Seminário regional debate gestão de pessoas na esfera pública

Evento na Unisc teve como público-alvo gestores dos municípios da região

O campus de Montenegro da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) recebeu, na manhã desta terça-feira, o Seminário de Gestão Estratégica de Pessoas no Setor Público. Realizado em parceria com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e com apoio do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Caí (Codevarc) e do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Corede), o evento tinha como público-alvo prefeitos, secretários municipais e técnicos que atuam nas áreas de planejamento e administração das cidades da região. Apesar de 41 municípios terem sido convidados para participar da atividade, poucos mandaram representantes.

Coordenadora do curso de Administração da Unisc Montenegro, Ione ressaltou importância do tema debatido durante o encontro

No entendimento da coordenadora do curso de Administração da Unisc Montenegro, Ione Sardão da Silva, a gestão de pessoas é um assunto em voga no momento. “Nenhuma instituição, seja ela pública ou de qualquer outra natureza, funciona sem pessoas”, frisou. A professora salientou que quanto mais os trabalhadores se sentirem valorizados pelo que desempenham, pelas ações que realizam ou pelo suporte recebido do líder, melhores serão os serviços prestados.

Ione salientou ainda que observa um fenômeno interessante no funcionalismo público: jovens concursados assumindo posições estratégicas e conseguindo excelentes resultados. Para a professora, trabalhar com pessoas de diferentes idades e perfis é um dos desafios da gestão pública.

Diretor da Escola Superior de Gestão e Controle Francisco Juruena do TCE, Sandro Trescastro Bergue vê a gestão de pessoas na esfera pública como um tema paradoxal. “Se de um lado é a área onde residem os maiores gastos do serviço público, de outro é onde menos atenção se dá”, resumiu Bergue, que também é auditor público externo do TCE. Para ele, esse paradoxo mostra a necessidade de a gestão de pessoas ser abordada em seminários como o que aconteceu em Montenegro. “Uma das virtudes do nosso encontro é sensibilizar para a importância desta temática”, reforçou.

Conforme Bergue, o cidadão precisa ser bem atendido quando chega a um órgão público. Para tanto, é importante que os servidores tenham a formação necessária para responder ao cidadão. “Cidadão este que paga esse serviço público”, sublinhou.

“O compromisso do cargo comissionado não é com o agente político”, diz auditor
Muitos dos integrantes do funcionalismo público são concursados, mas os gestores públicos, como é sua prerrogativa legal, utilizam cargos comissionados para apontar pessoas de sua confiança para cargos estratégicos. Entretanto, muitas vezes, esses cargos são utilizados para empregar aliados políticos. Os conhecidos CCs acabam gerando desconfiança da população. “Ele (o CC) é de confiança do agente político para dar conta de uma plataforma de governo, mas ele é servidor do cidadão”, disse Bergue sobre esse caso. “O compromisso do cargo comissionado não é com o agente político que o designou. O primeiro compromisso dele é com o cidadão”, enfatizou o auditor.

Segundo Bergue, gestão de pessoas na esfera pública é paradoxal

O representante do TCE salientou que é importante que os servidores públicos tenham ciência do significado ético do que é trabalhar na esfera pública. Caso isso não aconteça, casos de corrupção podem ocorrer. Inclusive com o Tribunal de Contas do Estado tendo participação em investigações que acabam por denunciar esses esquemas, como aconteceu na Operação Ibiaçá, encabeçada pelo Ministério Público e que abalou a política montenegrina há um ano. “Essas operações são frutos de sistemáticos desvirtuamentos que se dão na designação de cargos públicos”, garantiu o palestrante.

Bergue entende que, às vezes, o agente político possui uma visão limitada de sua responsabilidade ao indicar pessoas para cargos comissionados. Para o diretor da Escola superior de Gestão e Controle do TCE, não faltam bons profissionais, mas sim boa gestão. Para o painelista, a ingerência ao apontar CCs não ocorre por má vontade, mas por falta de capacidade de gestão. “E isto (capacidade de gestão) pode ser desenvolvido”, comentou o auditor. Ele enfatizou ainda a importância de debates como o ocorrido nesta terça-feira na Unisc Montenegro.

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