Disponível no Youtube, filme de Fancis Ford Coppola de 1988 conta a história de um norte-americano que quase revolucionou o mundo dos automóveis
Todas as grandes personalidades da história humana estão nessa lista por pensarem grande. A ambição é a característica que distingue mediocridade de grandeza, mas ser ambicioso também atrai diversos problemas. Um exemplo peculiar dessa situação é o caso de Preston Tucker, um projetista que, movido pelo sonho de revolucionar o automobilismo, ousou enfrentar as grandes corporações automotivas norte-americanas. A trajetória do visionário foi contada pelo ícone do cinema Francis Ford Coppola no filme “Tucker – Um Homem e seu Sonho”, de 1988, que está disponível – inclusive com legendas – para compra no Youtube por R$ 26,90. Apesar da qualidade da produção e do elenco, o filme incompreensivelmente ganhou muito menos holofotes que deveria e sempre foi uma raridade em videolocadoras, além de solenemente ignorado por emissoras de televisão.
A produção de 1988 gira em torno da ideia de Tucker em criar uma montadora de automóveis independente que trouxesse luxo, velocidade e eficiência ao cenário urbano dos Estados Unidos. Porém, já era de se esperar que os fabricantes já estabelecidos no país não gostassem nada dos planos do visionário. As “Três Grandes” (General Motors, Chrysler e Ford) aproveitaram a influência que tinham para travar os planos de Tucker com politicagens e burocracia, mas o protagonista se manteve otimista mesmo quando mais ninguém imaginava uma saída. O carisma do Tucker interpretado por Jeff Bridges, somado à qualidade de todo o elenco e da produção tornam o filme não apenas um longa-metragem excelente, mas uma verdadeira experiência cinematográfica.
Uma característica fundamental de “Tucker – Um Homem e seu Sonho” é que o filme envolve o espectador de tal forma que quem assiste compartilha o desespero dessa época da vida de Tucker e até sofre junto com o protagonista. A diferença é que Preston Tucker nunca tira o sorriso do rosto. Apesar do aerodinâmico Tucker Torpedo não ter alcançado seu potencial dentro da indústria automotiva global, a história do destemido empresário mostra que, por pior que seja a situação, sempre há como sair de cabeça erguida.
Futuro não tão distante
“Weird City”, novo original do YouTube, estreia dia 13 de fevereiro para satirizar a sociedade e seus caminhos futuros
Com o advento das tecnologias, a sociedade humana passou por grandes transformações em seu estilo de vida. Ao mesmo tempo em que diversas comodidades e informações surgiram, em algumas décadas cresceram também as desigualdades, exploração e alienação das pessoas. Assim, quando se pensa sobre o rumo que as coisas estão tomando, algumas especulações tornam-se bem preocupantes. Com esses questionamentos em mente, diversas séries, filmes e livros tecem possíveis futuros para a sociedade humana e suas tecnologias. Desde obras mais antigas, como “Fahrenheit 451” e “1984”, até algumas mais atuais como “Black Mirror”, a distopia é a forma favorita de retratar a realidade no futuro. Também não foge dessa tendência, a nova produção original do YouTube, “Weird City”, que estreia dia 13 de fevereiro.
Ao longo de seis episódios – de aproximadamente 30 minutos de duração cada – o espectador é apresentado a peculiar vida na cidade Weird, onde as diferenças sociais são evidentes. Weird é dividida por uma linha (demarcada por um portão). Acima dela mora a burguesia com suas tecnologias avançadas (os chamados “The haves”, que pode ser traduzido para “os que possuem”) e abaixo da linha vivem os intitulados “The have nots” (“aqueles que não possuem”), pessoas sem acesso aos avanços tecnológicos e sem muitos recursos financeiros. Ao longo dos episódios são trabalhados temas como obsessão por exercícios, vício em rede a sociais, estilo de vida nocivos, problemas de intimidade, entre outros. Assim, por meio da sátira e da comédia, os personagens principais vivem experiências bizarras e destacam problemas da sociedade atual.
Além de abordar um tema bem interessante e cativante, “Weird City” também atrai atenção pela produção envolvida em sua criação. Jordan Peele (ganhador do Oscar de melhor roteiro original pelo filme “Corra!” em 2018) assina a série e o elenco ainda conta com atores já conhecidos na indústria do entretenimento como Dylan O’Brien (“Teen Wolf”), Hannah Simone (“New Girl”), Steven Yeun (“The Walking Dead”), Laverne Cox (“Orange is the new Black”), Geordi La Forge (“Star Trek: Next Generation”), Mark Hamill (“Star Wars”), Ed O’Neill (“Modern Family”), Michael Cera (“Arrested Development”) e Awkwafina (“Podres de Ricos”).
Cesta nada básica
Nova produção do Netflix retrata os bastidores do basquete através de uma premiada equipe criativa
Fundada em 1946 e atualmente composta por 30 times, a NBA é considerada a liga profissional de basquete mais importante no mundo. Dessa forma, o esporte transcendeu o conceito de atividade física para transforma-se numa indústria capaz de movimentar bilhões de dólares com ingressos, propagandas e patrocinadores. Nesse cenário, enquanto os atletas se enfrentam nas quadras, agentes e poderosos empresários travam uma partida bem mais lucrativa nos bastidores. Com o intuito de mostrar essa faceta comercial da NBA, chega dia 8 na Netflix o filme “High Flying Bird”, a primeira colaboração entre a plataforma de streaming e o renomado diretor Steven Soderberg, que ganhou um Oscar por seu trabalho em “Traffic”.
Ao longo de 90 minutos, o filme conta a história de Ray Burke (André Holland), um agente esportivo no centro de uma batalha entre a liga profissional de basquete e seus atletas, que culmina num locaute – termo derivado do inglês “lock out” para referir-se a uma paralisação causada pelos empregadores – com 29 estádios vazios, 300 mil empregos em risco e bilhões de dólares perdidos. Nesse contexto, Ray apresenta a seu cliente mais novo uma intrigante e controversa oportunidade de negócios para desafiar a NBA. Com apenas 72 horas para executar seu ousado plano, o agente acredita ser capaz de mudar para sempre esse sistema e devolver o controle do esporte aos jogadores.
Com roteiro de Tarell Alvin McCraney, ganhador do Oscar por seu trabalho em “Moonlight: sob a luz do luar”, “High Flying Bird” foi todo filmado em um Iphone 7 ao decorrer de apenas duas semanas. Mesmo assim, não deixa a desejar no quesito profissional, igualando-se as produções mais sofisticadas da indústria de entretenimento. Dessa forma, a produção busca, através do minimalismo, explorar o contraste entre jogadores ingênuos e agentes ardilosos, num universo onde empresários constroem verdadeiros impérios às custas dos sonhos e talentos alheios.
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