Como os meios de transporte afetam a natureza?

Diariamente, a população utiliza veículos para se locomover, tarefa que, às vezes, não leva em conta a sustentabilidade e nem a preservação do meio ambiente. Automóveis e ônibus são usados na rotina, emitindo diversos gases poluentes na atmosfera. Entretanto, transportes como bicicletas, trem e patinetes elétricos são uma alternativa sustentável. O professor Dr. Marcelo Oliveira Caetano, do programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Unisinos, explicou os efeitos que os combustíveis trazem para a natureza.

“É notável o aumento pela demanda de energia e combustíveis no mundo. Isso é consequência do desenvolvimento da indústria, das civilizações e dos padrões de vida das populações”. Caetano explica as diferenças entre os combustíveis usados hoje em dia, cada um causando um efeito. A gasolina é obtida do refino do petróleo, composto por uma mistura de hidrocarbonetos. Havendo presença de aromáticos como o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno. “Produtos extremamente nocivos à saúde humana e ao meio ambiente.”, afirma.

Já no caso do álcool, a produção acontece a partir da cana-de-açúcar. Este é um combustível mais limpo, causando menos riscos à natureza. “Se bem gerenciado, o processo de produção e a utilização do combustível em automóveis pode ser sustentável sob os aspectos sociais, ambientais e econômicos.”, completa o professor. Combustíveis como gasolina e diesel são responsáveis por emissões carregadas de taxas de dióxido e monóxido de carbono.

A emissão atmosférica oriunda da utilização de combustíveis como gasolina e diesel está relacionada com o lançamento de elevadas taxas de dióxido e monóxido de carbono. Pode incluir também índices de óxidos nítricos e sulfurosos, dióxido de nitrogênio e hidrocarbonetos.

“Percebe-se uma tendência de esgotamento dos recursos naturais, como é o caso do petróleo, por exemplo”, alerta o engenheiro. Mas essa causa não é só a que preocupa, com pesquisas apontando cada vez mais o crescimento do efeito estufa, é preciso achar alternativas. As energias limpas são uma saída, como biocombustíveis, tecnologias avançadas e sistemas que possam reduzir esses impactos na natureza. “Combustíveis como álcool e biodiesel tendem a reduzir estas emissões significativamente. Algumas pesquisas relatam reduções maiores do que 50% dos gases de efeito estufa.”, completa.

O professor finaliza apostando na produção de biocombustíveis, que podem se tornar economicamente viáveis se forem estrategicamente planejados. “Com a implantação de políticas públicas efetivas visando a utilização de energias limpas, com a existência de tecnologia compatível e com o aumento da demanda pelo produto. Esse conjunto de fatores pode trazer sustentabilidade à utilização em maior escala a nível nacional.”, explica.

O veículo elétrico só não pode ser usado nos dias de chuva por ser aberto

Patinete elétrico: uma opção prática e sustentável
A família montenegrina do jovem Luiz Iargo Azevedo de Azevedo, 14, optou este ano por um presente diferente de aniversário. Acontece que os pais resolveram adquirir um patinete elétrico. Luis Fernando Azevedo, 47, administrador de empresa, conta que, por trabalhar na Capital, acompanhou a popularização do veículo. “Em Porto Alegre os patinetes são tão comuns que já tem aluguel”, conta.

O aparelho é muito prático. Contém uma bateria semelhante à de um notebook, normalmente com longa duração. Além disso, pode ser dobrado, tornando-se pequeno e fácil de transportar. O administrador conta que já foi fazer compras no Centro de Montenegro com o aparelho e que esse fator ajuda. “No Centro, às vezes, é ruim de estacionar o carro. Quando dobrado, ele [patinete] fica fácil de carregar”, explica.

O jovem Luiz Iargo já aprecia a tecnologia, que, com liberação da escola, será utilizada para ir até o colégio. Chegando a 20km/h, é preciso usar capacete e respeitar toda legislação referente aos ciclistas. Possui sinalizador de freio, sinaleira e farol, além de uma trava de segurança para acelerar – o que obriga o condutor a dar “impulso”, o equipamento é muito seguro. “É um aparelho que segue a legislação das bicicletas. Não pode andar na calçada. Isso é um tema que gera muita polêmica em Porto Alegre”, comenta o pai.

O equipamento tem um custo de R$ 800,00 à R$ 1.200,00. Luis comenta que, se for parcelado, o valor gasto mensalmente com gasolina, por exemplo, pode pagar o patinete. “Se as pessoas pensarem desta forma, não é tão caro. Eu ainda acho que vai se popularizar muito. É só as pessoas conhecerem melhor”, explica. O motor, localizado na roda dianteira, pode ser comprado individualmente, caso precise de substituição. As rodas são com freio a disco, facilitando a passagem por buracos e obstáculos. “As rodas facilitam para andar na rua”, diz o administrador.

