A dona de casa Nora Nei Soares Soneborn, 58, credita a cura do câncer a Deus e à agilidade da equipe médica. Ela, que é bastante religiosa, não costumava fazer o autoexame das mamas e conta que resolveu se tocar após uma campanha do Outubro Rosa. “Eu via as mulheres com camisetas cor de rosa e tudo, onde a gente ia, com decoração em rosa e então me atentei pra isso. Achei que era um bom momento para fazer o exame”.
Ela viu que tinha algo diferente, além do incômodo sentido com o sutiã. “Eu olhei no espelho e vi que o bico do seio estava diferente”. A filha, Viviane, insistiu para que ela fosse ao médico. O autoexame e depois, a mamografia acusaram o nódulo que, pouco tempo depois, foi confirmado como um tumor no seio direito. “Quando eu fui pegar o resultado da biópsia, eu já tinha certeza que tinha alguma coisa”.
Ela afirma que o momento em que recebeu a notícia, em outubro de 2015, seu mundo desabou. “Foi o pior momento da minha vida”, define. Apesar de religiosa, ela diz que chegou a questionar Deus, mas não desistiu do tratamento. “Depois eu perdi perdão pra Deus e falei que eu ia fazer tudo o que o médico mandasse. Eu vou fazer a minha parte e Deus faz a dele”, conta. Apesar do susto, o nódulo tinha dois centímetros e era grau 1, em que as células estão crescendo mais lentamente.
Antes da cirurgia, ela precisou tomar um medicamento porque o nódulo era retroativo. A indicação médica era para que o remédio fosse tomado por três meses, mas, graças à reação do seu organismo, apenas um mês após iniciar a medicação, ela pôde realizar a operação para a retirada do nódulo. “Então eu comecei a fazer as radioterapias. Fiz 30 sessões e, depois, iniciaria as químios”, recorda.
Sua surpresa, após ter sido preparada para as reações que a quimioterapia traria, foi saber que não seria necessário realizar essa parte do tratamento. “Quando eu cheguei lá, não tinha saído ainda o resultado do exame que fazemos para saber qual a droga que é preciso para a quimioterapia. Fui no laboratório buscar e, quando cheguei o médico disse que tinha uma ótima notícia. Não precisaria realizar a químio”, recorda, sempre agradecendo à Deus.
Apesar de sempre destacar sua religiosidade, Nora frisa o apoio do marido Ênio e do filho Anael, que várias vezes a levaram até o hospital para realizar o tratamento e, sobretudo a atenção recebida das equipes de saúde. “Na bíblia mesmo diz que Deus deu sabedoria para os médicos para eles fazer a parte deles. O que está na ciência, eles vão fazer. Se eu não fizer a minha parte também, e me esforçar no tratamento, Deus não vai fazer a parte dele”, evidencia.
Prevenção ainda é o melhor caminho
Se antes não era costumeiro de Nora fazer o autoexame, hoje ela indica a todas as mulheres que conheçam seu corpo. “A gente pensa que isso nunca vai acontecer conosco. Mas acontece”. A mamografia também é fundamental no processo. Ela é indicada para mulheres acima de 40 anos, anualmente.
Segundo o ginecologista, obstetra e mastologista Túlio Farret, o autoexame não é mais indicado da forma como era antes, com uma técnica específica, em determinado período do ciclo menstrual. “Mas ele tem relevância devido a importância da mulher conhecer o próprio corpo, e ter a capacidade de perceber quando há alguma alteração de seu estado normal”, explica o médico.
A mamografia anual não é exatamente uma forma de prevenção, mas sim, uma maneira de diagnosticar o câncer ainda em seu estado inicial, quando há mais chances de tratamento e cura. “A mamografia ainda é o único exame capaz de reduzir a mortalidade das mulheres em relação ao câncer de mama, quando realizado como forma de rastreamento da doença, ou seja, em mulheres que não apresentam nenhum sinal ou sintoma”, afirma Farret. A prevenção ao câncer ocorre com práticas simples do dia a dia, como uma alimentação saudável e prática de exercício físico regularmente.