Faca no pescoço. Graças à ação precisa da BM, caso terminou sem feridos
Após três horas de uma tensa negociação, um cárcere privado teve desfecho positivo no final da tarde desse sábado, na rua Carlos Lorival Lampert, bairro São Paulo, em Montenegro. Lucas Fuler Coronas, de 23 anos, rendeu a companheira dele, Fabiana Tavares Rodrigues, grávida de oito meses de uma filha do casal. Visivelmente alterado em razão do uso de cocaína, em diversos momentos o rapaz ameaçava a vítima, dominada por uma “gravata” e com uma faca no pescoço durante toda a ação.
A ocorrência teve início por volta das 15h e terminou depois das 18h, com a prisão do autor. Os integrantes do Pelotão de Operações Especiais (POE) arquitetaram a operação, que foi liderada pelo capitão Jederson Dill, comandante da 1ª Companhia de Policiamento da Brigada Militar de Montenegro. Utilizando a técnica dominada em mais de 20 anos na corporação, o oficial foi ganhando a confiança de Lucas aos poucos. Em grande parte da negociação, assumiu o papel de tranquilizar o jovem.
O trabalho teve um reforço fundamental com a chegada da mãe de Lucas e de um dos nove irmãos dele, Tiago Fuller Coronas, vindos de Alvorada. Um dos acordos propostos foi que, se largasse a faca, o irmão dele entraria no terreno e ficaria ao seu lado para garantir a segurança do rapaz.
O capitão Dill cumpriu a promessa feita a Lucas: nenhum tiro seria disparado e ninguém sairia ferido. “Houve um elo de confiança. O irmão dele nos auxiliou bastante. Ele parecia estar sob efeito de alguma droga, o que dificultou a negociação. Quando houve o vínculo, conseguimos que ele largasse a faca.”
Dill também ressaltou o eficiente trabalho prestado pelos policiais envolvidos e da Brigada Militar como um todo, no dia a dia. A Polícia Civil também reforçou as negociações.
Após muito diálogo, marcado em diversos momentos por um clima de apreensão extrema, o jovem decidiu libertar a companheira, permitindo a entrada do irmão. Neste momento, ele foi rendido pelos policiais em uma ação rápida e precisa. O rapaz foi encaminhado ao Hospital Montenegro para exame de corpo de delito e à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).
Os policiais, bem como a mãe e o irmão de Lucas, estavam próximos da cerca. “Não tínhamos como ter o vínculo de confiança com ele em uma distância maior. Tínhamos uma distância muito próxima para um embate, o que poderia ser fatal”, resume Dill.
Bebê passa bem
Em diversos momentos durante a ação, Fabiana protegeu a barriga para garantir a saúde de Cláudia Raquel, a bebê carregada no ventre. Atendida por plantonistas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após ser libertada, ela foi levada ao Hospital Montenegro. Mãe e filha passam bem. Cláudia será a 10ª filha de Fabiana e a primeira com Lucas. O mais velho tem 20 anos e está preso. O mais novo tem 7. Além da unidade do Samu, uma ambulância da Unimed estava o tempo todo no local, pronta para prestar atendimento, caso necessário.
“Ele não ia fazer mal para ela”, assegura a mãe
As brigas entre o casal não é novidade para a família, aponta a mãe de Lucas, Cláudia Coronas. Apesar disso, ela não acredita que o filho seria capaz de matar a nora. “Ele não ia fazer mal pra ela”, salienta a mulher.
Na manhã desse sábado, Fabiana ligou para a sogra pedindo ajuda, pois Lucas apresentava comportamento agressivo. Devido ao histórico do filho com drogas, a mãe e outros familiares resolveram vir a Montenegro. Ao chegar à cidade, Lucas já mantinha a mulher em cárcere privado.
De acordo com Cláudia, Lucas é usuário de cocaína e chegou a pedir para ser internado em uma clínica para dependentes químicos. Contudo, Fabiana teria interferido e não deixado a família levar o companheiro dela. “Ela chegou a dizer que se mataria se ele saísse de casa para se tratar”, conta a sogra.
Para o irmão Tiago, Lucas somente não libertou Fabiana antes por medo de uma represália violenta por parte dos policiais. “Ele não ia se entregar para a polícia, porque uns policiais disseram que bateriam nele quando saísse lá de dentro. Ele estava com medo”, acusa.
Drogas e perturbação
Vizinhos com quem a reportagem do Jornal Ibiá conversou garantiram que existe um histórico de brigas entre o casal. Após a rendição, muitos moradores romperam o cordão de isolamento revoltados e tentaram agredir Lucas. Precisaram, então, ser contidos pelos policiais.
Segundo uma fonte, o aluguel de R$ 450,00 da casa onde moram está atrasado desde outubro do ano passado. A intenção da proprietária é despejá-los para impedir o aumento do prejuízo.
* Participaram desta cobertura Rodrigo Borba, Clarice Almeida e Andressa Kaliberda