Gustavo Zanatta está reeleito prefeito de Montenegro. Reeleições são normais, especialmente porque, ao se desempenhar bem do cargo para o qual foi eleito e se manterna mídia durante todo o mandato, o político se faz top of mind na hora das urnas.
Mas, a reeleição de Zanatta é sui generis pelo vulto, pelo tamanho, pela dimensão que tomou.
Até o momento em que escrevo esta coluna, com 92,47% das seções eleitorais totalizadas, Zanatta abiscoita 81,67% dos votos contra 18,33% de Paulo Azeredo, estes sub judice, podendo ser anulados, depois, pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Já escrevi aqui, antes de candidaturas serem oficialmente lançadas, que seria uma eleição de apenas dois candidatos. Acertei.
Na última semana, descrevi as causas que podem ter levado a esta situação bipolar, bem como as razões pelas quais previa uma eleição grandiloquente de Zanatta.
Zanatta, a quem já defini como prefeito slimfit por se vestir conforme lhe permite o bom físico, à época de sua primeira eleição era criticado pela juventude e pela falta de experiência como executivo. Demonstrou ao longo de quatro anos que vontade pode valer mais que experiência. Iniciou obras, algumas já concluídas, que a cidade pedia havia anos.
O princípio de Pareto defende que 80% dos efeitos surgem a partir de apenas 20% das causas. Sabendo ou não da teoria, foi o que Gustavo Zanatta fez. Buscou resolver o mínimo que era possível e contentou 80% do eleitorado. Este fato, por si só, já legitimaria uma vitória nas urnas.
Disse, também, na coluna de terça passada, que a oposição não teve competência para se organizar, vez que pretendiam desalojar do Palácio aqueles a quem chamam de cuecas de seda. O PT não se juntou à coligação de Azeredo por causa do novo partido do vereador, PSDB, por ser o partido de Eduardo Leite. E daí, se em vários municípios do país o contubérnio aconteceu? Mais: os partidos que se coligaram contra a situação, não souberam avaliar a candidatura de Paulo Azeredo como natimorta. O fato de duas instâncias da Justiça Eleitoral decidirem pela impugnação da candidatura do ex-penta-deputado, ex-prefeito e atual vereador, não parece ter impressionado a ninguém e resolveram não haver plano B.
A boa administração de Zanatta combinada à inércia oposicionista, deu no que deu: a maior aprovação oficial de um governo em Montenegro. O povo de Montenegro elegeu de forma inequívoca o seu prefeito, ainda que3.285 eleitores não se decidiram por um ou por outro e votaram em branco ou anularam seus votos.
Zanatta se consolida, assim, como referência política regional. Uma das consequências da popularidade são vôos mais condoreiros. Gustavo Zanatta nunca escondeu de seus próximos que almeja uma cadeira na Assembleia Legislativa. O que não passa pelas cabeças de mais de 80% dos eleitores da cidade é que Zanatta poderia renunciar ao cargo em 2026 para concorrer a deputado. Não deveria povoar os pensamentos do prefeito tal possibilidade, também. Zanatta é jovem. Deveria cumprir todo o seu mandato que oito entre 10 montenegrinos lhe concederam, e adiar os planos para 2030.
Aos 50, pode ser que já não lhe caibam cortes slimfit, mas terá somado experiência e cumprido a vontade de oitenta por cento de seus conterrâneos.