Mesmo com as dificuldades, a esperança de Patrícia se renova para o futuro
“A tristeza e a decepção ainda estão dentro de mim”, conta Patrícia da Silva, 41 anos, ao relembrar o dia em que a enchente invadiu sua casa, levando tudo o que ela levou anos para conquistar. Moradora do bairro Industrial, em Montenegro, ela vive com os filhos Keylla, de 10 anos, e Erick Patrick, de 19. As memórias do episódio ainda mexem com suas emoções.
“Sempre que eu lembro daquele dia da enchente, a tristeza é muito grande. Muito. De ver o estado que eu vi a minha casa… perdi tudo”, desabafa. Na força das águas, o lar de Patrícia se desfez. Os móveis, eletrodomésticos e até mesmo as fotos antigas, que guardavam a história de sua família, foram perdidos para sempre. “Fotos do meu filho mais velho. São coisas que eu não recupero mais. Antigamente era com negativo, não tinha celular, nem pendrive, então não tinha como guardar”, lamenta.
Do que havia em casa, restaram apenas a televisão e a geladeira, esta última resgatada boiando na água e que, depois de limpa, voltou a funcionar. “Graças a Deus, pelo menos isso”, reconhece Patrícia. Algumas roupas foram salvas após serem lavadas, mas a grande maioria dos bens, ela perdeu.
Para enfrentar o momento de calamidade, a família contou com a solidariedade. No bairro, a liderança comunitária Popy Silva foi a grande ajuda. “Ela trouxe muita doação, muita roupa, coberta… Graças a ela, conseguimos nos vestir e nos aquecer”, ressalta Patrícia, cheia de gratidão. Mesmo assim, a situação não é fácil. Sem roupeiro, suas roupas seguem guardadas em sacos plásticos, e a cada lembrança do dia da enchente, a dor se renova.]
“A gente ouve que temos saúde, ninguém se machucou. Sim, mas as memórias se foram. Isso não tem volta”, afirma, destacando o quanto é difícil perder os registros de uma vida. No meio das dificuldades, as críticas também surgem. Beneficiária do programa Bolsa Família, ela conta que são poucos os recursos para tentar se reconstruir. “Faço uma faxina aqui, outra ali, enquanto minha filha está na escola. Isso tem ajudado, mas ainda precisamos de muita coisa”, completa.
A esperança de dias melhores
Mesmo com as dificuldades, a esperança de Patrícia se renova para o futuro. Assim como em outros anos, para este Natal, a família se prepara para celebrar a data juntos em casa, com o que foi possível recuperar após as cheias, as doações que receberam e com os novos sonhos que surgiram.
“Eu acho que Deus há de olhar por nós, que tudo vai se estabelecer mais pra frente”, diz, cheia de fé. Sua esperança ganhou um reforço importante: Patrícia foi contemplada com uma das casas do programa “A Casa é Sua”, do governo do Estado em parceria com o município, que será construída no bairro Aeroclube. Agora, ela aguarda pelo início das obras.
“Eu espero que o ano de 2025 venha abençoado, que todo mundo, assim como eu, que teve perdas grandes, seja amparado”, afirma Patrícia. As expectativas para o futuro vão além de uma casa nova. Para ela, a conquista simboliza a chance de um recomeço digno, onde a família possa reconstruir não apenas o lar, mas também as memórias que as águas levaram.
Com o apoio de amigos e da comunidade, Patrícia sente que é possível reconstruir. A esperança por dias melhores é o motor que a mantém firme na lida do cotidiano, cuidando dos filhos e lutando por um futuro melhor. “Nesse Natal, mais do que presentes, eu desejo paz e tranquilidade. Que Deus ampare e olhe por todos. Eu peço um ano abençoado para mim e para todos que passaram por isso”, finaliza.