A calamidade pública não passou, mas acho prudente começar a retomar progressivamente nosso cotidiano, nossas pautas e nosso fazer da vida. E nesta retomada fui agraciada com um novo velho debate: Vagas afirmativas ou políticas de reparação histórica. Ou melhor um ILÊ TECH, em tradução livre, no meu entendimento é claro, casa africana da tecnologia E como já é de costume, os questionadores questionarão: Ainda se faz necessários projetos de empoderamento preto?
Para que servem vagas afirmativas para pessoas negras? Tu realmente acha que pessoas negras não têm as mesmas oportunidades? Porque precisa de vagas, cotas ou projetos direcionados a pessoas negras? Então… deixa eu te contar uma história! Todas as etnias em nosso país foram agraciadas com cotas, fomento financeiro ou transmissão de bens pelo governo brasileiro.
A única exceção é o povo preto. Ação que causou aumento da vulnerabilidade, empobrecimento e dificuldade de acesso aos meus. O debate de políticas de reparação é extremamente recente e ainda estamos ajustando para que se tenha ganhos efetivos. Se fossemos equiparados aos benefícios recebidos por outros povos, certamente teríamos um grande processo pela frente. Somente as cotas, não dão conta de reparar todas as perdas financeiras ao longo do tempo. Sendo assim, uma das melhores alternativas que temos notícias são as políticas de reparação histórica que ofereçam formação, trabalho e renda.
As políticas de reparação histórica são essenciais para a comunidade negra na área da educação, pois buscam corrigir as desigualdades profundas e persistentes causadas por séculos de escravidão, segregação e discriminação. Essas políticas visam proporcionar equidade no acesso a oportunidades para isso entendemos que como bolsas de estudo, cotas raciais e programas de mentoria, ajudam a superar as barreiras estruturais que impedem o pleno desenvolvimento da população negra.
E para quem acha que só poder público pode fazer política de reparação histórica se enganou, instituições privadas também estão chamando para si esta responsabilidade. E hoje eu venho comemorar a iniciativa do Senac Montenegro, que está trazendo para a cidade o Ilê Tech, programa que incentiva jovens negros a iniciar sua carreira na àrea da tecnologia.
O programa cuidadosamente pensado para oferecer empoderamento preto, tem como gancho a tecnologia, àrea de atuação com alto potencial de colocação no mercado de trabalho, impusinando jovens negros a tornarem-se cidadões d o mundo digital. Projeto organizado com curadoria preta e inspirado na iniciativa do Senac de Pelotas, berço da ancestralidade negra no estado do Rio Grande Do Sul. É com esse tipo de arma que se luta na pauta antirracista.
É este posicionamento que esperamos das instituiçoes, que abram as portas e acreditem nos jovens negros. Muito em breve vamos ouvir falar dos voos tecnológicos que saíram daqui. Meu axé, meu obrigado aos idealizadores do projeto, vocês me representam. IBORU!