O desafio de envelhecer melhor e em movimento

O Brasil possui a quinta maior população idosa do mundo, com cerca de 29,3 milhões de pessoas a partir de 60 anos. Até 2030, esse grupo de pessoas deverá representar 20% dos brasileiros, quando essa faixa etária já será maior que a das crianças e adolescentes de 0 a 14 anos. Com a idade média da população avançando ano a ano, é natural que a terceira idade seja um público cada vez mais em evidência. Isso vale para os serviços particulares – há uma indústria se transformando para atender aos idosos – e, como deve ser, também aos serviços públicos.

Para entrar nessa corrente, o Ministério da Saúde lançou a “Estratégia Nacional para o Envelhecimento Saudável”, que traz pela primeira vez orientações aos profissionais de saúde e gestores para aumentar a qualidade de vida dessa população. A ideia é que o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) não vise apenas prolongar a vida, mas colabore para sua qualidade. O atendimento às pessoas com 60 anos ou mais deverá priorizar a avaliação funcional e psicossocial, além dos dados clínicos. O objetivo é reduzir a perda da autonomia e aumentar o desempenho cognitivo.

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, do total de idosos no Brasil, 69,9% são independentes para o autocuidado e 30,1% têm alguma dificuldade para realizar atividades da vida diária. Dessa parcela, 17,3% têm muita dificuldade com atividades como preparar alimentos, cuidar da casa, se deslocar; e outros 6,8% apresentam dificuldades com atividades básicas, como vestir-se e alimentar-se. Preocupa também o avanço das doenças crônicas nessa população. Atualmente, entre os idosos de 60 a 69 anos, 25,1% possuem diabetes, 57,1% foram diagnosticados com hipertensão, além de a maioria (63,5%) estar com excesso de peso e 23,1% com obesidade.

“O Brasil está com a projeção de ter um crescimento de pessoas idosas muito maior que outros países e de forma muito acelerada. Com isso, precisamos estar mais preparados para essa nova realidade”, destacou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, quando do lançamento do projeto. O foco, segundo ele, está na saúde e não na doença. “Ou seja, vamos parar de financiar a doença e investir em um atendimento integral à população idosa, justamente para evitar que essas pessoas desenvolvam doenças”, complementou.

Idosos gaúchos se reúnem na 14ª Convenção da Maturidade Ativa Sesc
Exercício físico é justamente um dos hábitos que devem ser incentivados. E um grupo prova que isso é possível, oferecendo um corpo mais saudável e, também, muita diversão. Nessa segunda-feira, 20, em Torres, tem início a 14ª Convenção da Maturidade Ativa Sesc, evento que congrega 1.500 idosos do Rio Grande do Sul.
Durante todo o ano eles se reúnem nas unidades do Sesc e têm atividades de lazer, atividade física e contato social. O importante é não ficar parado.

Viver em saúde para envelhecer melhor
Chegar bem à terceira idade é um reflexo do que se fez na infância, juventude e fase adulta. Daí a importância dos pais ensinarem hábitos saudáveis aos filhos e que estes não sejam esquecidos ao longo do tempo. É claro que muitas doenças e complicadores da qualidade de vida podem surgir de uma situação não planejada, como um acidente, ou de questões que o ser humano não controla, como a carga genética. Porém, a maioria das enfermidades está ligada à forma como se vive.

Uma pesquisa da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan, nos EUA, demonstrou isso. O estudo apontou que pessoas com 50 anos, de peso “normal”, que nunca fumaram e bebem moderadamente têm expectativa de vida sete anos mais longa do que a média norte-americana. Mais do que esticar a vida, os bons hábitos seriam responsáveis por atrasar as deficiências do organismo em até seis anos.

Uma mudança no olhar
Entre os objetivos do atendimento multidimensional está o de identificar melhor as reais necessidades de cada caso. Assim, o acompanhamento desses pacientes será norteado a partir de um projeto terapêutico individual, com ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, tratamentos, reabilitação e cuidados paliativos.

Durante os atendimentos, os profissionais em saúde deverão considerar o nível de independência e autonomia para atividades cotidianas, as necessidades de adaptação ou supervisão de terceiros, a vulnerabilidade social e o estilo de vida. “O envelhecimento é um assunto prioritário e deve ser tratado com cuidado para que seja possível qualificar o atendimento integral a essa população”, reforça o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco Figueiredo.

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Cristina Hoffmann, coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde. Foto: Reprodução internet

A maior aproximação do profissional de saúde à realidade do paciente visa, também, prevenir prescrições inadequadas de medicamentos, o que evitará uso desnecessário de remédios e reduzirá eventuais complicações em função desse uso. “O envelhecimento saudável é muito mais que a ausência de doença. A perda das condições físicas e mentais impossibilita o idoso de realizar atividades do seu cotidiano, o que causa sofrimento para ele e para a família. Por isso reafirmamos a importância de que o cuidado seja multidimensional, considerando diferentes fatores que influenciam na sua condição de saúde”, completou a coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, Cristina Hoffmann.

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