Este mês é marcado por diversas datas importantes e uma delas é o Dezembro Laranja, campanha que reforça os cuidados contra o câncer de pele, o mais frequente no Brasil e no mundo que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), corresponde a 27% de todos os tumores malignos do País. A campanha foi criada em 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com a intenção de estimular a população na prevenção e no diagnóstico ao câncer da pele. Com a chegada do verão e temperaturas mais elevadas, as pessoas tendem a descuidar ainda mais da sua pele, se expondo ao sol em horários inadequados e sem os cuidados necessários, o que é um prato cheio para o surgimento do câncer de pele. Alterações do DNA de células por exposição à radiação ultravioleta levam ao desenvolvimento do câncer.
O dermatologista Fábio Luís Becker explica que são sinais de alerta manchas, feridas ou nódulos que crescem, coçam, ardem, descamam ou até mesmo sangram. Feridas que não cicatrizam em quatro semanas também merecem atenção. Somente um exame clínico feito por um médico especializado ou uma biópsia podem diagnosticar o câncer da pele, mas é importante estar sempre atento aos seguintes sintomas: lesão na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente ou pinta preta/castanha que muda de cor, textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho.
Tipos de cânceres
Segundo o dermatologista Fábio, existem alguns tipos de câncer de pele e nem todos eles apresentam sintomas. Ele destaca que os principais tipos são os carcinomas espinocelular e basocelular (o menos agressivo), que se definem não melanoma e o melanoma. “O carcinoma basocelular é a neoplasia maligna mais comum dentro de todos os tipos de câncer, enquanto o melanoma é o câncer de pele com maior potencial de mortalidade”, afirma. Apesar de mais agressivo, o melanoma é o menos comum.
Não melanoma
O câncer de pele não melanoma, mais comum no Brasil, tem alta chance de cura, desde que seja detectado e tratado precocemente. Entre os tumores de pele, o não melanoma é o mais frequente e de menor mortalidade, mas pode deixar mutilações bastante expressivas se não for tratado adequadamente.
Melanoma
O câncer de pele melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas. Em pessoas de pele negra, ele é mais comum nas áreas claras, como palmas das mãos e plantas dos pés. O câncer de pele melanoma representa apenas 3% das neoplasias malignas do órgão. É o tipo mais grave, devido a sua alta possibilidade de provocar metástase, que é a disseminação do câncer para outros órgãos. O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom se detectado em sua fase inicial. Nos últimos anos, houve grande melhora na sobrevida dos pacientes com melanoma, principalmente devido à detecção precoce do tumor e à introdução dos novos medicamentos imunoterápicos.
Cuidado com o sol é o maior método de prevenção
O câncer de pele é o mais frequente do Brasil, mas para evitá-lo, cuidados simples são essenciais. Segundo o dermatologista Fábio Luís Becker, a prevenção inclui evitar exposição solar, principalmente durante o horário de maior incidência do sol, que é entre as 10h e as 16h. Ele também destaca o uso de roupas, óculos e chapéus com fotoproteção (que auxiliam também no combate ao envelhecimento precoce, ao ressecamento e à oleosidade excessiva). Outro ponto fundamental para evitar o câncer é o uso de protetores solares adequados com o Fator de Proteção Solar (FPS) 30 ou maior e, principalmente na praia, a utilização de barracas adequadas para sombreamento.
Vale lembrar que não apenas na praia a sombra deve ser priorizada. “O uso dos protetores deve se dar meia hora antes da exposição solar e deve ser reaplicado a cada duas horas na beira da praia ou piscina. Crianças devem usar o protetor solar a partir dos seis meses de idade”, acrescenta. Protetores à prova d’água também devem ser reaplicados e o filtro solar próprio para os lábios é uma boa opção.
Fábio explica que além da radiação solar poder danificar o DNA das células, a pele fica mais exposta no Verão, perde mais água pelo calor e acaba ressecando mais rapidamente. “Por isso, não devemos esquecer de tomar água e sucos de frutas em abundância e utilizar um bom hidratante após o banho”, ressalta. Segundo ele, alimentos ricos em carotenóides, que são potentes antioxidantes naturais, ajudam na prevenção aos danos que o sol causa à pele, como cenoura, abóbora, mamão, maçã e beterraba (frutas e legumes de cor alaranjada ou vermelha). “Uma alimentação saudável com carnes magras, mais vegetais e menos carboidratos pobres ajuda na hidratação do corpo, previne doenças e adia os sinais do envelhecimento”, acrescenta.
