Bebê nascida com 615g comemora um ano cheia de saúde

Parabéns a você, nesta data querida… A menor bebê atendida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neo Natal do Hospital Unimed Vale do Caí completou um ano de vida no dia 18 de maio. A festa de aniversário será neste sábado, 25, em Venâncio Aires, onde a família mora. Antonella Delavi da Silva veio ao mundo após apenas 24 semanas e dois dias de gestação, pesando somente 615 gramas e medindo 30 centímetros. Desde a reabertura, o espaço já atendeu a mais de 270 meninos e meninas.

No dia 7 de maior do ano passado, a empresária Carine Delavi, 33 anos, teve bolsa rota (rompimento parcial) e precisou ficar internada. Como não havia vagas em UTIs Neonatais em Santa Cruz do Sul e Estrela, municípios mais próximos, eles vieram para a instituição de Montenegro. A situação, como não poderia deixar de ser, foi tensa para ela e o administrador Cristiano Guedes da Silva, 38, marido dela e pai da menina.

Dez dias depois, mesmo a paciente passando por repouso intenso, houve ruptura total da bolsa e foi necessária uma cesariana de emergência. Foram exatos 87 dias na UTI Neo. Como sempre acontece com recém nascidos, a menina perdeu peso, chegando a ficar com 505 gramas. Os papais usaram o método canguru, no qual a pequena era colocada no peito, pele com pele, e a bebê sentia o aconchego, carinho e amor.

Festa será em Venâncio Aires, onde a
família mora. Foram 87 dias na UTI

Para conseguir cuidar e ficar próximo da menina, o casal alugou um apartamento em Montenegro. Cristiano lembra os momentos de angústia, apreensão, alívio algumas vezes. Na verdade, a família viveu um “eletrocardiograma” de sensações neste período. A filha deles contraiu infecções e teve episódios de apneia, suspensão momentânea da respiração, quadros considerados normais em prematuros. “É um misto de sentimentos, acabamos sentindo a paternidade e a maternidade mesmo só depois. É uma mistura de incerteza, esperança e renovação da fé. A gente se apega até no que, às vezes, não acreditava muito”, reflete o casal.

Graças ao atendimento recebido e à dedicação dos papais, Antonella se recuperou e deixou o Hospital com cerca de 40 centímetros e 1,995 quilo. E, sem nenhum tipo de sequela, seja cognitiva, motora ou de funcionamento do organismo.

Para preservar a pequena, a família optou por não levá-la para a creche. Ela “ajuda” a mamãe na loja de material de construção da família. Atualmente, está com 73 centímetros e 8 quilos. Se a história não for contada, quem vê a menina hoje não consegue nem ter ideia de tudo pelo que ela passou.

Mais de 270 pacientes atendidos

A UTI Neonatal do Hospital Unimed Vale do Caí conta com sete leitos, sendo três intermediários, utilizados para casos menos graves. São, ao todo, 14 médicos neonatologistas e quatro enfermeiras, além de técnicos de Enfermagem no setor. Em cada turno, atuam uma enfermeira, uma médica e três técnicas de enfermagem.

Espaço conta com sete leitos, sendo três intermediários, para fazer os atendimentos

Desde a reabertura do espaço, de acordo com o último levantamento divulgado, já passaram por lá 273 bebês e, destes, 125 eram considerados prematuros. Também tem casos de crianças que nasceram a termo, mas apresentam problemas respiratórios, alguma infecção ou icterícia, o conhecido “amarelão”, além de bronqueolites em crianças com menos de 28 dias de vida, quadro qualificado como grave. É considerada prematura a criança que nasce com menos de 37 semanas de gestação.

A responsável pela UTI Neo, Augusta Harff, salienta a complexidade de cuidar de recém-nascidos tão especiais, delicados e da relação com os familiares deles, envoltos em uma atmosfera de apreensão e medo. “Na UTI, a gente acaba lidando com ‘o maior tesouro’ desta família, com expectativas em cima dessa criança, que muitas vezes são pacientes grave em função da prematuridade ou alguma outra doença. O principal é conseguir lidar com todo esse conjunto, que não é só um paciente, mas uma família inteira envolvida. E também lidar com as frustrações de, como em qualquer área da Medicina, não conseguir o resultado que a gente gostaria”, acredita.

Augusta Harff ressalta as particularidades de cuidar de pacientes tão pequenos e com quadros clínicos muito delicados

Como os pequenos ainda não falam, é necessário ter sensibilidade para perceber o entorno e tomar as decisões acertadas. Além disso, a técnica para o tratamento, como para pegar o acesso de uma veia, deve ser precisa, visando não causar dor nos meninos e meninas.

