Comunidade de Capela de Santana diz não ao pedágio

Audiência Pública ocorreu presencialmente na Sociedade Juventude, no bairro Divisa

Divisão da cidade, quebra no desenvolvimento econômico e não isenção aos moradores foram alguns dos principais argumentos contra a implantação de uma praça de pedágio no quilômetro 25 da ERS-240, em Capela de Santana, levantados em audiência pública na noite desta sexta-feira, 9. A audiência ocorreu presencialmente na Sociedade Juventude, no bairro Divisa, e contou com a presença de lideranças locais, da região e do Estado, além da comunidade capelense.

“Quero deixar bem claro que o Poder Executivo, prefeito, vice e os nove vereadores somos totalmente contra o pedágio”, a frase dita pelo prefeito de Capela de Santana, José Alfredo Machado foi também repetida por diversas autoridades na ocasião. Segundo ele, no município há 177 famílias cadastradas morando na parte que seria separada pelo pedágio, e isto só traria consequências ruins para todos. “E essas famílias que precisam vir no cartório, no banco, na prefeitura, no posto 24h, vai pagar pedágio 2 vezes? E nós do lado de cá? A mesma coisa, porque a gente depende de Montenegro”, exclamou.

Mesmo com a pandemia, dezenas de pessoas estiveram presentes

O anúncio original do governo do Estado, feito em 17 de junho, trazia a instalação da praça de pedágio na RSC-287, próximo à localidade de Muda Boi, no quilômetro 12,6 da RSC-287, em Montenegro. Entretanto, o governo Estadual anunciou que cometeu um erro na apresentação das novas praças e que, na realidade, o novo pedágio seria no quilômetro 25 da ERS-240, em Capela de Santana.

Machado lamentou ficar sabendo da notícia através da mídia. “Cadê o respeito com o município, com as autoridades, com o povo de Capela de Santana? Ficamos sabendo através de jornal, e entrando no site do governo Estadual ainda está Montenegro”.

De acordo com o projeto do Estado, a praça terá cobrança nos dois sentidos e sem direito a isenções para moradores locais. Em Capela de Santana, a tarifa mínima será de R$ 5,22 e a máxima de R$ 6,96, mas deverá ter descontos entre 5% e 20% para usuários mais frequentes.

Prefeito de Capela de Santana, José Alfredo Machado acredita que não há nenhum benefício na vinda do pedágio

Segundo o prefeito, não haveria nenhum benefício na instalação do pedágio em Capela, e o Executivo e Legislativo estão empenhados na luta contrária. “Se realmente instalar o pedágio ali antes de estiver instalado o pedágio nós já vamos estar com dois hectares de terra em um lado da ERS desapropriado e no outro lado dois hectares também desapropriados, nós não estamos brincando. Um lado dois hectares vai ser uma área industrial e do outro lado dois hectares e quando nós formos pra Montenegro nós vamos passar do lado, e quando nós vir a mesma coisa”, disse para a comunidade que aplaudiu e aprovou a decisão do Chefe do Executivo.

Decisão lamentável

Um consenso entre todos na noite é que a ideia do Estado é lamentável. “Que o Estado primeiramente repare os danos já com esse município, que é colégio que nós não temos, asfalto que nós não temos, acesso a outros municípios […]. Que primeiro ele repare os danos com este município para que nós tenhamos a possibilidade de proporcionar desenvolvimento”, explanou o presidente da Câmara de Vereadores, Oziel Rangel.

Lideranças de Capela de Santana e região

Para o deputado Estadual, Issur Koch, Capela de Santana foi um dos municípios mais prejudicados com o projeto de instalação de 22 praças de pedágio, devido à notícia informada há pouco mais de uma semana. “Quem nos garante que esse investimento de 30 anos que o governo promete fazer, mas que será tirado do bolso de cada um de vocês e nosso, quem garante que terá realmente contrapartidas? […] Não há resultado sem pressão e sem isso que vocês estão fazendo aqui”, falou.

Com o objetivo de ouvir a comunidade, foi dado espaço para manifestações sobre a instalação do pedágio, e a posição foi unânime: todos se mostraram totalmente contrários a instalação. “Inúmeros são os motivos que eu me manifesto contra o pedágio aqui em Capela de Santana. O primeiro deles é o fato de atrapalhar a atração de empresas que possam gerar empregos e impostos no município”, disse Diego Bittencourt.

O capelense Diego Bittencourt foi um dos moradores que expôs a sua posição contrária na audiência

Para o capelense, o pedágio irá dividir a cidade ao meio, isolando a zona rural do Centro de Capela de Santana, afetando ambos os moradores. “Em Montenegro temos bancos, temos hospital, temos o INSS e o próprio setor de comércio geral. […] Então o pedágio no meio do caminho nos atrapalha muito, não vejo necessidade nenhuma”, concluiu.

Ao final, foi realizada uma votação simbólica com a comunidade. Todos os presentes foram contra a instalação do pedágio no município.

População ainda pode se manifestar

A população capelense também poderá se manifestar a nível Estadual; isso porquê na próxima semana o governo do RS irá realizar audiências públicas, de forma online, para receber sugestões e questionamentos sobre as concessões das rodovias estaduais e as novas praças de pedágio. No caso das rodovias que cortam o Vale do Caí, como a ERS-122, ERS-240, RSC-287 e ERS-446, todas estão no bloco 3, que terá a audiência pública online na próxima quinta-feira, 15, entre 14h e 17h. Manifestações também podem ocorrer pela consulta pública por e-mail.

Um abaixo-assinado contra a instalação do pedágio em Capela também está disponível online. O documento foi lançado pelas lideranças e comunidade, que argumentam que o município deve sofrer prejuízos na economia local, além de prejudicar o deslocamento de pacientes para o Hospital Montenegro e dos trabalhadores para outras cidades. Segundo eles, isso dificultará também a atração de novos empreendimentos e investimentos para a Capela.

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