Para a família, além de ser sustentável, o equipamento faz o filho sair mais. Entretanto, não demonstram interesse em outros itens da categoria. O carro elétrico, por exemplo, eles acham de custo muito alto, e com pouca autonomia. “Atualmente, há poucos lugares para carregar esses carros”, fala Luis. A praticidade oferecida pelo patinete elétrico – que pode ser carregado em qualquer lugar, além da tecnologia disponibilizada, faz a família ser popular nos passeios ao Cais das Laranjeiras. “Sempre tem alguém que quer andar”, contam.

O estudante só não participa de competições por não ter todos os equipamentos

Faz bem para a natureza e para a saúde
“Por assim dizer, é um método de relaxamento”, conta Kevin Miguel Desbessel, 19, sobre seu hobby preferido – pedalar. Desde a infância, quando aprendeu a andar de bicicleta, apesar dos tombos, sempre gostou da prática. “Começou quando eu ganhei minha primeira bicicleta no Natal, meu pai chegando, empurrando ela”, relembra.

Nos dias de hoje, o estudante usa o veículo para diversas tarefas, como praticar ciclismo, ir para compromissos, ao mercado e lojas, e nos fins de semana para sair com os amigos. Além de trazer benefícios à saúde, a bike ajuda na redução de poluentes. “É menos um nas ruas [carro], por exemplo, para cada ciclista. Ajuda na saúde, faz bem pro coração, reduz o stress, além da liberdade de sair por aí e explorar a natureza”, afirma.

O jovem procura sempre andar em estradas mais tranquilas, e já chegou a percorrer 92km pedalando, entre estradas de chão e asfalto. “Procuro sempre andar por estradas mais afastadas do movimento. Nos interiores, além de poder comer umas bergamotas no caminho, tenho mais segurança”, conta.
Desbessel acha as ciclovias tranquilas, mesmo que tenham problemas de sinalização e buracos. Quando precisa pedalar fora delas, o estudante procura não atrapalhar o trânsito, pois sente que está “invadindo” o espaço dele.

A sustentabilidade dos carros elétricos depende da fonte de energia dos veículos

O estudante só não participa de competições por não ter todos os equipamentos
Os carros elétricos já são vistos como uma opção sustentável para o futuro, entretanto, segundo o professor Dr. Luiz Carlos Gertz do Grupo de Tecnologia Automotiva da Universidade Luterana do Brasil, depende da energia elétrica gerada. “Se for gerada por combustível fóssil não é sustentável. Mas se for por energia eólica ou hidroelétrica é mais sustentável.”, comenta.

O professor ressalta o problema do descarte e substituição das baterias. Essas peças são usadas para acumular energia, que alimenta o motor elétrico. Os carros híbridos possuem dois tipos de motores: um elétrico e um a combustão. “Ele pode trabalhar em conjunto com o motor elétrico para fornecer maior potência quando é necessário, em ultrapassagens, por exemplo. O motor a combustão também pode ser usado para carregar as baterias em caso de descarga total.”, explica.

No mercado automobilístico, Gertz comenta que há alternativas que seguem uma linha mais sustentável, entretanto, não são muito acessíveis. “Existem motores a hidrogênio que não emitem gases nocivos ao meio ambiente, apenas vapor de água. Mas, são caros ainda.”.

Transporte público ou caminhar podem ser boa opção de sustentabilidade e economia

Andar ônibus ou caminhar pela cidade
Embora os ônibus também sejam veículos automotores – e tão poluentes quantos os carros – essa pode ser uma opção para reduzir o impacto ambiental. Isso porque o transporte público é capaz de carregar mais pessoas do que o veículo particular.

Quando se diz que a poluição gerada por um ônibus com 20 pessoas é menor do que a poluição gerada por 20 carros com uma só pessoa, isso não é mentira. Se, por exemplo, 90 pessoas optassem por utilizar um meio de transporte coletivo, cerca de 130 kg de gás carbônico não iria para a atmosfera. Isso em um percurso de cerca de 2 km. Em caso de um deslocamento maior, algo como 10 km, esse número pode ultrapassar 630 kg.

Outra alternativa para quem curte admirar as belezas da cidade é fazer os caminhos a pé. Sair um pouco mais cedo e dar uma bela caminhada pode ser uma boa opção, tanto para o meio ambiente quanto para a saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda 30 minutos diários de atividade física de intensidade leve ou moderada em cinco dias da semana.

Para se ter uma ideia, o percurso entre a área central do bairro Timbaúva e a rua Ramiro Barcelos, no Centro, tem entre 4 e 5 quilômetros, dependendo do percurso escolhido. Isso representa cerca de 50 minutos de caminhada, em ritmo moderado. É uma forma de economizar, fazer atividade física e ajudar a natureza. Que tal utilizar essa opção algumas vezes na semana?

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