Atuar na luta pela vida de “guerreirinhos e guerreirinhas” está longe de ser algo fácil. A atuação precisa, necessariamente, ser norteada por conceitos como amor, dedicação, carinho e empatia. Isso tudo se materializa no espaço físico mesmo, repleto de desenhos de personagens. A atmosfera é aconchegante, sendo possível até esquecer, por alguns instantes, que se trata de uma UTI. “O nosso maior presente é ver, não só o paciente saindo bem daqui, como crescendo, se desenvolvendo. Para a gente, acompanhar isso é muito gratificante. Eu sempre digo: o melhor dia é o dia da alta, quando a gente vê a família indo feliz para casa”, comenta Augusta.

A presença dos pais, em especial da mãe em função do aleitamento, é considerada essencial pela médica, mesmo em caso de prematuros extremos. Isso contribui para o desenvolvimento neurológico, crescimento, manutenção da frequência cardíaca, entre outros aspectos. Outro ponto destacado como importante é o contato pele a pele.

Além de Montenegro e região, na UTI Neonatal Unimed, são atendidos pacientes de vários municípios, como Ijuí, Rio Grande, Santana do Livramento, entre outros.

Casal vive a expectativa de levar a filha para casa
Angélica das Neves Barbosa, 31 anos, e Leandro Edson Selbach, 42, vivem momentos de apreensão e expectativa. A filha deles nasceu prematura, após a mãe ficar 30 dias internada no Hospital da Unimed Vale do Caí com pré-eclampsia. Isabella veio ao mundo com 910 gramas e 34 centímetros. Atualmente, está com mais de 1,5kg e quase 40 cm. O casal de Pareci Velho, em Capela de Santana, costuma ir à instituição de manhã e no final da tarde. Pegam a pequena no colo, fazem carinho e ficam imaginando quando será o momento de, finalmente, levar a filha para a casa.

Papais usam método canguru para aconchegar a pequena Isabella

O motorista de ônibus e a analista de logística precisam se desdobrar para conciliar o trabalho com a atenção à nenê. Certamente, aquele rostinho está sempre presente na mente dos papais. Além deles, os avós e Edson, o filho de 18 anos que Leandro teve em outro relacionamento, também visitam Isabella, entre outros parente.

“O atendimento das gurias é maravilhoso, pela atenção e dedicação delas. Tem que ter o dom”, avalia a mamãe. O pai, com bom humor, concorda. “Eu até brinquei com uma delas. ‘Vocês devem ganhar R$ 10 mil ou 15 mil’. É muito cuidado e muita responsabilidade também”, afirma, muito satisfeito com o atendimento.

Érico Benjamin estreou o espaço

O primeiro bebê internado na UTI Neonatal da Unimed Vale do Caí após sua reabertura, em 1º de fevereiro de 2016, foi Érico Benjamin, nascido com 1,905 kg e 42 centímetros, após 34 semanas de gestação. A tensão dos momentos vividos ficou na lembrança da família.

“Sobre o que nós vivemos, posso dizer que foram momentos terríveis. Foram 14 dias de luta, de vibração a cada grama que ele ganhava. Isso nos ensinou a amar sem medidas, a ver a vida de uma outra perspectiva, da qual todo e qualquer momento é importante, por menor que seja”, comenta o pai do menino, Bruno Zietlow, 31 anos.

Atualmente, para a felicidade dos pais, o menino está saudável . Foto: Arquivo Pessoal

Ele, a esposa Bibiana, 28, e o pequeno participaram do 1º Encontro dos Prematuros da UTI Neonatal do Hospital Unimed Vale do Caí. “Ele está super bem hoje. Não ficou com nenhum problema congênito, melhorou nas questões respiratórias, está crescendo super bem”, comemora Bruno.

A prematuridade
Estão em maior risco para trabalho de parto prematuro as mulheres que já passaram por um parto prematuro, que estão grávidas de gêmeos ou múltiplos ou com história de problemas de colo do útero ou uterinos. Por isso, é importante ter atenção redobrada.

Muitos fatores podem levar a um parto prematuro. Ausência de pré-natal, fumo, álcool, drogas, estresse, infecções do trato urinário, sangramento vaginal, diabetes, obesidade, baixo peso, pressão alta ou pré-eclâmpsia estão entre eles. Além disso, distúrbios de coagulação, algumas anomalias congênitas do bebê, gestações muito próximas (período menor do que nove meses entre o nascimento do bebê e uma nova gravidez), gravidez fruto de fertilização in vitro e idade da mãe menor do que 17 anos e acima de 35 anos.

Dicas de prevenção
– Converse com o ginecologista/obstetra antes mesmo de engravidar para receber conselhos
– Iniciar o pré-natal Natal o quanto antes e seguir as consultas rigorosamente
– Mantenha uma dieta equilibrada
– Faça verificação da pressão periodicamente
– Fique alerta para sangramentos e observe líquidos e secreções vaginais
– Se autorizado, faça exercícios com acompanhamento de profissional

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