Vacinação animal e humana é a melhor forma de prevenção à doença
Com letalidade em aproximadamente 100% dos casos, a raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave, que acomete mamíferos, inclusive o homem. Causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae, essa doença afeta o sistema nervoso central, levando à inflamação do cérebro e geralmente à morte, se a doença não for devidamente tratada. A infecção apresenta três ciclos de transmissão, sendo o urbano representado principalmente por cães e gatos; o rural por animais de produção, como bovinos, equinos, suínos, caprinos e silvestre, representado por raposas, guaxinins, primatas e, principalmente, morcegos.
Por isso, a melhor forma de prevenção é a vacinação animal e humana, mas há outras formas, como o soro antirrábico e a realização de bloqueios de foco animal. A raiva pode ser transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio de mordidas, mas também pode ser passada adiante através de arranhões e lambidas. Mas, lembre-se: nem toda mordida ou lambida de animais transmite a raiva. Para haver o contágio, o animal precisa ser portador do vírus.
O período de incubação do vírus é variável entre as espécies, desde dias até anos. Nos cães e gatos, a eliminação do vírus pela saliva ocorre de dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre cinco e sete dias após a apresentação dos sintomas. Já para o ser humano, há uma média de 45 dias, tempo que pode ser mais curto em crianças.
Após a incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos da raiva, que duram em média de dois a 10 dias, quando não há assistência médica. Para os animais, os sintomas são a dificuldade para engolir, salivação abundante, mudança de comportamento (como agressividade, agitação e desobediência), mudança de hábitos alimentares, paralisia das patas traseiras, fotofobia (aversão a luz, o animal se esconde em locais escuros), convulsão generalizada, cólicas e vômitos. Nos cães, o latido torna-se diferente do normal, parecendo um uivo rouco, e os morcegos, com a mudança de hábito, podem ser encontrados durante o dia, em horários e locais não habituais.
Já o humano apresenta mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaléia, náuseas, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude, sensação de angústia e alterações de comportamento. Posteriormente, a infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como ansiedade crescente, febre, delírios, espasmos musculares involuntários e até mesmo convulsões.
Previna-se: animais e humanos devem se vacinar
A montenegrina Elisandra Leite de Almeida, 41, esteve em uma situação complicada. Não vacinada com a antirrábica, Elisandra foi mordida por um cachorro de rua durante seu trabalho, no fim da semana passada. “Achei que ele só vinha me cheirar e não dei bola. Quando virei as costas ele me atacou na perna. Vi que tinha cortado a calça, senti uma ardência, porém achei que não tinha machucado muito”, relata. Ela continuou trabalhando normalmente. Ao chegar em casa, viu que realmente a mordida tinha pegado em sua perna, então, lavou o local com água e sabão. “Não fui ao médico por não estar doendo, mas no outro dia, quando acordei, vi que o local estava escuro. Fui ao hospital e lá apenas me receitaram mertiolate, mas pediram para que eu procurasse o posto para tomar a antirrábica”, detalha.
Ao buscar o posto, Elisandra conta que, de primeira, foi preenchido um formulário referente ao local a mordida e de onde era o cachorro. “Me aplicaram uma antitetânica, fui questionada se eu não teria como acompanhar o cachorro por 7 a 15 dias e se eu queria tomar a antirrábica”, salienta. Assim, duas doses foram aplicadas, e, segundo Elisandra, mais algumas doses foram marcadas para os três dias seguintes. Mesmo sem saber se o animal tinha a raiva, Elisandra tomou as providências para evitar que, caso estivesse contaminada, a doença não se desenvolvesse.
A melhor forma de tratamento é a prevenção com a vacinação. Para cães e gatos, a melhor forma de prevenção da raiva é a vacinação anual da antirrábica, já que não há cura para a doença. Além disso, cuide para que o seu pet não tenha contato com animais doentes. Já a vacina antirrábica humana é indicada para a prevenção da raiva em crianças e adultos, podendo ser administrada antes e após a exposição ao vírus, são as medidas de prevenção de pré e pós exposição. A de pré-exposição consiste em imunizar pessoas com risco de exposição permanente ao vírus da raiva, como médicos veterinários, biólogos, estudantes de ambas áreas, agronomia, zootecnia e áreas afins. Já a pós-exposição baseia-se em lavar imediatamente o ferimento com água e sabão e procurar o quanto antes uma unidade de saúde para avaliar a necessidade de vacina ou soro.