O sábado esportivo em Montenegro foi histórico. Com jogos amistosos, descerramento de fita e emoção provocada por lembranças, o lendário Santos Futebol Clube retomou suas atividades em Vapor Velho. Ele foi fundado em 1966 e teve sua sede social e campo construídos (inaugurados em 1971) pela comunidade do interior de Montenegro. Da mesma forma, agora são os moradores que fazem renascer o Clube, criando um espaço comunitário e projetando retornar as principais competições.
O ex-vereador e agricultor Carlos Einar de Mello, o Naná, foi às lágrimas ao discursar na abertura do campo. Entre suas recordações mais queridas estão os dias que, aos 19 anos, foi goleiro titular do Santos. “Os moradores daqui, cada um fazia um pouco. Cada um fazendo um pouco dá bastante”, defendeu.
Quem também provocou recordações foi o centroavante Romeu Haas, conhecido como “Tourinho” devido à sua característica de rompedor de zagas. Aos 77 anos, fez questão de fardar e entrar em campo. Saiu na foto oficial do time, deu o pontapé inicial da primeira partida e ficou alguns minutos na partida.
“Não só do Santos. Eu joguei em 13 times, e nunca fui expulso. Gaúcho da Macega, Olaria, Municipal, Renner”, descreveu, garantindo em seguida que fez mais de 1.000 gols. Mas não apenas de futebol viveu o Tourinho. Haas recorda da arrecadação de telhas para cobrir a sede social e dos caminhões de terra que trouxe para fazerem o campo.
O empenho de homens como Naná, Tourinho e seu irmão Nelsom Haas, 79 anos, responsável pelo campo e vestiário do Santos, colocam responsabilidade nas mãos dos jovens. Um bom exemplo é o atual presidente, Cleiton Kerber, que entendeu não ser possível deixar aquele legado se perder. “É muito válido, por que todo mundo sai ganhando. É gratificante o empenho da comunidade”, declarou.
No jogo de retomada após 11 anos, o primeiro gol no campo foi marcado pelo camisa 10 do time de servidores da Prefeitura, Jorge Luiz de Abreu, o Jorjão”. Já o primeiro gol do Santos Futebol Clube foi de Luciano Kochenborger, e o segundo de Elizeu Lebrom. Jorjão anotou mais um e o prefeito Gustavo Zanatta decretou o placar de 3 x 2 para o time dos servidores.
Sala de troféus certifica uma grandeza
Na história do Santos estão títulos municipais, vice-campeonatos e rivalidade do outros grandes times da cidade, como Renner e Municipal, especialmente nas categorias Veteranos e Sêmior na década de 2000 a 2012, quando paralisou as atividades. Um protagonismo que a comunidade pretende recuperar já neste ano.
Kerber revela que a intenção é disputar o Campeonato Municipal Força Livre, que reuni jogadores na faixa de idade dos profissionais, onde tem plantel completo. Para Veteranos, Veteraníssimo e Sênior ainda precisa ser organizados. A criação de uma escolinha para formação de categoria de base é uma questão maus delicada, pois há poucos meninos na comunidade, e Kerber não acredita que uma família da cidade ou comunidade mais distante colocaria o filho para treinar em Vapor Velho. Veja abaixo galeria de fotos.