Método ABCDE funciona em forma de auto-exame
Segundo o Fábio, como nem sempre os cânceres de pele apresentam algum sintoma, é recomendado o paciente fazer uma revisão de pele se apresentar uma ferida com mais de quatro semanas que não cura ou uma mancha/sinal de pele que apareceu ou se modificou recentemente. “Em pacientes com muitos sinais é recomendada uma visita anual ao dermatologista, mas em pacientes com câncer de pele prévio essas visitas devem ser feitas a cada três ou seis meses, dependendo do caso”, destaca.
Além disso, existe o método ABCDE, uma espécie de autoexame, ou seja, a observação, por parte do próprio paciente, de pintas e manchas que surgem no corpo, suas características e alterações. Ele é bastante recomendado por dermatologistas para a detecção de câncer de pele, em especial os mais graves, como o melanoma. Entenda:
A letra A significa Assimetria da lesão. Se dividirmos a lesão ao meio e as partes não forem iguais, ou seja, assimétricas, corre o risco de ser melanoma. A letra B significa as Bordas. Lesões com bordas irregulares e recortadas são suspeitas. As bordas dos cânceres melanomas geralmente são borradas e dificultam definição. Já a letra C significa Cor. Lesões que tem mais de uma cor, seja enegrecida ou com diferentes tons, além de distribuição de cores de forma não homogênea podem ser sinal de melanoma. D é em relação ao Diâmetro da lesão, já que, quando tem mais de 0,6 centímetros, tem maior risco de ser melanoma. Por último, a letra E significa Evolução da lesão, em que o crescimento e mudanças rápidas devem ser investigadas.
Ao perceber qualquer uma destas alterações, consulte um médico para se informar melhor e iniciar uma investigação. Aliás, se você tiver alguém na família que já tenha desenvolvido câncer de pele, a atenção merece ser redobrada.
Fatores de risco
Os fatores de risco para o câncer de pele incluem pele clara, olhos claros, exposição solar no trabalho ou lazer, hábitos de bronzeamento artificial, presença de múltiplos sinais, idade avançada, imunossupressão, exposição laboral a radiações e calor em excesso, história familiar e pessoal de câncer de pele e doenças genéticas.
Diagnóstico e tratamento são fundamentais
O câncer de pele é diagnosticado de forma definitiva através de uma biópsia da lesão da pele, ou mesmo a retirada completa da lesão ou da pinta. Após a coleta, a amostra é encaminhada para avaliação, onde é confirmado se é um tumor maligno ou não. Se não for possível realizar a biópsia, o médico solicitará outros exames que ajudarão a definir o diagnóstico. Os exames de imagem são utilizados para determinar se o câncer se espalhou para outros órgãos.
Se uma pessoa apresenta sinais de melanoma, o médico analisará o histórico clínico completo do paciente, observando os sintomas e fatores de risco. Para diagnosticar o melanoma e determinar o grau de comprometimento da doença poderá ser solicitada a realização de alguns exames. Durante o exame físico, o médico observará o tamanho, forma, cor e textura das lesões em questão, e se há sangramento ou descamação.
Junto com o exame físico, alguns dermatologistas usam uma técnica chamada dermatoscopia para avaliar as manchas na pele com mais precisão. O médico utiliza um dermatoscópio, uma lente de aumento especial com fonte de luz própria para observar a pele. Às vezes, uma fina camada de álcool ou óleo é usada com esse instrumento. Uma imagem digital ou fotográfica pode ser feita do local.
A cirurgia é o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia também podem ser utilizadas, dependendo do estágio da doença. Quando há metástase (o câncer já se espalhou para outros órgãos), o melanoma é tratado com novos medicamentos, que apresentam altas taxas de sucesso. “O tratamento pode ser por cirurgia, cauterização por calor ou frio, cremes, quimioterapia, radioterapia, dependendo do tipo de câncer, tamanho, histologia e localização da lesão”, diz Fábio.