Respeito! Um dos pilares da convivência em sociedade, mas que parece estar cada vez mais escasso entre os semelhantes. Aquelas máximas que aprendemos desde crianças, como escutar o próximo; dar preferência aos mais velhos ou a quem tenha alguma vulnerabilidade; compreender os limites das outras pessoas, são exemplos de empatia que podem ser praticados no dia a dia.
O simples fato de manter o silêncio em horários de descanso é uma grande forma de mostrar respeito. Mesmo essa atitude, tão simples, parece loucura em alguns casos. Enquanto escrevo essa reflexão, às 2 da manhã, estou sendo injustiçada pela falta de noção sobre respeito aos limites alheios por parte de outras pessoas que vêem, neste horário, um ótimo momento para confraternizar ou brigar, bem próximo da minha janela. Mesmo em dias úteis. Quase todas as noites.
Mas não é só sobre isso. Esse momento, digamos, desconfortável, me levou a uma reflexão mais profunda sobre o tema. Por que é tão fácil ver a falta de respeito quando somos vítimas, mas é tão difícil admitirmos que estamos sendo desrespeitosos com outras pessoas? Devemos pensar sobre o quanto podemos ficar alheios, nos momentos em que nossa atitude, alimentada pelo ego ou pela vontade de afirmar nossas próprias vontades, acaba passando por cima de direitos básicos de outras pessoas. E, em alguns casos, inclusive daquelas que nós mais amamos.
Às vezes são atitudes que nos parecem ínfimas. Uma piada ofensiva, um comentário maldoso em momento importante, o carro parado em frente ao portão de outra pessoa são classificadas como “inocentes”, mas demonstram profunda falta de respeito sobre o espaço alheio. E quando essa falta de respeito vai além disso, e atinge grupos inteiros de pessoas, muitas vezes invalidando sua existência? A Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano também é um pouco sobre isso: respeito. À ciência, aos profissionais de saúde, aos índios, negros, mulheres, população LGBTQIA+ e a tantas outras minorias.
Principalmente sobre a garantia do direito mais básico dessas populações: à vida. Porque são essas pessoas as vítimas da violência mais extrema, motivada apenas pelo desrespeito à sua existência. E será que foi isso que gerou tanta revolta? Ou talvez porque a Igreja Católica se uniu (mais uma vez) a outras denominações cristãs para elaborar um texto-base que declare que viver em Cristo é, sim, respeitar o próximo? Ou ainda, porque no cerne deste ódio há a negação de Cristãos que todos somos igualmente filhos de Deus como Jesus ensinou?
A Campanha orienta que a população cobre das autoridades o esclarecimento sobre violências e homicídios cometidos contra as pessoas de grupos minoritários. “Estes homicídios são efeitos do discurso de ódio, do fundamentalismo religioso, de vozes contra o reconhecimento dos direitos das populações LGBTQI+ e de outros grupos perseguidos e vulneráveis”, diz texto da Campanha da Fraternidade.
É sobre viver como Cristo nos ensinou, respeitando o próximo e reconhecendo os direitos fundamentais daqueles que são diferentes de nós. É lindo! E deve sim ser motivo de reflexão. Afinal, tendemos a sempre respeitar apenas aquilo que nos é caro. E Jesus, em sua bondade, nos ensinou a respeitar e amar o próximo com suas diferenças e defeitos. Se tentamos seguir o que ele passou, então que façamos em sua plenitude, e não apenas naquilo que nos convém.
A Campanha Ecumênica é a materialização das igrejas cumprindo seu papel social, orientando os fiéis para que exerçam seu poder de cidadão e cobrem de quem está no poder o cumprimento das suas obrigações. E que seja humano em essência da palavra.