A cura que vem com benzedura

…Que os sete anjos te acompanhem. O coisa ruim que não te agarre. Se tiveres quebrante, inveja ou mau olhado, com dois te botaram, com três eu te tiro. Com o Santo nome de Deus e a Virgem Maria… Esse é um pequeno trecho do que é dito por Denaide da Silva Antônio, de 80 anos, ao benzer os muitos que lhe procuram. Para alguns apenas palavras, para outros o caminho da cura.

Todas às segundas, quartas e sextas-feiras o portão da casa de Denaide permanece aberto, na Timbaúva. Às vezes nos outros dias da semana também, porque negar o conforto a quem precisa é difícil para a benzedeira. É o dia todo com entra e sai de pessoas. Grande parte vinda em busca do alívio para problemas de saúde. A prática começou há mais de 50 anos e teve início devido a enfermidades da própria Denaide. Sentindo-se mal e frequentando muitos consultórios médicos sem encontrar a cura, ela procurou por tratamento espiritual. Acabou por oferecer a caridade. “Acho que não foi algo que aprendi com alguém. Eu me sentia ruim e ia me benzer. As palavras passaram a vir de mim. Quando passei a atender aos outros, fazer a caridade, minha vida caminhou pra frente”, conta.

A benzedeira se diz de religião católica, mas em sua benza aparece uma mistura de várias crenças. E qual a religião não importa para quem lá vai. Nas mais de cinco décadas de trabalho, Denaide viu a cura acontecer e ser atribuída à fé. “Chegam aqui com dor e saem afirmando não tê-la mais. Sei que não sou eu a responsável. Se fosse, tirava minhas próprias dores. Sou apenas um instrumento de Deus”, diz ela. Mas benza não resolve tudo. “Ajuda se o problema for espiritual”, diz ela.

Há quem ela viu nascer que hoje leva os filhos para benzer. “Trazem muita criança que não dorme bem”, conta. E como muitos afirmam ter se curado, retornam sempre que têm um novo problema. Se o público se renova a cada dia, encontrar quem tenha o dom parece cada vez mais difícil. “Os jovens não querem o compromisso de ajudar”, acredita. A idade avançada não a faz pensar em parar. Enquanto tiver forças, ela afirma que seguirá. “Cumpro uma missão, enquanto puder, farei. Quando ‘eles’ virem que preciso de descanso, me darão”, define ela.

Benzedura não pode ser fonte de renda, Denaide deixa claro. “O que Deus dá de graça a gente não deve cobrar. Acho que benção de verdade não é cobrada”, explica. A costureira aposentada conta que o dinheiro jamais serviu de motivação para fazer benzeduras. Muitas pessoas que lá vão resolvem fazer uma contribuição, que é aceita por ela. Porém, todos são recebidos em sua casa, independente de contribuir ou não.

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Denaide da Silva Antônio benze há mais de 50 anos

A benzedeira também recebe ajuda do plano espiritual
Assim como oferece caridade a quem lhe procura, a benzedeira Denaide da Silva Antônio também confia sua própria saúde ao plano espiritual. Há 15 anos, quando sofria de crises de vesícula, ela procurou auxílio na medicina tradicional. Mas chegar ao diagnóstico foi algo complicado. Não sabiam do que ela sofria. Quando, porém, já estava com uma cirurgia com data marcada, Denaide resolveu que essa não era a melhor opção.

Ela enviou uma carta para o Templo Espírita Tupyara, no Rio de Janeiro. Eles oferecem cirurgias pelo espaço, ou seja, somente pelo plano espiritual. Seguiu as orientações deles e afirma que, desde então, jamais voltou a sofrer do problema, nem precisou de cirurgia física. Isso, porém, não a faz incentivar o abandono de tratamentos tradicionais. “O plano físico e espiritual se complementam. Há casos em que as dores e as doenças vêm das energias ruins e, no meu caso, o centro espírita resolveu o que era e os médicos daqui não conseguiam”, diz. Ela, que afirma, porém, ter a sua rotina de cuidados com a saúde, não deixando tudo apenas nas mãos da fé.

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