Final de ano nem sempre são flores, ou melhor, festas. Enquanto boa parte da população espera ansiosa pela chegada das datas comemorativas como Natal e Réveillon, a maioria das pessoas não se dão conta da mudança súbita no ritmo do dia a dia.
Filas intermináveis, trânsito congestionado, acúmulo de atividades, lista de presentes do Amigo Secreto para comprar, entre tantas outras tarefas que se multiplicam tornando esse período uma bomba-relógio. A sobrecarga é ainda maior para as mulheres, que além dessas obrigações, precisam ter jogo de cintura para lidar com as várias jornadas de trabalho, como ser mãe com as crianças de férias.
Esse ritmo acelerado de final de ano pode ter consequências graves. Para uma sociedade que cotidianamente já é agitada, essa movimentação incomum pode transformar esse momento que é para ser agradável, em um verdadeiro pesadelo.
A estudante de Artes Visuais Fernanda Hilgert, 30, sabe bem o peso da correria. Além de estudar, ela concilia o tempo com o trabalho e agora terá que se esforçar mais para entregar as atividades da faculdade em dia. “Eu sinto que para a mulher, esse período sempre é mais complicado. Infelizmente ainda vivemos uma cultura em que determinadas tarefas são delegadas somente a nós, sobrecarregando a rotina“, acrescenta Fernanda.
A psicóloga Bárbara Jordana Rohr, atribui boa parte do estresse de final de ano à idealização da sociedade de consumo, que não vê outra forma de prazer, senão pelo poder de compra. O grande perigo nessa lógica é que, segundo Rohr, essa satisfação é momentânea e uma forma de mascarar as verdadeiras necessidades das pessoas. Nesse sentido, problemas vão surgindo e o olhar para si se torna cada vez mais distante.
Tanto o Natal quanto o Ano Novo, são datas que em sua essência têm por objetivo de propagar a troca de afeto, possibilitando um olhar mais humano para si e para o próximo, ao contrário da lógica mercantil que predomina nessa época. “A sociedade não questiona mais sobre o ritmo acelerado em que vivemos e quando isso acontece, passamos a viver no automático e naturalizamos os fatos, como o de não ter tempo para sentir as próprias emoções,” alerta a psicóloga.
Outro ponto importante, são as metas exageradas feitas no início de cada ano, em que não é levado em consideração o bom senso. Com isso, quando chega nesse período a frustração predomina para a maior parte das pessoas por não ter conseguido responder as expectativas.
Por mais difícil que pareça, é possível manter um equilíbrio durante os últimos dias do ano, como compreender que imprevistos acontecem e saber lidar com eles é o primeiro passo. Depois, é importante dar prioridade às coisas que realmente importam e saber dizer não, sem cobranças excessivas. Em alguns casos, como o de Fernanda, entrar em contato com a natureza e ficar na companhia de amigos, podem ser uma agradável saída para fugir do estresse e aproveitar mais o final de ano.