Nova IST? Velhas preocupações

O tempo passa, algumas nomenclaturas mudam, mas as antigas preocupações persistem. No passado as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) assustaram muito, principalmente o HIV, vírus da Aids, uma infecção viral identificada na década de 80 e ainda sem cura que causou muitas mortes pelo mundo. Hoje o termo utilizado pelos médicos é Infecção Sexualmente Transmissível (IST) e uma série de doenças preocupam. As do século passado e, também, novos riscos.

Nas últimas semanas, a Infecção bacteriana mycoplasma genitalium ganhou destaque por se tratar de algo conhecido, além de estar apresentando pouca resistência ao tratamento. O médico Infectologista no Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Diego Falci, destaca, no entanto, que esse já é um agente conhecido, porém, menos documentado que outros. E se percebeu recentemente que ele está mais disseminado entre a população. “Então não é que se trate exatamente de algo novo”, esclarece o especialista. A mycoplasma genitalium é arriscada, também, por ser pouco sintomática, ou seja, o paciente não tem muitos sinais de que está com a doença.

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Diego Falci, médico Infectologista no Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Foto: Reprodução internet

Essa IST é mais perigosa às mulheres, podendo até mesmo levar à infertilidade. “No homem ela até gera uma síndrome parecida, porém, até mesmo em função no aparelho genital, as mulheres têm mais risco”, destaca o especialista. Como sintomas gerais, é possível citar secreções, dores e, entre os homens, a ardência ao urinar.

A maior parte dos casos dessa IST foram registrados na Europa, onde há especial preocupação no Reino Unido. Segundo dados da Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV (BASHH, da sigla em inglês), as taxas de erradicação da bactéria após o tratamento com determinado grupo de antibióticos estão diminuindo. A resistência da mycoplasma genitalium a esses antibióticos é estimada em cerca de 40% no Reino Unido. Já outro antibiótico apresentaria melhor resultado. Falci ressalta, porém, que os dados disponíveis até o momento sobre a resistência do vírus aos antibióticos ainda são inconclusivos, exigindo cautela. “Ainda não é possível afirmar com certeza que esse vírus é mais resistente ou não”, diz o infectologista.

Total certeza há sobre a prevenção. O uso de preservativos, feminino ou masculino – distribuídos gratuitamente pelo Sistema único de Saúde (SUS) – é a principal forma de prevenir a mycoplasma genitalium e os ISTs, como a Aids ou a sífilis. Profissionais da saúde concordam que nos últimos anos a população recuou nos cuidados e, por isso, a transmissão voltou a crescer. “Temos observado um retorno preocupante das Infecções Sexualmente Transmissíveis. Da sífilis, principalmente, há um aumento expressivo nos casos”, diz Diego Falci. Ele explica, ainda, que a documentação dos casos nem sempre ocorre, diminuindo os registros. “Mas sabemos que aumentou exponencialmente nos últimos 10 anos a ocorrência. E trata-se de uma doença grave, que pode levar ao surgimento de problemas cardiovasculares e neurológicos e até à morte.

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Uso do preservativo é a melhor forma de prevenir ISTs. Foto: Reprodução internet

o que é?
A Mycoplasma genitalium é uma bactéria que pode ser transmitida por meio de relações sexuais com um parceiro contaminado. O uso de camisinha é o principal meio de prevenção.

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