O Hospital Unimed Vale do Caí (HUVC) está realizando uma cirurgia com técnica avançada para o tratamento de pacientes com glaucoma. É uma doença crônica, silenciosa e incurável, mas pode ser controlada na maioria dos casos com o acompanhamento adequado. A técnica tem o objetivo de diminuir a pressão intraocular.
O procedimento consiste em implantar um dispositivo chamado de Válvula de Ahmed. Basicamente, um tubo que retira o líquido de dentro do olho (chamado humor aquoso) e o dispersa embaixo da conjuntiva (fina membrana transparente que cobre a esclera, que é parte branca do olho), reduzindo a pressão intraocular. “Depois, o tubo é recoberto com uma pequena porção de esclera doada por alguém que faleceu e doou seus órgãos”, complementa o Pietro de Azevedo, responsável pelo procedimento na instituição.
A técnica é utilizada em casos de glaucoma que não respondem bem ao tratamento clínico (laser e colírios) e nos casos em que a cirurgia antiglaucomatosa padrão (chamada trabeculectomia) tem alto risco de não funcionar. O método, no entanto, não cura a cegueira. “A pressão alta dentro do olho lesa as fibras do nervo ocular e isso causa cegueira. Controlando a pressão, evitamos a cegueira”, completa o médico. Também há casos de pacientes cegos ou com a visão muito ruim e com pressão alta, que causa dor. Assim, cirurgia soluciona esse sintoma.
É uma cirurgia ambulatorial, que não necessita de internação hospitalar. O paciente fica com um curativo no olho por menos de 12 horas e não costuma alterar a sua visão. “O paciente precisa fazer repouso relativo por uma semana. Não carregar peso, não fazer exercício físico e não coçar o olho”, lembra o médico.
Mais de 1 milhão de casos
Estima-se que o Brasil já registra 1 milhão de casos da doença, embora o número deva ser bem mais elevado, uma vez que calcula-se que 50% dos portadores desconhecem a doença, por não ter acesso ao atendimento médico.
O glaucoma é um grupo de doenças dos olhos que causa dano progressivo ao nervo óptico no ponto onde ele deixa o olho para transportar informações visuais para o cérebro. Se não forem tratados, a maioria dos tipos de glaucoma (sem aviso nem sintomas óbvios para o paciente) avança e gradualmente agrava os danos visuais, podendo levar à cegueira irreversível.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco são histórico familiar, pressão intraocular elevada, idade acima de 50 anos, diabetes, uso prolongado de corticoides, presença de lesões oculares e descendência negra. Por isso a Sociedade Brasileira de Oftalmologia recomenda consultas anuais a toda pessoas as partir dos 40 anos ou mais. Quem tem histórico familiar deve consultar um oftalmologista mais assiduamente.