A um mês da estreia na Copa, Senegal quer fazer história

Torcida senegalesa está confiante em bom desempenho no Mundial do Catar

Aos 40 anos de idade, Cheikhouna Ndiaye conhece mais o Brasil do que grande parte dos brasileiros. Em 2010, ele deixou seu país, Senegal, em busca de oportunidades de trabalho para melhorar sua condição de vida. Primeiro, tentou ir à Itália, mas não conseguiu visto para ingressar no país europeu. Então, escolheu o Brasil como nova casa, e daqui não saiu mais.

Ao chegar no país, Ndiaye morou em São Paulo por três meses, onde trabalhou como ambulante, enquanto aguardava a documentação ficar pronta. Depois, ainda em 2010, veio para Erechim, no Rio Grande do Sul, trabalhar como metalúrgico. No ano seguinte, mudou-se para Dois Vizinhos, no Paraná, onde trabalhou na Sadia, até maio de 2013. Na metade daquele ano, foi para Salvador, na Bahia, onde permaneceu até março de 2014.

Depois de conhecer a rica cultura baiana, o senegalês veio para Montenegro, onde se fixou e mora até hoje, junto com outros amigos de Senegal. A oportunidade de vir para o Vale do Caí surgiu após convite de alguns amigos do país africano, que conseguiram uma vaga de emprego na JBS de Montenegro para Cheikhouna. Na empresa, ele trabalha no setor da sangria, das 22h20 às 6h da manhã.

“Saí do Senegal para melhorar de vida. Até tem oportunidades lá, mas aqui o trabalhador ganha bem mais. No início foi um pouco difícil, não conhecia ninguém, o idioma também era uma dificuldade. Mas aí encontrei amigos do meu país, e somos uma família. Consegui aprender um pouco o idioma daqui através de amigos e colegas que já estavam aqui há mais tempo, e fiz um curso quando estava no Paraná”, declara Ndiaye.

Engana-se quem pensa que Cheikhouna “largou” tudo no seu país para vir ao Brasil. A cultura senegalesa o acompanha até hoje. “Como moramos juntos aqui, às vezes fazemos comida juntos, festas, questões religiosas. Sempre levamos isso por onde vamos”, salienta.

Durante a semana, a rotina é seguida à risca. Ndiaye chega do trabalho no início da manhã, toma banho, faz sua oração e dorme até o início da tarde. Às vezes, sai com amigos de Senegal. Inclusive, seus amigos são praticamente todos do país africano e de outras nações do continente – que residem em Montenegro –, como Guiné, Angola e Costa do Marfim. “Os brasileiros mais próximos são os colegas de trabalho”, frisa.

Paixão pelo futebol e expectativa para a Copa do Mundo
Todos sabem que o futebol é considerado uma paixão nacional no Brasil. Para o povo senegalês, não é diferente. Eles são apaixonados pelo esporte. Em seu tempo livre, Cheikhouna Ndiaye assiste a jogos de diversos campeonatos, especialmente europeus. “Se meu plano não tiver canais de esporte, eu cancelo a assinatura”, afirma.

Ndiaye não tem exatamente um “time de coração”, mas tem um ídolo nacional que acompanha e torce por onde vai: Sadio Mané, atualmente no Bayern de Munique, da Alemanha. O atacante, inclusive, foi eleito o segundo melhor jogador do mundo nesta semana, em premiação da Bola de Ouro. “Torço por Sadio Mané e Bayern. Antes era Liverpool (ex-time de Mané)”, enfatiza. No Brasil, seu time favorito é o Fluminense. Como a rivalidade Gre-Nal é muito acentuada, ele prefere não torcer por nenhum time gaúcho.

A um mês da estreia de Senegal na Copa do Mundo do Catar, Cheikhouna nutre boas expectativas pela sua seleção neste Mundial. O país está no grupo A, junto com o anfitrião Catar, a forte Holanda e o promissor Equador. O primeiro desafio dos senegaleses será contra a Holanda, no dia 21 de novembro. “Esperamos que Senegal passe das oitavas de final neste ano. Temos bons jogadores, mas acho que falta um bom treinador. Se tivéssemos um treinador melhor, poderíamos chegar mais longe”, analisa.

De fato, a seleção senegalesa tem jogadores de muita qualidade em todas as posições. O goleiro Mendy, do Chelsea, o zagueiro Koulibaly, também do Chelsea, o volante Gueye, do Everton, e os atacantes Mané, do Bayern, e Sarr, do Watford, são os principais destaques da equipe. “Se passarmos pela Holanda, que tem um bom time, não temos medo de enfrentar ninguém. Acredito que Brasil, França, Alemanha e Inglaterra são os principais candidatos ao título”, acrescenta Ndiaye.

Independente de onde a seleção de Senegal chegar na Copa, a festa está garantida na casa de Cheikhouna e seus amigos nos dias dos jogos.

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