Obras na instituição serão custeadas com ajuda da comunidade e empresas
A comunidade da Vendinha está mobilizada para que a Escola Estadual Adão Martini, que hoje oferece Ensino Fundamental, também tenha turmas do Ensino Médio. A diretora da instituição, Anne Priscila Nunes Maciel, destaca que as obras de adequações da estrutura da escola serão bancadas com a ajuda da comunidade e de empresas da região. “Uma das exigências é que a escola tenha uma quadra coberta. A gente também vai ter que construir um laboratório de ciências, biblioteca e laboratório de informática”, aponta.
Na última semana, a diretora, o líder comunitário Robson da Silva e o vice-prefeito Cristiano Braatz participaram de uma audiência com a secretária Estadual de Educação, Raquel Teixeira, para tratar sobre o projeto. Anne afirma que o retorno do Estado foi positivo. “Se a gente conseguir a parceria com as empresas, eles se comprometeram de nos apoiar no que precisar, que seria a questão de disponibilização de professores”, pontua a diretora.
A ideia é realizar as adequações na escola no próximo ano para que, a partir de 2024, a instituição possa estar apta a receber a primeira turma de Ensino Médio. Com isso, passariam a ser atendidos também os alunos que concluem o Ensino Fundamental na EMEF Etelvino de Araújo Cruz, da Rua Nova, e da EEEF José Garibaldi, de Porto Garibaldi. A média de formandos no 9º ano das três instituições juntas é de cerca de 50 alunos por ano. “Também estamos trabalhando para oferecer o Curso Técnico Agrícola, que certamente vai receber alunos de outras localidades”, pontua Anne.
A diretora conta que a demanda da comunidade já é antiga, mas sempre esbarrou na falta de recursos para a realização das obras. “Agora, cada um vai ajudar um pouco para que saia do papel tudo o que precisa ser reformado e colocado dentro das normas”, afirma. Neste ano, a escola conseguiu, com a ajuda da comunidade, construir uma nova sala de aula com capacidade para mais de 40 alunos, já com estrutura para construir um segundo piso, além da ampliação de outra. “Em 2023 vamos construir mais uma sala e também iniciar a construção do segundo piso”, destaca Anne.
Evasão escolar é alta em comunidades da região
Atualmente, os alunos que moram nas comunidades de Vendinha, Rua Nova, Bom Jardim do Caí e Porto Garibaldi têm que se deslocar até escolas da área urbana de Montenegro para ter acesso ao Ensino Médio. Mesmo com o Município oferecendo gratuidade na passagem, muitos acabam desistindo de estudar após a conclusão do Fundamental. “O problema é sair da casa deles para pegar o ônibus, porque muitos alunos moram no interior. Então eles não têm como ir até a parada, que fica na BR-386, e acabam optando por parar de estudar”, diz a diretora.
Um estudo feito pela escola Adão Martini para embasar o projeto de ensino médio revelou altos números de evasão escolar. Na instituição, uma média de 25% dos alunos deixam de estudar a partir do 9º ano. Já na EEEF José Garibaldi, de Porto Garibaldi, a taxa é de cerca de 40% dos estudantes.
Sandra Marliza Botesini, moradora da Vendinha, é mãe de Sofia Botesini, 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio na EET São João Batista. Ela conta que o deslocamento da filha até a escola é bastante complicado em razão de não haver muitas opções de transporte. “Tem um único ônibus, que passa por volta das 6h20 da manhã. Os alunos têm que atravessar a BR-386 com muito fluxo de carro e perigo constante. No inverno, é completamente escuro e perigoso pela falta de visão. Nós, pais, ficamos com o coração na mão”, diz Sandra.
Com o Ensino Médio sendo oferecido na escola Adão Martini, Sandra avalia que proporcionaria uma maior facilidade para acessar a educação, evitando que muitos adolescentes abandonassem a escola por falta de opções de transporte. “É tudo o que comunidade da Vendinha necessita, porque é um local de fácil acesso e que já que existe o transporte escolar”, conclui.