sinais, é indicado procurar um médico. Leia atentamente a bula e siga o esquema de aplicação e a dosagem (geralmente de acordo com o peso da criança), pois falhas no tratamento são a maior causa de reinfestação.

Lembre-se que o tratamento deve ser estendido para toda a família e/ou parceiros, mesmo que estejam assintomáticos. É importante que, nas escolas, sem exceção, os alunos que estiveram em contato com a criança afetada sejam tratados concomitantemente. Já existem também medicamentos por via oral contra a pediculose. Depois do tratamento, continue examinando a cabeça das crianças por duas ou três semanas para se certificar que a infestação foi de fato controlada. É importante apontar que o corte dos cabelos não é necessário.

Evite a transmissão
•Avise que tem piolho para as pessoas com quem tem contato;
•Examine o couro cabeludo das crianças e dos adultos ao perceber que elas estão coçando a cabeça com maior frequência;
•Evite, quando possível, contato físico e compartilhamento de roupas, roupas de cama e acessórios;
•Higienize escovas e pentes em um recipiente com água quente e vinagre deixando de molho por uma hora;
•Aspire pisos, tapetes e travesseiros, e ao final descarte o saco de aspirador de pó;
•Lave a roupa de cama e toalhas com água quente;
•Meninas devem manter o cabelo preso quando possível.

Vinagre ajuda contra piolho?
Segundo a chefe do Serviço de Vigilância em Saúde, Beatriz, o vinagre de maçã pode ser utilizado no combate aos piolhos. “Isso porque é recomendado que não se esprema os piolhos que são retirados do cabelo, pois isso pode fazer com que os ovos que estão dentro deles, se espalhem e causem nova infestação”, destaca. Vale lembrar que seu benefício não é o mesmo do medicamento, que é mais eficaz para matar o parasita. O vinagre pode ser útil para desgrudar as lêndeas do cabelo e facilitar sua remoção com o pente fino. Ou seja, a solução pode ser usada como complemento, para retirar piolhos e lêndeas que restaram após a aplicação do medicamento. Utilize uma medida de vinagre para uma medida de água.

Piolho tem a ver com falta de higiene?
O piolho não está associado à baixa renda ou falta de higiene. Pelo contrário, piolho gosta de cabelo limpo. Por isso, quem lava o cabelo diariamente, também pode ter piolho.

Piolho transmite doenças?

Não, mas a ferida que se forma a partir da coceira pode ser uma porta para infecções, principalmente bacterianas.]

Cabelos com química são mais protegidos de piolhos?

Não, o risco é o mesmo. Tingir os cabelos (assim como fazer chapinha ou usar secador muito quente) enquanto a infestação já está instalada pode matar piolhos, mas não tem efeito sobre as lêndeas.

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