Gosto de passear pela cidade e ver as transformações que ocorreram ao logo dos anos. Mesmo eu não sendo um Montenegrino de nascimento, pois sou da região carbonífera, vim para cá quase bebê. Meu pai com seus seis filhos e minha mãe chegaram no longínquo ano de 1968, quando Montenegro era quase uma vila.
Moramos primeiro na Vila Popular do Bairro Municipal e aqui a primeira transformação: as vias eram de chão batido onde hoje é tudo asfalto. Onde está CRAS era a Escola José Pedro Steigleder, minha primeira escola. Também o Polivalente, hoje Escola Dr. Paulo Ribeiro Campos, ainda nem existia. Aliás, nem as árvores que hoje tomam conta do pátio frontal da escola haviam sido plantadas. Eu plantei uma delas, e tenho foto para provar.
Onde hoje temos o Supermercado Desco era um denso mato de acácias, nem a rótula da frente deste mercado havia. A Avenida Júlio Renner (VIA 2) era onde caçávamos preás, com imensas áreas verdes e na Travessa Steigleder passava o trilho do Trem que seguia cidade a dentro, margeando o Morro São João.
No alto do Morro, lugar que subíamos toda semana existia um Quiosque com venda de lanches e bebidas. A Avenida Ernesto Popp também era de chão batido, no Quartel do Corpo de Bombeiros era um imenso buraco e onde hoje passa a avenida em direção à rótula, bem no final da Rua Balduino Rambo ficava a casa do responsável pelo Cemitério, o seu Nestor. A vila 5 de Maio era um imenso campo todo arborizado. As casas da Cohab vieram somente em 1979. Quando passeio de carro por essas avenidas, enxergo ainda os meninos jogando futebol nos campinhos com goleiras de taquara, ou com bolsas de pano a tira-colo caçando roedores por pura diversão.
Seguindo nossa reflexão de hoje, vamos agora para o lado de cá do Morro, onde também houve muita mudança. O único prédio com elevador naquela época era o imponente Frigorífico Renner, que hoje é um monte de escombros. Anos depois, o Hospital recebeu a melhoria. Na verdade não existiam prédios na cidade. Dê uma volta hoje e veja que “brotam” edificações dessas pelas ruas e avenidas.
Lembro-me da inauguração do Parque Centenário em 1973 com a grande festa de aniversário do Município. Guardo ainda na lembrança a imagem do chaveiro comemorativo com uma imagem de um ramo de acácia e o numero 100 estampado para marcar a data. Vem aí os 150 anos e queremos repetir, e superar, o sucesso de cinquenta anos atrás.
A Rodoviária ficava onde hoje é uma loja de Chocolates na esquina da Rua Santos Dumont com Ramiro Barcelos e os ônibus da Viação Montenegro eram da cor amarela com detalhes em azul. Falando em veículos automotores, esta também foi uma grande mudança sofrida no município. A frota que era de poucos carros, pois só possuía quem tinha muitas posses, hoje passa de 40 mil, o que para uma cidade de pouco mais de 70 mil habitantes, convenhamos é muito carro para pouca estrada.
Enfim, basta andarmos pelos bairros, prática que gosto de cultivar, para ver que crescemos e não somos mais uma pequena e pacata cidade interiorana e que nós, os nostálgicos dinossauros, sentimos falta daquela cidade “ingênua” de outrora. A mudança é constante e, modestamente, fazemos parte de um novo ciclo que está colaborando para que essa transformação seja para melhor. Estamos modernizando os processos, investindo aonde “não dá voto” (já passamos de 20km de tubulação enterrada), atendendo demandas reprimidas de vários anos e cumprindo a promessa de devolver ao cidadão Montenegrino UMA NOVA CIDADE.