Depois da passagem do gabinete itinerante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e das analises técnicas realizadas pelo Estado e Emater, a situação de degradação do solo no pós-enchentes está devidamente diagnosticada. Então agora é necessário iniciar o processo de recuperação da terra, sob risco da hora ideal para o plantio estar passando e caminharmos para um colapso do abastecimento de alimentos; sendo que uma alternativa viável, rápida e eficaz está em Montenegro.
A reportagem do Ibiá reuniu na semana passada o diretor da BioC, Paulo Roberto Lenhardt, e o presidente da Ecocitrus (Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí), Pedro Francisco Schneider, empresas que possuem Centrais de Beneficiamento de Resíduos Sólidos Industriais / Usina de Compostagem Classe 2. Neste momento, cada uma tem estoque aproximado de 200.000 m³ de composto sólido ideal para fertilizar o solo sem agredir a natureza.
Nos cálculos do gestor da Usina Ecocitrus, Marcos Samoel Lottermann, esta quantidade é suficiente para cobrir 16 mil hectares (considerando uma porção de 25 m³ por hactare/ 1 m³ para cada cinco plantas de citrus). Conforme o Censo Citrícola da Emater-Ascar/RS de 2023, a regional de Lageado tem 55 municípios, sendo 36 do Vale do Taquari e 19 do Vale do Caí. Juntos, somam 11.198,17 plantados com bergamota, laranja e limão. Logo, o estoque tem quase 5 mil m³ para outras culturas, como as hortaliças, mudas e florestas de Acácia Negra e Eucalipto.
“Temos aqui as duas maiores centrais de compostagem do Brasil”, projeta Lenhardt. O material está pronto para uso, podendo ser adquirido ao custo de R$ 100,00 o m³ (R$ 2.500,00/ hectare), sem valor do frete. O supervisor da Emater Regional, Fábio André da Encarnação, que participou da visita à BioC, confirmou um interesse, mas sem definição. “Por enquanto, não tenho informação sobre aquisição de composto para distribuição”, declarou.
Eficiência sem adesão química
O insumo orgânico produzidos nas usinas tem todos os elementos necessários para desenvolver uma planta resiliente, recompondo nutrientes e trazendo estrutura física para o solo através de microorganismos, especial os fungos. Lenhardt defende inclusive eficácia superior ao calcário, produto químico que repõe no solo apenas cálcio e magnésio.
A respeito da recuperação da terra degradada, os entrevistados apontam ser desnecessário remover a areia trazida, mas sim nivelada e enriquecida com o composto orgânico. Essa ação deve ser antecipada por análise da situação das raízes das plantas submersas; sendo que alguns casos pedirão replantio.
A sugestão do setor é a iniciativa privada se unir para recuperar o setor produtivo primário. Paulo Lenhardt defende essa hipótese apontando que no eixo Caxias do Sul/ Porto Alegre, fortemente atingido pelas enchentes, combina grandes empresas e boa parte da produção agrícola voltado ao consumo da população.