Em apenas dois meses – entre maio e junho – a Universidade de São Paulo (USP) registrou pelo menos quatro casos de suicídio entre os seus estudantes. De tão grave a situação, a instituição de ensino anunciou a criação de um Escritório de Saúde Mental na universidade. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o vice-diretor do Instituto de Psicologia e coordenador do programa, Andrés Eduardo Aguirre Antúnez, relatou que os estudantes de todos os campi da USP terão acesso ao escritório por meio de plataforma na qual o aluno poderá dar indicativos de que precisa de orientação. Quando necessário, serão agendadas também reuniões presenciais.
Andrés Eduardo Aguirre Antúnez afirmou, ainda, que o escritório terá um espaço provisório na Superintendência de Assistência Social da USP. Esta é a primeira vez que a Universidade de São Paulo, uma das mais importantes e conceituadas do País, tem uma ferramenta unificada de assistência psicológica. Porém, na Faculdade de Medicina, de Odontologia e no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação já são realizadas iniciativas próprias para serviços de atendimento psicológico.
Atualmente, em todo o ensino superior, seja na rede pública ou privada, há relatos de atentados contra a própria vida. E os jovens são a faixa etária onde os suicídios mais crescem e preocupam. Entre as principais queixas que levariam os estudantes a cometer os atos fatais contra si mesmos está a pressão nos estudos, relação problemática com os colegas, cobranças por resultados na família e uma carga horária exagerada entre estudo e trabalho.
O suicídio já é considerado no Brasil a quarta causa principal de morte entre os jovens. Os dados nacionais apontam aumento de 73% entre 2000 e 2016, de 6.780 para 11.736 mortes. Recentemente, o Ibiá fez matéria alertando para o aumento dos casos, despercebido muitas vezes, em função de não serem registrados. Houve destaque a respeito da questão do risco entre os jovens. “A solidão e o isolamento também estão afetando os jovens. Muito em função das novas tecnologias”, comentou a psicóloga Neida Rocha. Já Daiana Gallas, também psicóloga do Caps de Montenegro, complementou: “Falamos que tem aumentado os casos entre jovens e consideramos nessa faixa dos 15 aos 29. Mas e os que acontecem antes dos 15? Fato é que eles existem”, disse. É preciso muita atenção entre os pais.
Como pedir ajuda?
Se você está depressivo e/ou com idealização suicida, ou tem algum familiar nessa situação, procure ajuda. Uma alternativa é o Centro de Valorização da Vida (CVV), no qual, pelo telefone 188, numa ligação gratuita, é possível conversar com voluntários. A busca de auxílio também pode ocorrer indo diretamente ao Caps, ao Ambulatório Interdisciplinar de Saúde Mental, na SMS, ou em qualquer Unidade Básica de Saúde.