Nova enchente adia volta para casa em Montenegro

PERDA: SENTIMENTO COMUM entre os cidadãos

“Minha casa é aquela ali, onde está o carro na frente”, indica seu Carlos Alberto Andrade Barros, 66 anos, em um ponto da rua Antônio Lisboa onde a água ainda não havia chegado, na tarde dessa segunda-feira, dia 13. Em apenas uma semana, ele, assim como muitos em Montenegro, testemunhou a enchente invadir sua residência mais uma vez. “Perdi 90% de tudo que tinha”, relata.

Na companhia de Hélio Cousseau, 60 anos, morador da rua La Salle, seu Carlos compartilha o sentimento das perdas materiais e a gratidão por ter familiares que o acolheram nesse momento de dificuldade. “Moro aqui há nove anos, os moradores antigos dizem que isso nunca tinha acontecido. Pensávamos que não veríamos mais enchentes, mas olha aí”, comenta.

Conforme dados coletados no sistema de monitoramento do SGB/CPRM, das seis maiores cheias da história de Montenegro, quatro ocorreram nos últimos 12 meses. Até então, as catástrofes dos meses de julho e novembro de 2023 eram as mais comentadas entre a população local. No entanto, neste mês de maio, nem deu tempo de as famílias atingidas pelos alagamentos retornarem para seus lares e uma nova enchente se instalou, e o que é pior, com grande proporção.

Família do Passo do Manduca enfrenta mais uma grande enchente
Em dezembro de 2023 a reportagem do Ibiá esteve na casa de Melisa Lerner e Paulo Henrique Sá, no Passo do Manduca, vizinhos do Rio Caí. Na ocasião, o casal relatou a experiência vivida com a enchente de novembro daquele ano e falou sobre os planos e expectativas para 2024. Infelizmente, agora, os projetos da família, novamente, foram levados pelas turvas águas do manancial, que também causaram danos ao trailer, carro e móveis dos empreendedores.

O pouco de pertences que restou está guardado nos quartos, no andar superior do imóvel. Para estar em segurança, a família precisou se separar. “Estamos todos abalados. Minha filha está na casa da minha sogra, no interior, eu estou com meu filho pequeno na Cidade, e meu marido passa o dia lá em casa cuidando o nível do Rio”, conta Melisa. Paulo Henrique conta com apoio de um vizinho que o leva de barco até sua casa e o traz de volta ao Centro de Montenegro.

Nas demais enchentes, o carro e o trailer, usado como ferramentas de trabalho pela família, eram deixados estacionados em frente à Escola da Brigada Militar, mas desta vez não houve tempo para retirar do pátio de casa. “A água tapou o carro e o trailer ficou pela metade. Perdemos todas as mercadorias que estavam dentro”, acrescenta Melisa sobre a atual situação.

Em dezembro do ano passado, ainda com os móveis erguidos sobre paletes, e diante das previsões de um Verão com reflexos do El Niño, o casal refletia sobre possíveis novas inundações. “É desesperador,” disse Melisa, mencionando a incerteza e a tensão de morar em zona de enchente. “Ainda não conversei com meu marido, mas não vale a pena continuar investindo lá. Já perdemos muita coisa. Acho que não vamos continuar morando lá”, conclui Melisa ao viver mais um desastre natural.

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