Cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofrem de ansiedade. O dado é da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número significa cerca de 9,3% da população, tornando-se o país com o maior número de pessoas que sofrem com a doença mundialmente. O medo é uma das principais motivações para desencadear os sintomas desta doença.
Os sintomas da ansiedade para Eduarda Flores da Rosa, 21, começaram com o trauma de perder a melhor amiga. “Na adolescência eu já comecei a perceber algumas atitudes da ansiedade, mas foi só após a morte da minha melhor amiga que comecei a ter ataques severos”, conta. Aos poucos, ela foi percebendo alguns sintomas diferentes e situações extremas. “Foi como se o trauma tivesse servido como gatilho para crises horríveis de ansiedade”, explica.
A aceitação nem sempre é fácil. Uma das barreiras para a estudante de direito foi reconhecer que estava sofrendo com a doença. “Eu demorei alguns meses pra aceitar que aquilo era uma doença, mas assim que eu aceitei que precisava de ajuda, comecei a ir na terapia com psicóloga e psiquiatra”. Com o início do uso de medicações, Eduarda começou a sentir o alívio dos sintomas e crises. Entretanto, desenvolveu outros métodos para controlar seu problema. “Aprendi a fazer exercícios de respiração quando estou em crise, meditação e músicas relaxantes antes de dormir ajudam muito”, comenta.
O tratamento com o acompanhamento de uma profissional foi essencial no controle do quadro. Para a estudante, isso é muito importante no controle da ansiedade. “Às vezes, a gente tem certo preconceito em procurar ajuda médica, pois antigamente intitulavam as pessoas de “loucos”, por questões psicológicas, mas eu acho que é essencial ter o tratamento indicado pelo profissional”, afirma. Além disso, ela conta que todo o controle da ansiedade que possui hoje foi graças ao acompanhamento médico que teve.
Ansiedade e a relação com o medo
A ansiedade é um sinal de alerta. Segundo a psicóloga Fabiani Ramos de Moraes, serve para avisar sobre um perigo iminente. “O medo é um sinal de alerta similar que se distingue da ansiedade por ser uma resposta a uma ameaça conhecida, externa, definida e de origem não-conflituosa”. A doença, que foi estudada por Freud em 1926, está relacionada ao sinal de presença de perigo. Ainda, se associa com um medo subjetivo, que muitas vezes não possui origem que possa ser denominada por quem sente.
“A patológica se dá quando a ansiedade passa a ser algo que cria limitações na vida cotidiana”, explica Fabiani. Causando mau funcionamento em sistemas como nervoso central, sistema endócrino, sistema imunológico e ou sistema cardiovascular, é preciso ficar atento ao desenvolvimento de um Transtorno de Ansiedade. Entre outros sintomas, estão as sensações desagradáveis, inquietação, preocupação, receio, temor, dor de cabeça, transpiração, palpitações, aperto no peito e leve desconforto abdominal. “Os Transtornos de Ansiedade possuem diversos espectros que variam em grau, intensidade e na forma como se apresentam”, afirma a psicóloga.
A procura pela ajuda médica e psicológica continua sendo a melhor forma de tratar adequadamente a situação. No caso que os sintomas comecem a interferir no dia-a-dia, a busca por um profissional é essencial. “O acompanhamento psicológico também possui um papel importante no tratamento da ansiedade. Através da psicoterapia, os gatilhos podem ser identificados e tratados, assim como a mudança de crenças e comportamentos que podem ser trabalhados como uma forma de prevenção às crises de ansiedade”, finaliza Fabiani.