Montenegro tem 1.044 pessoas na fila das cirurgias eletivas

Segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde de Montenegro, atualmente, a fila de espera por cirurgias eletivas – aquelas necessárias para tratamento médico, mas sem características de urgência ou emergência – soma 1.044 pessoas nas especialidades de dermatologia, gastroenterologia, ginecologia, neurocirurgia, neuropediatria, oftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia, pneumologia, traumatologia, urologia e oncologia. A maior espera é por uma cirurgia ortopédica, cuja fila acumula 750 pacientes e tem dois anos de espera para realização do procedimento.

Ana Maria Rodrigues, secretária de saúde de Montenegro
Crédito: arquivo Ibiá

Chefe da pasta de Saúde no município, Ana Maria Rodrigues explica que as agendamentos de cirurgias são determinados pelos hospitais referência da especialidade, podendo haver redução ou aumento do tempo de espera conforme as datas são disponibilizadas. Para Montenegro, as referências são Porto Alegre, via sistema de regulamentação estadual; São Leopoldo, Canoas e o Hospital Montenegro, cada serviço com referência pactuada pela Comissão Intergestores Bipartite (Cib/RS) e Secretaria Estadual de Saúde (Ses-RS).

“Algumas referências, como oncologia e traumato/ortopedia estão ainda bem restritivas e com muita dificuldade para encaminharmos os pacientes”, diz Ana Maria, destacando, porém, que tratativas com a Ses-RS, 1ª Coordenadoria Regional de Saúde, secretários municipais, Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-RS) e os gestores e prestadores, principalmente de Canoas, têm agilizado os encaminhamentos.

Para as questões da oncologia, cuja referência hoje para Montenegro é o Hospital Centenário, em São Leopoldo, haverá uma reunião na Ses/RS no próximo dia 14. “Esta especialidade nos preocupa. Enquanto gestores municipais, estamos exigindo uma pronta atenção ou a troca de prestador nesta especialidade, pois os pacientes estão com muita demora para chegar ao serviço junto àquele prestador”, destaca Ana Maria Rodrigues.

As áreas de oftalmologia, pneumologia e urologia também possuem demandas grandes. Porém, a secretária acredita que, daqui para a frente, haverá um fluxo mais efetivo e contínuo, “pois os pacientes precisam ter acesso ao seu tratamento de forma integral.” Ela reconhece que essa espera sofrida, e por vezes muito longa, impacta no sistema de saúde. “O que se percebe junto à nossa Emergência do Hospital Montenegro é a chegada do paciente muito adoecido, pois a demora na entrada do serviço de referência para continuidade do seu tratamento após a atenção básica tem sido longa, o que agrava o quadro de saúde dos pacientes”, enfatiza a gestora, que garante a contínua provocação frente às autoridades estaduais para que o fluxo de cirurgias seja mais ágil.

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Dados nacionais são referentes a 16 estados e a 10 capitais, representando metade de todo o volume de cirurgias realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2016. foto: banco de imagens

No RS, mais de 39 mil pessoas esperam por uma cirurgia
Um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) reuniu dados da espera por cirurgias eletivas – via Lei de Acesso à Informação – repassados por secretarias de Saúde de 16 estados e 10 capitais brasileiras, onde, respectivamente, constam pedidos de 801 mil e 103 mil procedimentos cirúrgicos. A soma desses dados é de 904 mil procedimentos aguardando para serem realizados. Cirurgias de catarata, hérnia, vesícula e varizes estão entre as mais demandadas pela população que depende da rede pública.

Em sua manifestação oficial, o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) citou que o levantamento mostra uma realidade que, independente dos argumentos utilizados para explicar, tem sua base na demanda infinita que ultrapassa os recursos disponíveis. “Pela primeira vez, o Conselho Federal de Medicina se aproxima do tamanho real da fila por cirurgias no SUS. Ainda que parciais, os números impressionam, já que os estados que prestaram informações representam metade de todo o volume de cirurgias efetivamente realizadas na rede pública em 2016”, explica Vital. Só no ano passado, 1.652.260 cirurgias eletivas foram realizadas no SUS.

Como nem todos os estados e capitais repassaram os dados, esses números não estão completos. Dos estados que informaram sua fila de espera, o Rio Grande do Sul ocupa a indesejada 4ª posição, tendo 39.158 pessoas aguardando, algumas desde 2009. O procedimento mais demandado é a cirurgia de catarata, com 5.119 pessoas aguardando.

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde, em conjunto com o Ministério da Saúde, informou que está promovendo, até o final deste mês, um mutirão em que serão realizadas aproximadamente 15 mil cirurgias, com prioridade para especialidades com maior demanda, oftalmologia e traumatologia, por exemplo. Para realizar a iniciativa, o Ministério da Saúde repassou R$ 13,6 milhões ao Estado. Esse mutirão deve resolver grande parte da demanda. No próximo ano, a intenção é promovê-lo novamente.

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