Asma: evite gatilhos!

Maio é considerado o mês de conscientização sobre a asma. A doença nada mais é do que o estreitamento dos brônquios (canais que levam ar aos pulmões) que dificulta a passagem do ar provocando contrações ou broncoespasmos. As crises comprometem a respiração, tornando-a difícil. Quando os bronquíolos inflamam, segregam mais muco, o que aumenta o problema respiratório. Na asma, expirar é mais difícil do que inspirar, uma vez que o ar viciado permanece nos pulmões provocando sensação de sufoco. A asma acomete pessoas de qualquer idade. A maioria dos casos, todavia, é diagnosticada na infância e é comum manifestar-se em pessoas de uma mesma família.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), em 2021, o Sistema Único de Saúde registrou 1,3 milhões de atendimentos a pacientes com asma na Atenção Primária à Saúde. Isso porque a asma é um dos problemas de saúde respiratória mais recorrente no Brasil. Ainda segundo o MS, estima-se que 23,2% da população viva com a doença e a incidência varia de 19,8% a 24,9% entre as regiões do Pais. Pierangelo Tadeu Baglio, médico pneumologista do Hospital Moinhos de Vento e responsável pelo Ambulatório de Asma do Hospital, afirma que apesar de ter prevenção e ser absolutamente controlável, estima-se que, no Brasil, a enfermidade cause cinco mortes por dia quando não avaliada e tratada.

Pierangelo Tadeu Baglio, médico pneumologista do Hospital Moinhos de Vento e responsável pelo Ambulatório de Asma do Hospital

Pierangelo ressalta que o indivíduo já nasce com predisposição e, a partir da interação com fatores do meio ambiente, como poluição, alérgenos ou vírus, acaba desenvolvendo sintomas relacionados à enfermidade. Mas, atenção: cuidado para não confundir a doença com bronquiolite. Segundo o médico, a asma é uma doença não infecciosa, que se caracteriza pela inflamação crônica das vias respiratórias.

Já a bronquiolite, via de regra, é uma situação causada por uma infecção que acomete muito frequentemente crianças, na faixa etária pré-escolar ou escolar, geralmente, causada por um vírus (sincicial respiratório). “Portanto, a bronquiolite, normalmente, é uma condição infecciosa, enquanto a asma brônquica é uma condição inflamatória não infecciosa”, afirma.

Sintomas e tratamento
Os sintomas mais frequentes da doença são falta de ar, tosse seca, chiado e opressão no peito. A asma é uma doença que ainda não tem cura. Contudo, segundo Pierangelo, o tratamento avançou muito nas últimas décadas, especialmente nos últimos anos. “Hoje em dia contamos com um arsenal terapêutico bastante amplo, como corticoides e broncodilatadores inalatórios, que podem oferecer uma qualidade de vida excelente ao paciente, livrando-o de sintomas e de crises”, acrescenta. O médico relembra que se os sintomas do paciente são muito intensos, como falta de ar incapacitante, baixa oxigenação e insuficiência respiratória ou dor no peito, a pessoa deve procurar um serviço de emergência, para avaliação do quadro clínico.

Pierangelo explica que atualmente, existe a doença controlada, a não controlada, e os casos graves. “Não falamos mais em asma leve, pois ela pode dar uma falsa sensação de controle e, se não tratada, apresentar piora do quadro, com uma crise”, explica. O paciente com asma grave é aquele que, mesmo fazendo o tratamento regularmente e sem outros fatores interferindo na doença, não consegue controlá-la e, como consequência, acaba internado com frequência. “Esses casos correspondem a cerca de 3% a 5% do universo geral de asmáticos. Para eles, existem as terapias-alvo: são os chamados imunobiológicos, que vão atuar sobre as rotas inflamatórias da doença”, salienta.

foto: freepik

O médico destaca que há um erro muito frequente observado nos pacientes com asma. “Ao perceberem que há uma melhora nos sintomas, pensam que é possível interromper o tratamento. Como não estão sentindo mais nada, acreditam que estão com a doença controlada e deixam de seguir as recomendações médicas. Então, o indivíduo volta a apresentar sintomas e a ter risco de crises”, sublinha. Lembre-se que como é uma doença crônica e não tem cura, quem é asmático será asmático a vida toda. O tratamento tem importância fundamental para que o paciente possa conviver com a doença da melhor forma possível.

Diagnóstico
O diagnóstico da asma é feito quando um médico identifica a presença de sintomas como tosse e chiado ao respirar ou crises de falta de ar recorrentes, associados a algum tipo de doença alérgica, como dermatite e rinite, no paciente com asma, assim como história de asma ou rinite na família. Além disso, o exame mais recomendado é o de função pulmonar, que mede a capacidade respiratória. O diagnóstico da asma é essencialmente clínico, obtido após consulta e avaliação pelo médico, mas também é confirmado pelo exame físico e pelos exames de função pulmonar (espirometria). Sempre que possível, o médico solicitará a prova de função pulmonar para confirmar o diagnóstico e classificar a gravidade de cada caso.

Recomendações para prevenção
• Não fume e evite o contato com fumaça e fumantes;

• Mantenha os seus espaços de circulação sempre limpos e arejados;

• Reconheça seus gatilhos e evite-os (entre os mais comuns estão pólen, poeira e pelos de animais);

• Evite tapetes, cortinas e carpetes;

• Todos os membros de uma família de asmáticos precisam ser orientados a respeito das características da doença e das crises. A informação correta ajuda a reduzir os mitos que cercam a doença e os doentes;

• Submeta-se a testes de pele para identificar possíveis alergias a alguma substância específica;

• Evite apresentar resfriados e gripes;

• Fumaças, gases, cheiros de tinta, de produtos de limpeza ou de higiene pessoal e perfumes podem ser prejudiciais aos asmáticos. Fuja deles;

• Evite mudanças abruptas de temperatura;

• Exercite-se moderadamente todos os dias, mas não cometa excessos. A asma não deve limitar a vida ou a atividade física de ninguém.

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