25 de novembro é o Dia Nacional do Doador de Sangue, data criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no ano de 2004. Com a campanha “Somos todos do mesmo sangue”, hemocentros de todo o país se unem durante a última semana do mês, com o objetivo de homenagear este dia tão importante. A data tem como intuito agradecer aos doadores de sangue pela atitude, além de sensibilizar a população, voltando o olhar para a importância deste gesto de amor e empatia.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), o mês de novembro foi escolhido por preceder um período de estoques baixos de sangue, por ser próximo das férias, datas comemorativas de fim de ano e até mesmo o carnaval. Por isso, é um ótimo momento para lembrar a sociedade que este ato solidário pode ser regular, salvando ainda mais vidas. Quanto ao prazo, homens podem doar de dois em dois meses, sendo no máximo quatro vezes ao ano e mulheres de três em três meses, sendo no máximo três doações anuais.
Atualmente, conforme o MS, são coletadas no Brasil, cerca de 3,6 milhões de bolsas por ano, o que corresponde ao índice de 1,8% da população doando sangue. Embora o percentual esteja dentro dos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Ministério trabalha para aumentar este índice. De acordo com o Hemocentro do Estado do Rio Grande do Sul (Hemorgs), só em junho de 2022 o número de doações atingiu a meta da Secretaria da Saúde, de 1.600 doações por mês. Foram 1.769. Desde então, os números vêm caindo mensalmente. Em outubro, apenas 1.183 pessoas doaram sangue no Estado, levando o Hemocentro a reforçar o apelo pela solidariedade da população.
Dário Eduardo de Lima Brum, coordenador médico do serviço de hemoterapia da Santa Casa de Porto Alegre, acrescenta que o incentivo da doação regular de sangue visa a manutenção dos estoques dos diversos componentes sanguíneos, além de orientar os candidatos sobre dúvidas que ainda dificultam a doação de sangue. A grande importância da doação é o fato de que o sangue não tem substituto sintético, portanto, a única forma de obtê-lo é a partir da doação consciente da população que tem condições de fazê-la.
O profissional ainda lembra que a doação deve ser um ato altruísta, onde o único interesse do candidato a doação seja o ato de ajudar aquele que necessita da transfusão de algum hemocomponente. “A falta de doação de sangue pode acarretar o impedimento do tratamento de diversos pacientes em que a transfusão se torna indispensável para que ele seja implantado, assim como para aqueles em que não transfundir pode comprometer sua vida”, enfatiza Dário.
Mais um ponto positivo: a doação é rápida! Todo o processo dura menos de uma hora. Primeiro, ocorre a recepção e cadastro com dados pessoais e gerais. Lembre-se de levar documento oficial com foto (RG, carteira de motorista, carteira de trabalho ou passaporte). O próximo passo é a triagem clínica, uma entrevista que avalia as condições de saúde da pessoa que vai doar e os riscos para a pessoa que vai receber. Nesta etapa, são feitas perguntas a respeito do estado de saúde do candidato a doação de sangue. A triagem é utilizada porque existem questões que podem ser identificadas na entrevista clínica e não podem ser detectadas por testes laboratoriais. Em seguida já acontece a coleta de sangue, que dura em torno de 15 minutos. Ela é feita com material esterilizado, descartável e não apresenta nenhum risco para a pessoa que está doando.
“Um ato rápido que salva vidas”
A brochiense Ana Carolina Werich, de 21 anos, é uma das pessoas que, com muita consciência, realizará um ato de amor e empatia. Ela aproveitou que a prefeitura de Brochier está organizando para amanhã, 26, a ida de uma van até o Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, para voluntários que queiram doar sangue, para realizar sua primeira doação.
