O ano de 2017 ficará marcado na história de Montenegro por uma ocorrência raríssima. Em especial para a ginecologista e obstetra Alessandra Pölking. Duas gestações de trigêmeos foram atendidas por ela. O detalhe é que não se tem conhecimento de nenhuma outra gestação tripla já ter ocorrido anteriormente. As duas ocorrências são ainda mais raras porque tratam-se de gestações naturais, nenhuma das mães fez tratamento para engravidar.
“Eu nunca tinha atendido e nem tive conhecimento de colegas que atenderam gestantes de trigêmeos. E agora, coincidentemente, ocorrem duas, ambas naturais, e ocasionalmente eu atendo a ambas”, comenta a médica com quase 20 anos de profissão. É um atendimento que traz à médica muita alegria e, também, responsabilidades, afinal, uma gestação tripla sempre tem certo grau de risco.
Porém, tudo indica que em breve Montenegro ganhará mais três moradores muito saudáveis. O trio – Helena, Manuela e João Pedro – está ótimo. Os papais, Priscila Pereira, de 32 anos, e João Renato Silva de Borba, de 30 anos, já estão com tudo pronto. O susto passou, mas ansiedade ainda os acompanha de perto. Eles cogitavam ter um bebê no futuro, não tomavam muitos cuidados para prevenir uma gravidez, mas, também não planejam. E então veio a surpresa. No primeiro ultrassom, realizado com cinco semanas, apareceram dois bebês. Mas como estava muito no começo foi necessário refazer o exame duas semanas depois para confirmar. “Quando é muito inicial a gestação pode ocorrer que depois se perceba que um dos fetos que estava ali não se desenvolveu. Por isso a confirmação”, explica Alessandra.
Veio o novo exame, então com sete semanas, e apareceram três bebês. “Foi um choque. Eu pensava em ter um bebê, um dia, talvez. De repente viriam três”, conta Priscila. O casal está junto há sete anos. Ela é analista de custo, ele caminhoneiro. Com a ajuda das reservas financeiras criadas ao longo dos anos eles ajustaram a casa e trocaram de carro para receber os novos integrantes da família. “A gente não se preparou para ter um, quanto mais para três. Mas depois do susto, nos organizamos e fomos comprando as coisas. A família ajudou muito”, conta João, que relata terem ganho muitas roupinhas e, principalmente, fraldas. O avô materno era gêmeo, o que, talvez, indique uma tendência genética na família.
A gestação só completa os nove meses em janeiro. Porém, como em toda gravidez múltipla, é provável que o parto seja antes. Priscila completa nesse domingo, 3, a 32º semana de gravidez. “Ela está super bem. Nós iremos até o máximo possível, mas é muito difícil que chegue nas 37 semanas. Passando da 34º já é lucro”, comenta Alessandra, explicando que isso é natural, afinal, falta espaço para os bebês se desenvolverem no ventre materno.
Por enquanto, nem sinal de parto, que será por cesariana – mais seguro para mãe e bebês – ainda sem data definida. Os bebês estão crescendo igualmente, o que é um bom indicativo. Estão com 36 centímetros e pesam mais de 1kg cada. É nessa fase que eles ganharão mais peso. Eles crescem em bolsas e placentas diferentes, fato que torna a gestação mais segura. O hospital da Unimed Vale do Caí já está preparado para receber mais esse trio. Além da obstetra e da equipe de enfermagem, três pediatras estarão presentes e a UTI neonatal preparada. É provável que eles fiquem algum tempo internados, mesmo que apenas para ganhar peso. Isso não ocorre apenas se eles nascerem com mais de dois quilos.
“O parto é um momento indescritível e emocionante. Mas também um momento de medo. Por isso todos os cuidados. No caso de três bebês a preocupação é maior. O útero está sobrecarregado. A mãe terá uma perda de sangue maior, o pós-parto pode ser mais difícil com ela sentindo mais cansaço. Mas ela é jovem e saudável. Exige atenção, mas tudo se encaminha bem”, relata a médica que terá, pela segunda vez, a sensação de trazer três vidas ao mundo de uma vez só.
A casa e os corações estão prontos para receber os trigêmeos
Helena, Manuela e João Pedro virão ao mundo sendo os primeiros netos das duas famílias. E já atraem muitos mimos. As avós – Rejane Terezinha da Silva Pereira, materna; e Sandra Regina Gomes da Silva, paterna – estão participando de cada momento da espera e ajudando muito. O casal sabe que a vida mudará bastante. A começar por João Renato que já cogita alterar a rotina de trabalho. “Como vou viajar pra longe?”, comenta. Já Priscila, que se afastou do trabalho desde a 17º de gestação, planeja retornar logo após a licença. “Não quero parar. Sei que vai ser difícil ter de ver creche e tudo o mais. Mas acho importante manter a vida profissional também”, revela ela.
O quarto não tem nem rosa nem azul, exibindo cores neutras e suaves. Cada berço é adornado por uma plaquinha com o nome do futuro ocupante e, sobre cada pequeno colchão, por enquanto, descansa um polvo feito em crochê.
Priscila e João sabem que será um Natal movimentado e cheio de bênçãos. “Sei que mudou tudo nas nossas vidas. Agora a prioridade são eles. Mas eu penso que eles devem ter vindo pra nós por um propósito. Por que vem três bebês pra mim, sem eu ter feito nenhum tratamento? Eles vieram na hora certa pra nós”, conclui a ansiosa mãe.
Laura, Júlia e Sofia estão com oito meses
Lembra da Laura, Júlia e Sofia? O Ibiá Saúde acompanhou a espera da Rita de Cássia Aires e do André Roberto Aires, casal morador da localidade de Vendinha, na divisa de Montenegro e Triunfo, pais das trigêmeas. As meninas nasceram no dia 24 de março e já estão com oito meses.
Elas nasceram bem e ficaram algum tempo na UTI Neonatal do Hospital da Unimed Vale do Caí apenas para ganhar peso. Sofia foi a primeira a vir ao mundo, pesando 1,525kg e medindo 41 centímetros. Dois minutos depois chegou Laura, com 1,855kg e 42,5 centímetros. Júlia nasceu dois minutos depois que a irmã pesando 1,925kg e medindo 42 centímetros.
O caso surpreendeu a todos, já que Rita e André, de 34 e 41 anos à época, já pais de uma filha de oito anos, não fizeram nenhum tratamento de fertilidade. Tudo correu muito bem e as meninas esbanjam fofura e saúde.