Vamos falar sobre suicídio

Agosto se foi e setembro vem chegando devagar. E em setembro é tempo de debater sobre o suicídio… o dito setembro amarelo. Como já é de costume, vou rebatizar para Setembro Amarelo e Preto. O suicídio sempre foi um assunto pouco discutido por medo incentivar a prática, e na verdade é uma conversa desconfortávél, porque não somos incentivados a partilhar nossas dores. Hoje as formas de sofrimento mudaram, mas a dor continua a ser a mesma. E os questionadores questionarão: Vai dizer que pessoas pretas sofrem mais? Mulheres negras sofrem mais?

Crianças Pretas sofrem mais? Quando se fala sobre sofrimentos, agrava-se quando praticados atos de racismo, ou que abalam nossa identificação enquanto pessoa preta, mulher preta ou juventude negra. Ser uma mulher negra cis ou trans nos reporta para preocupações, como violência, maternidade negra, crescimento ou não na carreira, ser a sustenção econômica e emocional da casa. Necessidades básicas, que estão diretamente relacionadas à saúde mental das mulheres negras, que são afetadas significativamente.

Entendemos que, historicamente, as mulheres negras não possuem o hábito de cuidar suficientemente de si, ficando sobrecarregadas pelo cuidado a outras pessoas. Já, quando falamos em juventude negra, a questão é que vivemos um estado alerta constante, ou de estresse pós-traumático permanente. Toda experiência de discriminação vai ativar gatilhos e causar adoecimentos. Outro fator relevante relacionado a juventudes negras, é a maneira como, através dos tempos, foram descritas nos meios de comunicação, incentivando a imagem inadequada e promovendo impactos à saúde psíquica.

Para falar da saúde mental dos jovens negros, dentro da nossa sociedade, precisamos falar da comunidade negra como enquanto agente social e como somos acolhidos no sistema de saúde, seja público ou privado, as regras não são as mesmas e o acolhimento é sempre complicado. Entendemos que, para superar os dados de suicídio, é preciso criar estratégias multisetoriais, envolvendo os campos psicológico, cultural, socioambiental e econômico para garantir a manutenção da saúde dos jovens pretos. Não há como promover saúde mental de forma integral que não seja pela inclusão social. Para tanto, faz-se necessário o reconhecimento, por parte dos profissionais de saúde e da sociedade, de que o racismo é uma prática atual e internalizada nas relações cotidianas e a categoria raça/cor é variante essencial para a compreensão do indivíduo e sua subjetividade.

A saúde mental perpassa sobre segurança alimentar, proteção aos direitos, saúde física e acesso a lazer e bem estar. Não há como falar sobre prevenção de suicidio sem levar em conta diversidade, raça e cor e gênero. Saravá!

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