Amarti: a promoção da identidade cultural de Montenegro

Entidade busca artistas para fortalecimento e visibilidade

Retomada desde 2013, a Associação Montenegrina dos Artistas, a Amarti, vem trabalhando duro, e por si só, em busca de cada vez mais traduzir para montenegrinos e turistas a identidade cultural do município. Os artistas que fazem parte do grupo dividem a mesma opinião: infelizmente, o título de Cidade das Artes não chega nem perto do que a entidade sonha para Montenegro. Um dos, se não o maior objetivo da Amarti é o trabalho na promoção da bergamota montenegrina, já que a cidade é seu berço, mas pontos como os morros da cidade e Orla do Rio Caí também são foco em seus trabalhos de divulgação. “A bergamota é um símbolo só nosso e de mais ninguém por lei Estadual. Por que não a utilizamos? Deveríamos estimular a bergamota em nossa gastronomia, e claro, na Arte. Todo mundo deveria explorar mais isso”, pontua Lisa Borchardt, membro da Associação.

Além da batalha para conseguir promover a identidade da Cidade, os artistas ainda lamentam o pouco apoio que recebem em Montenegro, tanto financeiro como cultural, já que o trabalho de todos os membros geralmente é voluntário, apenas por amor à Cidade. Para se ter uma ideia, atualmente a associação conta com apenas 23 artistas justamente na Cidade das Artes, com quase 70 mil habitantes. “A Amarti pode fazer tanta coisa e não faz por falta de apoio. A gente faz voluntariamente, mas isso não deveria ser assim. Com recursos, poderíamos levar os projetos muito mais longe”, destaca Lisa, que relembra que a Amarti não deve ser lembrada apenas por ter a maior parte de artistas no ramo de artesanato. “Qualquer pessoa pode ajudar de alguma maneira. Quem acredita na força disso que estamos tentando construir pode nos ajudar com valores espontâneos, mas a gente precisa de apoio de todas as formas. Cadê nossos músicos? Atores? Dançarinos? Escritores? Precisamos de vocês”, argumenta.

Por isso, quem quiser mais informações sobre a Amarti, ou até mesmo tiver interesse em realizar alguma doação e participar do grupo pode entrar em contato com Lisa, através do número (51) 9 9905-1906; Jaqueline: (51) 9 9942-2633; Arcelônia: (51) 9 8052-0448 ou Rejane: (51) 9 8163-2401.

Produtos são diversos e o foco é utilizar sempre a bergamota montenegrina e pontos turísticos da cidade nas produções

“Cada artista tem sua forma de dizer que ama Montenegro”
Na associação, cada artista tem a sua forma de dizer que ama Montenegro. Arcelônia Fagundes Kraemer é outra artista membro e se destaca no trabalho de pintura em tecido. Além disso, ela é a que mais vende lembranças nas feiras da cidade. Arcelônia conta que está constantemente pensando e programando novos trabalhos, sempre com base na bergamota montenegrina e citricultura em si. Jaqueline Zibetti também faz parte da associação e é muito conhecida por seu trabalho com reciclagem. Mandalas com a utilização de CD’s, trabalhos com garrafa pet e aventais produzidos com sacos de ração são destaques. “Além da reutilização, o cuidado na hora de produzir faz com a peça seja bonita e única”, afirma. Ainda, tem sua produção de sabonetes naturais com formato e aroma de bergamota, um diferencial na cidade.

Rejane Rammé também trabalha muito com o reaproveitamento e tem foco no trabalho com garrafas de vidro. “Eu não posso ver um vidro que quero guardar, já não tenho mais espaço em casa. Eu acho um desperdício, porque o vidro pode virar muitas coisas, como luminárias ou até recipientes para guardar alimentos. O material do vidro é muito útil para se tornar lixo”, salienta. Rejane também trabalha com pinturas de azulejos a dedo e reutilização do papelão, além de confeccionar lembrancinhas com tampas de garrafas. “Tudo que eu vejo eu reutilizo, acho que as pessoas estão cada vez mais descartáveis e sempre gerando mais lixo. Isso me dói”, ressalta.

Já Lisa destaca um projeto que será seu foco em 2022. Fazem cerca de seis anos que a artista produz artes gráficas que retratam Montenegro e neste ano, com o apoio da Doc Fotos, lançou dez imagens que estamparão camisetas e canecas para venda. Ela conta que toda vez que uma pessoa comprar um produto, 10% do valor é repassado para a Amarti. “Esse valor nos ajudará na promoção de outros projetos. A gente promove oficinas de maneira voluntária, onde muitas vezes até mesmo o material a gente quem tem que comprar do nosso bolso. O valor vai nos ajudar nisso. A gente quer que as pessoas se sensibilizem com o poder que a Arte tem, por isso seguimos”, explica. Lisa conta que os direitos autorais das artes criadas por ela já são da Amarti, e salienta que qualquer pessoa que queira utilizar as artes sem finalidades políticas e para benefício próprio em comercialização, pode utilizá-las. Já quem tiver interesse em vender produtos com as artes deve entrar em contato com a Associação para um acordo que valorize o trabalho e a artista.

Lisa afirma que o intuito deste projeto é, além de mais uma vez promover a identidade de Montenegro, estimular outros artistas ao engajamento com a associação. “A gente precisa muito de mais membros para poder seguir e crescer”, finaliza. Os supermercados Mombach foram os primeiros parceiros do projeto. Uma das artes feitas por Lisa será estampada no muro do mercado do bairro Timbaúva, onde, em contrapartida, a direção da rede de mercados cedeu 50 camisetas prontas com as artes já para venda.

Casa do Artesão é uma grande conquista
Com a aprovação do projeto de lei 72/2021 na Câmara de Vereadores, o Governo Zanatta vai criar a Casa do Artesão Montenegrino. O dispositivo autorizou o aluguel de um imóvel para a iniciativa, cujo regimento interno será elaborado pelo Departamento de Turismo em parceria com artesãos do município. Poderão integrar o espaço, fazendo a comercialização de seus produtos, artesãos que residam em Montenegro, cadastrados na Fundação Gaúcha do Trabalho Social. Eles precisam estar vinculados a algum grupo local: Amarti, Gols, Brick da Estação e/ou Mercado do Artesanato. Haverá uma avaliação prévia dos interessados.

Segundo Arcelônia, a Casa do Artesão será uma referência em Montenegro. “Muitas vezes as pessoas vêm de fora para comprar alguma lembrancinha ou fazer cursos que ministramos e querem saber onde a gente fica, onde podem nos encontrar, e nós não tínhamos o que dizer. Agora teremos. Isso é um grande avanço e uma grande conquista”, ressalta. O uso da casa não terá custo, mas precisará ser mantida aberta de domingo a domingo. Como contrapartida, os contemplados organizarão oficinas de artesanato para as escolas. Em março e julho de cada ano será aberto cadastro para novos artesãos. O espaço também terá como finalidade ser um posto de informações turísticas.

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