A fuzel no saco triste

Pode não parecer, mas já tive o cabelo crespo. E muito crespo. Engruvinhado mesmo, parecia o Reginaldo Rossi. Depois, quando já adolescente, minhas madeixas foram encaracolando. Conquistei o amor da minha esposa Lilian com a singela alcunha de “cachinhos dourados”. Te mete com o degas aqui. Sou feio, mas sou limpinho…

A esta altura você já deve ter se perguntado: Que diabos que dizer “A fuzel”? Era uma gíria muito usada nos tempos de antigamente. É o equivalente ao “Tá ligado”, ou ao “Tipo assim”, dos dias atuais. Com o tempo e as mudanças, foi caindo em desuso e hoje somente idoso saudosista como eu se lembra de dizer “a fuzel” quando quer afirmar algo com veemência.

O mais curioso de possuir os cabelos crespos na infância, foi o motivo pelo qual eles encresparam: os banhos de sanga no Saco Triste. Ia a fuzel na sanga do Saco Triste banhar-me. Saíamos do Polivalente todas as tardes em bando e íamos. Agora imagina um bando de guris tomando banho num arroio? Era muito bom. Minha mãe nem imaginava, achava que eu estava no colégio fazendo algum trabalho escolar, que nada. Estava aplacando o calor, que como escreveu o Vitor Quintino semana passada, era igualzinho ao que estamos passando nas últimas semanas. Para que ela não descobrisse minha indisciplina, secava os cabelos ao sol antes de chegar à minha casa. Daí os caracóis que ganhei nas melenas. Tem outro secretario Municipal que ia junto banhar-se no Saco Triste, mas não vou revelar seu nome, só conto por WhatsApp.

Na nossa ingenuidade infantil, tínhamos o arroio do Saco Triste para refrescar os nossos corpos desnudos. O Saco Triste fica ali paralelo à estrada João Correa e o Arroio na verdade é o Arroio São Miguel, mas naquela época não tínhamos o Google Maps para nos georeferenciar, e também pouco nos importava o nome, o local, a qualidade da água, queríamos era tomar banho. Hoje temos o conforto das piscinas, se não as de fibra as infláveis e é inimaginável e, até temerário, tomar banho em algum arroio local. Hoje uma criança quando nasce já sai do útero de dedo em riste, procurando a tela do smartfone então tomar banho de arroio nem pensar, as distrações e brincadeiras são outras. São outros tempos.

Até por isso a administração está trabalhando diuturnamente para devolver o balneário Afonso Kunrath à população, que, na sua maioria, não pode comprar uma piscina inflável que dirá uma Igui de fibra. Além do Saco Triste utilizei muito o baixio nos meus tempos de colégio.

Devolver o balneário à população era uma das promessas de campanha da coligação PTB-MDB e podemos afirmar que antes do final deste mandato aqueles moradores menos favorecidos, que não podem pegar a Free-way para ir ao Litoral, ou simplesmente comprar uma piscina para se refrescar, poderão utilizá-lo com conforto e segurança. Os processos são demorados e é preciso fazer tudo com embasamento técnico e jurídico mas um olhar atento e sem ranço, verá que já avançamos.

Iniciamos este segundo ano de mandato com a certeza que estamos no caminho certo. Como bem disse o vice Prefeito Cristiano, em uma entrevista na Rádio América: A cidade vai se transformar num canteiro de obras. O planejamento para reestruturação do Parque Centenário com vistas ao Sesquicentenário de Montenegro em 2023 segue a todo vapor e tivemos a conquista, recentemente, de recursos para construção de uma Praça Inclusiva dentro do parque. Outras boas noticias virão.

Também está programado o asfaltamento de aproximadamente 30 km de ruas e avenidas da cidade dentro do programa Asfalto para Todos. Praticamente todos os bairros serão contemplados. Além das ações de recapeamento e tapa buracos. Vai ser asfalto a fuzel.

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