Que o Sol é indiscutivelmente importante para a vida, isso todo mundo sabe. Ele é fonte de vitamina D, essencial para manter o equilíbrio mineral no corpo. No entanto, como tudo na vida deve ser apreciado com moderação, a exposição a altas temperaturas pode ser muito perigosa ao organismo, de modo a predispor doenças, em especial a insolação.
Chamada também de heliose, o problema ocorre a partir de um mal-estar decorrente do superaquecimento do corpo, geralmente como resultado da exposição solar intensa e prolongada (quando a temperatura corporal passa dos 40°C). Dessa forma, o mecanismo de transpiração falha e o corpo não consegue se resfriar. Muito comum no Verão, se a insolação não for tratada rapidamente, pode gerar danos definitivos ao cérebro, o coração, os rins e os músculos, além de queimadura de até 2º grau.
“As queimaduras solares são causadas pelos raios UVB que estão em maior intensidade entre 10h e 16h, antes e após esse horário, prevalecem os raios UVA que são responsáveis pelo envelhecimento e câncer de pele. Logo, não importa o horário, o uso de filtro solar é obrigatório em qualquer parte do dia e deve ser aplicado a cada 2 horas”, explica a dermatologista Daiana Decusati.
A bióloga Caroline Casseres, 32, conta que enfrentou o problema duas vezes. A primeira com 12 anos, e a mais grave aos 18 anos. “No primeiro episódio foi só ardência na pele, já o segundo foi mais grave. No dia, eu passei o protetor solar fator 30 e fui para a praia no horário de meio-dia, e mesmo com o clima bem nublado, peguei insolação”, relembra Carolina. “Na hora não percebi, mas no outro dia de manhã fui levantar da cama e desmaiei; não conseguia voltar. Fui levada ao pronto socorro e diagnosticada com hipoglicemia, já quase entrando em choque em consequência da desidratação, sem contar as bolhas que se formaram no meu corpo .”
Caso ocorra uma queimadura solar, que pode ser identificada por vermelhidão na pele, queimação ou ardência, é necessário que não haja mais exposição ao sol até que a área afetada esteja totalmente recuperada. Conforme a dermatologista, pode ser aplicado hidratante específico para refazer a barreira cutânea da pele (próprios para peles sensibilizadas, sem perfume, sem corantes), sem esquecer, é claro, a ingestão de água e nunca tampar a área afetada com curativos para que a pele absorver o hidratante.
“Se a queimadura for extensa e faça bolhas [o que indica que a queimadura é de segundo grau, logo mais profunda] e o paciente tenha febre, desidratação, mal estar ou vômitos, deve se dirigir rapidamente para um pronto socorro”, orienta a especialista.
“Os riscos das queimaduras solares vão desde manchas, infecções, desidratação, até choque e morte.”
Depois das experiências traumáticas com insolações, Caroline revela que passou a adotar algumas medidas preventivas para ela e sua família, já que hoje é mãe dos gêmeos Miguel e Manuela, atualmente com 2 anos e 3 meses.
“Hoje o cuidado é maior, com muito protetor solar fator 60 ou 70 e de boa qualidade”, ressalta a bióloga. “Com as crianças procuro comprar roupas especiais que tenham proteção solar, assim como o carrinho deles, e nos dias muito quentes evitamos sair de casa porque com o sol não se brinca e eu sou prova disso”, completou Caroline Casseres.
Complicações possíveis
A insolação pode causar algumas complicações que variam conforme a duração de exposição ao sol e alteração da temperatura do corpo. Entre as consequências mais comuns está a desidratação, causada pelo excesso de exposição ao sol por longos períodos, sem ingestão de água ou reposição de fluidos. Caso não ocorra uma resposta rápida à temperatura corporal elevada, a insolação pode fazer com que órgãos vitais sofram danos permanentes. O cérebro, por exemplo, pode não se recuperar totalmente e ficar com sequelas, como alteração da personalidade, letargia (profunda e prolongada inconsciência) ou falta de coordenação.
Nos casos mais graves, quando o paciente apresenta temperatura interna de 40ºC e começa a ter desmaios, convulsões, alucinações, confusão mental ou pele avermelhada, ele deve ser encaminhado rapidamente ao hospital e ser internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Se não for feito o tratamento adequado o problema pode ser fatal, levando à morte.
Atenção aos sintomas da insolação
A exposição prolongada ao calor forte, como praia com sol quente, a temperatura do nosso corpo sobe, os poros se abrem e começamos a suar. A insolação é quando o corpo esquenta muito e esse mecanismo não dá conta de reduzir a temperatura. Alguns sintomas:
– Tontura;
– Sensação de desmaio;
– Náusea e vômito;
– Tremores;
– Febre;
– Boca seca;
– Xixi mais concentrado;
– Pele seca;
– Pele quente;
– Pulso rápido;
– Distúrbios visuais;
– Confusão mental;
– Pele avermelhada;
– Palidez.
Aprenda a evitar!
Entre as medidas mais recomendadas para evitar a insolação estão precauções simples como ficar em lugares ventilados ou na sombra e não permanecer muito tempo exposto ao calor, especificamente das 10h às 16h. De acordo com a Sociedade Brasileira de dermatologia (SBD), essas regras valem principalmente para idosos e crianças, grupos mais propensos a sofrer insolação.
Outra orientação importante é o uso do filtro solar, chapéu e roupas de algodão nas atividades ao ar livre, pois eles bloqueiam a maior parte da radiação UV, além do uso dos óculos de sol, que previnem catarata e outras lesões nos olhos. Tecidos sintéticos, como o nylon, bloqu
eiam apenas 30%.
Hidratação e proteção são palavras-chaves no Verão da professora de dança e artista Camila Pasa, 26, que segue à risca todas as orientações de cuidados para os dias mais quentes. Para ela, beber água é indispensável.
“Eu nunca tive insolação, acredito que seja porque considero esses cuidados básicos durante a estação do ano que eu mais gosto e aproveito. E é sempre bom lembrar os/as amigos/as e pessoas próximas de beber água e não passar tantas horas no sol, ou ir para o sol em horários indicados”, destaca Camila.
Utilize o filtro solar corretamente
O verão é o momento de intensificar o uso de filtro solar, que deve ser aplicado diariamente, e não somente nos momentos de lazer. Os produtos com fator de proteção solar (FPS) 30, ou superior, são recomendados para uso diário e também para a exposição mais longa ao sol (praia, piscina, pesca etc.).
De acordo com SBD, o produto deve proteger contra os raios UVA (indicado pelo PPD) e contra os raios UVB (indicado pelo FPS). Aplicar o produto 30 minutos antes da exposição solar, para que a pele o absorva. Distribuí-lo uniformemente em todas as partes de corpo, incluindo mãos, orelhas, nuca e pés. Reaplicar a cada duas horas. Porém, atenção, esse tempo diminui se houver transpiração excessiva ou se entrar na água.