Ajudar a qualificar

Se, por um lado, o desemprego atinge números alarmantes (11,1% no Brasil, no primeiro trimestre deste ano, por exemplo), por outro, as empresas enfrentam um desafio ao buscar profissionais: a falta de qualificação para cargos específicos. A realidade é sentida por indústrias da região e até mesmo por setores menos nichados, como o comércio.

Para suprir a demanda, sobretudo em momentos de aquecimento dos seus respectivos setores, muitas empresas precisam buscar colaboradores em outros municípios ou até em estados distantes. Outras, que apostam na mão de obra local, procuram oferecer cursos e oportunidades aos montenegrinos. Mas aí esbarram em outro ruído: o alto índice de desistência dos alunos. Somente em Montenegro, esse índice é de mais de 80% daqueles que ingressam nas oportunidades de capacitação gratuitas ofertadas pela Prefeitura. Além de tirar a vaga de outros candidatos, que possivelmente concluiriam os cursos, esses desistentes geram frustração também no mercado, que necessita da força de trabalho, mas precisará aguardar ainda mais tempo, ou buscá-la em outros locais.

Isso não significa, no entanto, que todas as desistências sejam simplesmente por desinteresse. Há aqueles que enfrentam dificuldades que nem imaginamos para tentar melhorar de vida. Para certos candidatos, os R$ 4,80 da passagem de ônibus representam um litro de leite a menos na mesa de casa.
Para outros – sobretudo mulheres – a impossibilidade de deixar os filhos com alguém durante o horário do curso é apenas um exemplo de possíveis impeditivos. Isso sem contar outros imprevistos. Portanto, é preciso, sim, cobrar responsabilidade daqueles que assumem esse compromisso com um curso ofertado gratuitamente. Mas verificar a realidade dessas pessoas e criar alternativas para tentar evitar a evasão também é necessário. Precisamos de incentivos para que as vagas daqui sejam ocupadas por gente nossa, para que a cidade se desenvolva e a economia local tenha ainda mais força para girar.

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