10 anos após retomada, Amarti encerra as suas atividades

FALTA de apoio de artista é apontado como principal dificuldade

A Associação Montenegrina de Artistas (Amarti) anunciou, no início desta semana, o encerramento de suas atividades no município. Conforme a ex-presidente da entidade, Lisa Borchardt, pesou para a decisão a falta de apoio da sociedade, artistas da cidade e do setor público. “Nossos movimentos se destacaram mais através das artes visuais e do artesanato, pois nosso corpo diretivo era na sua maioria dessas áreas. Não conseguimos trazer, por mais que convidássemos, integrantes para atuar por outras áreas, como teatro, música e dança”, enfatiza Lisa.

Desde sua retomada, em 2012, entidade promoveu diversas ações culturais e educativas no município. FOTO: arquivo Ibiá

A Amarti foi fundada em 21 de agosto de 1989, por artistas cênicos, escritores e poetas montenegrinos. Depois de um período desativada, a Associação foi retomada em 2012, com o intuito de fortalecer o setor cultural no município. “Tivemos muitos movimentos construtivos e significativos, houve muita entrega e dedicação até onde alcançamos. Promovemos pertencimento, história, identidade cultural, valores sociais e ambientais usando a arte como ferramenta”, destaca Lisa.

A artista plástica e artesã Arlete Oliveira de Souza também participou da retomada da Amarti e destaca que, na época, havia uma grande necessidade de ter uma entidade representativa, que conseguisse unir e fortalecer os artistas da cidade. “Nesses 10 anos nós trabalhamos muito, participamos de praticamente todos os eventos em Montenegro nas escolas, mas não tínhamos corpo para trabalhar”, aponta.

Para Arlete, uma associação só é forte quando todos se unem, o que não aconteceu desde a retomada da entidade, em 2012. “Nosso corpo era muito pequeno e não estávamos dando conta. A Amarti estava com a maioria dos integrantes artesãos. Os artistas não tinham uma grande participação, aliás, alguns até eram sócios, mas não podiam ou não queriam se envolver”, diz.

Como artista plástica e artesã, Arlete conta que enxergou a retomada da Amarti como uma oportunidade de unir todos os segmentos da arte. Ela esteve na diretoria praticamente desde 2012. Foi presidente nos anos de 2014 e 2022, e duas vezes vice-presidente. “Tivemos uma longa, importante e árdua jornada. Não posso deixar de agradecer aquelas pessoas que estiveram desde a retomada, lá em 2012. Confesso que estou muito triste e decepcionada com a Cidade das Artes, que não acreditou na Associação, ou talvez entendeu que não cumprimos todo o nosso objetivo”, finaliza.

Entidade seguirá ativa em outro município
Responsável pela fundação da Amarti, o Sociólogo e dramaturgo Antônio Lopes garante que a associação irá permanecer, mas com sede em Teutônia. Ele seguirá à frente da entidade. “A atual diretoria nos procurou para informar da triste decisão em extinguir a Associação no município. Isso é realmente muito triste e simbólico, muito negativo, tanto para Montenegro quanto para os fazedores e fazedoras de cultura na cidade”, aponta.

O formato das atividades futuras ainda será definido no andamento da ação organizativa. Lopes destaca que os motivos que levaram a equipe atual a desistir são muito semelhantes aos que motivaram a fundação da Associação, há mais de três décadas. “Parece que a realidade para a cultura popular ficou estanque ou, quem sabe, está em retrocesso para antes ainda dos anos 80, quando de sua fundação”, diz.

Segundo Antônio Lopes, agora é preciso tomar conhecimento da atual situação da Amarti, do contexto social e cultural de Montenegro e, a partir dessa análise, tomar atitudes que levem a Associação para tempos melhores. “Urge que façamos todo o possível para que, na Cidade das Artes, não morra a única associação de artistas. A verdadeira ação cidadã está na luta por justiça social e a arte presta relevante serviço nesse sentido, quando seus agentes saem debaixo de seus guarda-chuvas e enfrentam a tempestade para levar bens culturais às pessoas que menos recebem”, conclui.

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