Qual é o teu crime: ser negro!

Viemos por meio desta comunicar: O racismo existe ao alcance de nossos olhos. Nas últimas semanas, passamos longas horas diante de manifestações claras de racismo no RS, onde a vítima é presa ou o delivery é mais importante que a integridade física de uma pessoa. Mas do que você está falando? Aconteceu algo? Alguma novidade? Enfim … deixa eu te contar uma história! No estado do RS, em questão de 10 dias ocorreram dois incidentes que consideramos racismo estrutural. No primeiro, um motoboy estava trabalhando, foi xingado, agredido com um faca, a polícia foi chamada e o agredido foi preso. O agressor guardou a faca na sua casa, trocou de roupa, socializou com os agentes da lei e teve tratamento diferenciado. No outro incidente, um porteiro, ao ser agredido por um morador do condomínio, verbalmente com ofensas racistas, e não sequência agride fisicamente também. A sensação é de que não somos vistos como cidadãos brasileiros. É um massacre do povo negro em todas as instâncias. Sugere que a segurança pública não faz o papel de nos proteger. E segue nos vendo como suspeito. E que fique claro: Não estamos debatendo somente a ação da polícia militar do RS, ou a conduta de agentes da lei individuais, estamos debatendo a falta de letramento racial da segurança em geral. A violência policial ou dos agentes de segurança, nunca é classificada como racismo, mas estranhamente o maior número de vítimas dos supostos “erros nas operações” são pretos e negros. Temos diversos relatos, que nas abordagens, os negros ou pretos são considerados suspeitos como primeira opção. Não estamos falando de indivíduos, estamos falando das instituições que precisam de mudanças. Não podemos aceitar um padrão de conduta onde somos alvos principais e que nossas reivindicações, no caso queixa crime, não sejam levadas em consideração. Nós, pessoas negras, chegamos ao ponto de que precisamos tomar o cuidado de circular por espaços que tenham testemunhas que concordem e entendam o que é uma manifestação de racismo, que tenham celulares nas mãos filmando constantemente, captando o que for necessário, além de torcer para que a ocorrência seja durante o dia. Nós, dos movimentos sociais, acreditamos que se faz necessária a elaboração e implantação de uma Comissão de Letramento Racial Permanente que monitore os agentes de segurança, participando da formação e acompanhamento em todos os níveis. Lembrando que é condição imprescindível que nada ocorra sem participação efetiva da comunidade, dos movimentos sociais que se dedicam à pauta. Não queremos promessas políticas, queremos ações reais.

Novamente indignada. Novamente consternada e cada vez mais revoltada. Você sabe qual é meu crime: ser negro. Não basta trabalhar, não basta ocupar espaços, não basta sermos “de bem”. Já passou da hora de lamentar e sim espera-se ações efetivas daqueles que têm o poder. Iboru!

Últimas Notícias

Destaques