Ana explica que o desejo da doação partiu totalmente dela mesma. “Minha motivação é ajudar as pessoas necessitadas e salvar vidas. Além disso, penso que talvez no futuro eu ou alguém próximo irá precisar e, sem dúvidas, ficaria grata com essa ajuda”, destaca. Ela relembra que não conhece ninguém que precise da doação e que está seguindo a vontade de ajudar quem quer que seja. “Farei isso para salvar vidas. Acho importante a doação de sangue, pois faz com que procedimentos cirúrgicos e demais demandas fluam salvando a vida de alguém”, conclui.
Rosana Musskopf Pilger, 36, natural de Maratá, mas moradora de Brochier é mais uma das pessoas que aproveitou a oportunidade da Prefeitura para realizar sua contribuição. Ela conta que já doou sangue duas vezes, sempre motivada a ajudar o próximo. “Sei que por trás da pessoa que precisa geralmente está uma família aflita, sofrendo, rezando para conseguir doadores e tudo ficar e terminar bem”, ressalta. Das vezes que doou, apenas uma delas sabia para quem estava doando. “Mesmo assim eu conhecia apenas a filha de quem recebeu minha doação”, acrescenta.
Para Rosana, o importante é doar. “Acho muito importante doar sangue para ajudar quem precisa. Não custa nada para quem doa e é um ato rápido que salva vidas. Deveria ter mais vezes essas campanhas de doação, porque nem sempre é fácil conseguir ir doar, já que não são todos os hospitais que fazem as coletas”, afirma. Ela relembra que não é do convívio de pessoas que costumam doar sangue e que a iniciativa partiu dela e do marido. “Sempre quis ajudar alguém e esse foi um jeito que eu encontrei”, finaliza.
Saiba mais
Quem tiver interesse de participar do transporte disponibilizado pela Administração Municipal de Brochier pode entrar em contato através dos números (51) 3697-14-96 ou (51) 3697-1389. O veículo sairá às 6h30min da UBS do Centro e tem previsão de retorno para o meio-dia.
Uma doação pode salvar até quatro vidas
Segundo o Ministério da Saúde, uma pessoa adulta tem em média cinco litros de sangue e em uma doação são coletados no máximo 450ml. Ou seja, o pouco que você cede e não te faz falta, é muito para quem precisa. Todo o sangue doado é separado e diferentes componentes (hemácias, plaquetas e plasma). Assim, poderá beneficiar mais de um paciente com apenas uma unidade coletada. Especialistas e profissionais costumam dizer que uma doação de sangue pode salvar até quatro vidas.
O sangue doado é utilizado para pessoas com doenças hematológicas variadas e câncer, pessoas que se submetem a cirurgias eletivas de grande porte e para emergências. Ele é composto de células que cumprem funções como levar o oxigênio a cada parte do corpo, defender o organismo contra infecções e participar da coagulação. Vale destacar que a quantidade de sangue retirada do corpo humano para uma doação não afeta a saúde, já que a recuperação é imediata.
Quais são os requisitos para doar sangue?
Segundo Dário, coordenador médico do serviço de hemoterapia da Santa Casa de Porto Alegre, é fundamental que o doador esteja com boa saúde, tenha peso acima dos 50 quilos e idade entre 16 e 69 anos de idade. “No caso de doadores de 16 a 18 anos, eles devem estar acompanhados por responsáveis”, afirma. Para o dia da doação, mais alguns pontos precisam ser considerados. São eles: estar alimentado, com intervalo mínimo de duas horas entre a refeição e a doação (candidatos que forem doar pela manhã podem tomar café da manhã e com relação ao almoço, aguardar duas horas para a refeição); dormir no mínimo seis horas na noite anterior à doação; não ingerir bebidas alcoólicas nas 12h horas anteriores à doação; evitar fumar por pelo menos uma hora após a doação e evitar alimentos gordurosos nas três horas antecedentes à doação.
