Manifestação ocorreu na ERS-240, no local onde o Estado avalia a instalação
Com cartazes e gritos de “não ao pedágio”, dezenas de pessoas se manifestaram contra a instalação na ERS-240, em Capela de Santana, na tarde dessa terça-feira, 6. O protesto ocorreu na altura do quilômetro 25 da rodovia, local onde o Governo do Estado avalia a instalação da praça. O trânsito fluiu normalmente, com a ajuda de agentes da Polícia Rodoviária Estadual (PRE).
Organizado pelo Executivo e Legislativo de Capela de Santana, o protesto ocorreu de forma organizada e contou com a presença da comunidade local e também montenegrina. Uma das palavras citadas diversas vezes foi “surpresa”, pois, na verdade, o anúncio original do Estado, feito em 17 de junho, trazia a instalação na RSC-287, próximo à localidade de Muda Boi, no quilômetro 12,6 da RSC-287. Entretanto, na última semana o Governo Estadual anunciou que cometeu um erro na apresentação das novas praças e que, na realidade, o novo pedágio seria no quilômetro 25 da ERS-240, em Capela de Santana.
Para o presidente da Câmara de Vereadores de Capela de Santana, Oziel Rangel, esse foi um ato traiçoeiro com o povo da cidade. “Nós não vamos ficar quietos, nós fomos eleitos pelo povo e vamos representar cada morador de Capela de Santana. Iremos até o fim dizer não ao pedágio. Sabemos que é um retrocesso no nosso município”, disse.
O ato-público contou também com a presença de lideranças de Montenegro, como os vereadores Paulo Azeredo e Felipe Kinn. “A nossa luta era que o pedágio fosse além de Muda Boi, e não aqui (Capela). Nós somos contrários e estamos juntos”, declarou Paulo Azeredo.
Em cima de um caminhão de som, o prefeito e vice-prefeito de Capela, além dos nove vereadores afirmavam a população que irão à luta. As irmãs Marilândia Machado da Silva e Marilene Machado da Silva estavam presentes e também fortemente contrárias à instalação. “Nós duas temos chácaras aqui no Desvio, onde seria o provável pedágio, e ele vai prejudicar muito nós. […] Aqui é um lugar muito sossegado e o próprio tráfego do pedágio vai acabar prejudicando todos os moradores, e vai dividir o município”, expressaram.
Para Paulo Rocha, também morador da região, essa praça irá afetar economicamente a cidade. “A gente já tem problemas de falta de empresas, falta de empregos e renda no município, e esse pedágio vai dificultar em trazer empresas, ainda mais agora que o Governo do Estado está querendo implantar pedágios cobrando ida e volta”, declarou.
De acordo com o projeto do Estado, a praça terá cobrança nos dois sentidos e sem direito a isenções para moradores locais. Em Capela de Santana, a tarifa mínima será de R$ 5,22 e a máxima de R$ 6,96, mas deverá ter descontos entre 5% e 20% para usuários mais frequentes.
Também contrária ao novo pedágio, Inajara Brenner cita o problema de logística para os moradores. “Até as pontes é Capela de Santana, se eu precisar ir em uma amiga minha eu não posso ir sem pagar pedágio; se tem alguém no hospital e tu vai visitar duas vezes por dia tem que pagar quatro vezes, porque vai ser ida e volta”, falou.
Abaixo-assinado e audiência pública
O prefeito José Alfredo Machado, vice-prefeito Pedro Odone Rodrigues da Silva e os nove vereadores, juntamente com a comunidade de Capela de Santana, lançaram um abaixo-assinado contra a instalação do pedágio em Capela de Santana. No documento, eles solicitam ao governador Eduardo Leite e ao secretário Estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella, a não instalação da praça de pedágio no município.
Dentre os argumentos estão os prejuízos que devem sofrer a economia local, sendo o município o menos desenvolvido do Vale do Caí e que teve as dificuldades aumentadas com a pandemia, além de prejudicar o deslocamento de pacientes para o Hospital Montenegro e dos trabalhadores para outras cidades. Segundo eles, isso dificultará também a atração de novos empreendimentos e investimentos para a Capela.
Para receber sugestões e questionamentos sobre as concessões das rodovias estaduais e as novas praças de pedágio, o governo do Estado irá realizar audiências públicas, de forma online. No caso das rodovias que cortam o Vale do Caí, como a ERS-122, ERS-240, RSC-287 e ERS-446, todas estão no bloco 3, que terá a audiência pública online na próxima quinta-feira, 15, entre 14h e 17h. Manifestações também podem ocorrer pela consulta pública por e-mail.