Trabalhos são divulgados a partir de ajuda do recurso emergencial
O montenegrino Mateus Araujo foi um dos artistas contemplados pela lei Aldir Blanc no município. Em 2015, pela editora Kazuá, lançou seu primeiro livro “Crônicas de um pai grávido”, que inclusive lhe rendeu diversos prêmios. Como escritor, pôde, no último dia 16, lançar seu mais novo trabalho, o e-book “Quase”, livro publicado pela Zum Editora. Segundo Araujo, a obra é um conjunto de textos, ou seja, contos e crônicas, escritas por ele entre 2016 e 2020 e que não haviam sido publicados até então. “A ideia é falar sobre cotidiano com olhar crítico e bom humorado”, afirma.
Para o escritor, poder contar com recursos da lei foi excepcional. “Contar com os recursos do projeto colaborou para a efetivação da publicação. Isso para custear os profissionais envolvidos, que são editor, diagramador, revisor, bibliotecária, etc”, ressalta. Para ele, é um incentivo a mais para o pessoal das Artes. O livro teve capa de Gilp Kipper, revisão de Robertson Frizero e apresentação de Braulio Tavares, professor de literatura também premiado. Quanto aos prefácios, são de Dilan Camargo: poeta, professor universitário e patrono da feira de Porto Alegre; e Thedy Corrêa: escritor e vocalista da banda Nenhum de Nós.
Audiovisual também se destaca
O grupo de teatro montenegrino Bando de Teatro Popular Revoada também pôde lançar seu projeto devido aos recursos da lei. Com nove integrantes, o Bando surgiu, com esse nome, em 2019. O trabalho se trata de um média-metragem de 18 minutos, nomeado “Ibiraiara News em: A Grande Reportagem”. No enredo, três repórteres de um telejornal montenegrino decadente recebem uma ligação do prefeito informando que o Gigante de Pedra está acordando. Assim, decidem voltar no tempo para descobrir como fizeram o Gigante dormir no passado, para salvar a cidade de Montenegro e faze a reportagem de suas vidas.
Tiago Bayarri, um dos integrantes do grupo, explica que antes da pandemia, o grupo já tinha um espetáculo de teatro de rua chamado Histórias de Montenegro. “Lá trazíamos muitas lendas e histórias da cidade na linguagem do teatro, para todas as idades, no objetivo de resgatar o imaginário cultural do município e fortalecer um sentimento de carinho e pertencimento com a cidade”, afirma. O espetáculo foi apresentado mais de vinte vezes, entre espaços públicos e escolas de Montenegro e região, mas a pandemia dificultou as coisas. Sem a possibilidade de fazer teatro para um grande público, o grupo se reinventou com trabalhos em vídeo. Daí surgiu o média-metragem.
Para Bayarri, os recursos da lei foram e estão sendo essenciais. “Com a chegada da pandemia, o teatro deixou de ser uma forte renda como antes era, tanto pra mim quanto pro resto do pessoal. Esses recursos serviram não somente para nossos cachês enquanto artistas e criadores, mas também para fazer possível a criação deste nosso projeto”, finaliza.
Outra artista que pôde realizar um trabalho graças aos recursos foi Lisa Borchardt. Integrante da Associação Montenegrina de Artistas (Amarti), Lisa produziu, com ajuda de amigos, um vídeo de aproximadamente 15 minutos que foca nas belezas e histórias de Montenegro. Sem roteiro e script, Lisa conta que as ideias foram surgindo ao longo das gravações. “Eu tinha uma proposta pro meu projeto que era fazer um vídeo que fomentasse o carinho, conscientização e curiosidade pela história de Montenegro. Mostrar aquilo que qualquer cidadão deveria saber”, pontua. A artista faz agradecimento especial ao historiador Flávio Patrício Vargas, à Andy, que lhe ajudou nas gravações e o pescador Valdir Bonifácio, que foi quem cedeu um passeio de barco que rendeu belas imagens ao trabalho.
Lisa conta que a chegada do recurso da lei é incentivador e muito importante. “É a primeira vez que recebo recurso por meio de incentivo estadual com apoio municipal. Achei extremamente importante. Muito positivo. Quisera ter sequência e ser contante. Sem dúvida, esse valor veio para amparar artistas onde a Arte em quase toda sua totalidade está em isolamento e não chega para pagar as contas. Esse recurso me encorajou a fazer algo desafiador para despertar sentimentos esperançosos pela cidade”, pontua.
Mas, ainda há muito para se caminhar. “A Arte está em situação de emergência faz tempo, principalmente em Montenegro, muito antes da pandemia. Ainda não vejo a Cidade das Artes. Falta investimento e recursos de fácil acesso que beneficie os pequenos artistas”, finaliza.