Impedimentos temporários para doar sangue
•Gripe, resfriado e febre: aguardar sete dias após o desaparecimento dos sintomas;
•Período gestacional;
•Período pós-gravidez: 90 dias para parto normal e 180 dias para cesariana;
•Amamentação: até 12 meses após o parto;
•Ingestão de bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação;
•Tatuagem e/ou piercing nos últimos 12 meses (piercing em cavidade oral ou região genital impedem a doação);
•Extração dentária: 72 horas;
•Apendicite, hérnia, amigdalectomia, varizes: três meses;
•Colecistectomia, histerectomia, nefrectomia, redução de fraturas, politraumatismos sem seqüelas graves, tireoidectomia, colectomia: seis meses;
•Transfusão de sangue: um ano;
•Vacinação: o tempo de impedimento varia de acordo com o tipo de vacina;
•Exames/procedimentos com utilização de endoscópio nos últimos seis meses;
•Ter sido exposto a situações de risco acrescido para infecções sexualmente transmissíveis (aguardar doze meses após a exposição).
Impedimentos definitivos para doar sangue
•Ter passado por um quadro de hepatite após os 11 anos de idade;
•Evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças transmissíveis pelo sangue: Hepatites B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas ao vírus HTLV I e II e Doenças de Chagas;
•Uso de drogas ilícitas injetáveis;
•Malária.
Tipos sanguíneos
Os tipos de sangue são classificados de acordo com a presença ou ausência de aglutinogênio (antígeno) presentes na superfície das hemácias, ou de aglutininas, também chamadas de anticorpos. Assim, o sangue pode ser classificado em quatro tipos de acordo com o sistema ABO.
Sangue A: é um dos tipos mais comuns e contém anticorpos contra o tipo B, também chamado de anti-B, só podendo receber sangue de pessoas do tipo A ou O;
Sangue B: é um dos tipos mais raros e contém anticorpos contra o tipo A, também chamado de anti-A, só podendo receber sangue de pessoas do tipo B ou O;
Sangue AB: é um dos tipos mais raros e não possui anticorpos contra A ou B, o que significa que pode receber sangue de todos os tipos sem que haja reação;
Sangue O: é conhecido como o doador universal e é um dos tipos mais comuns, possui anticorpos anti-A e anti-B, só podendo receber sangue de pessoas do tipo O, caso contrário pode ocorrer a aglutinação das hemácias.
Doação de sangue no Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Para doar sangue ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), você pode realizar agendamento através do endereço https://bit.ly/2HLaY9z. A marcação de horário para grupos e para doação de plaquetas deve ser feita por telefone: (51) 3359-8504 e (51) 3359-7521, ou WhatsApp (51) 99937-7892 e 99735-9867. O banco se localiza no segundo andar, na Unidade Básica de Saúde Santa Cecília (entrada pela rua São Manoel, 543), com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h e aos sábados das 8h às 12h, limitado a 80 doadores.
Banco de Sangue da Santa Casa de Porto Alegre
Conforme Dário, coordenador médico do serviço de hemoterapia, o primeiro passo para realizar uma doação de sangue no Banco de Sangue da Santa Casa de Porto Alegre é verificar se existe algum impeditivo para a doação. Caso esteja dentro de todos os critérios, é preciso realizar o agendamento de um horário para doação no site da Santa Casa (doesangue.santacasa.org.br), ou, ainda, através da Central de Agendamento: (51) 3214-8000. “Ao chegar no Banco de Sangue, o doador irá passar por uma triagem, onde serão avaliadas as condições necessárias à uma doação segura, tanto para o doador como para àquele que receberá sua doação”, explica. Estando apto, o doador é encaminhado para a coleta de sangue, que dura entre 30 e 40 minutos.
O Banco está localizado na área interna da Santa Casa, com entrada pela Av. Independência, 75 (em frente ao Hospital São Francisco). O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 17h30min, e aos sábados, das 7h30min às 12h. Vale lembrar que o Banco de Sangue não possui transporte, portanto, os doadores devem se locomover até lá para a doação.