Lavagem de dinheiro resulta em prisão do empresário Eike Batista

Acusado foi preso ontem ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no RJ
De sétimo homem mais rico do mundo para uma penitenciária superlotada com serviços precários. A trajetória do empresário Eike Batista, 60 anos, atingiu o fundo do poço ontem, quando ele chegou à cadeia pública Bandeira Stampa, também conhecida como Bangu 9, no Rio de Janeiro.
Deu entrada no sistema prisional de cabelo raspado e com uniforme de presidiário, em torno das 13h30min, depois de passar pela triagem do Presídio Ary Franco e de ter feito exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal momentos após ter sido preso pela Polícia Federal ao desembarcar de um voo da American Airlines entre Nova York e o Rio.
Até o momento, Eike não prestou depoimento, porque foi alvo de um mandado de prisão preventiva. Não há nenhuma perspectiva para o empresário deixar a cadeia, mas a PF afirma que ele pode ser convocado a qualquer momento. Na última sexta-feira, a defesa dele protocolou um pedido para não ser deixado em cela comum, apesar de não possuir curso superior, o que lhe daria direito a cela especial. O argumento é de que as penitenciárias “se transformaram em verdadeiras usinas de revolta humana”, o que colocaria em risco a sua integridade física.
Conforme o jornal Folha de S. Paulo, o magnata ficará em uma cela com outros cinco presos conhecida como “faxina”, um espaço onde ficam os detentos que trabalham na cadeia, além daqueles que estão sob ameaça de morte ou foram testemunhas de crime. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que, após triagem inicial no Presídio Ary Franco, Eike foi transferido para uma unidade prisional que atendia a seu perfil. “Ele ingressou na porta de entrada para presos federais e, após ser avaliado, foi transferido para uma unidade de acordo com o perfil”, diz a nota da Seap.
Proprietário do grupo EBX, o preso é suspeito de lavagem de dinheiro em um esquema de corrupção que atinge o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, também recolhido ao sistema prisional. De acordo com a PF, Eike e o executivo Flávio Godinho, seu braço direito no grupo EBX e vice-presidente do Flamengo, são acusados de terem pago US$ 16,5 milhões a Cabral em troca de benefícios em obras e negócios do grupo, usando uma conta fora do país. Os três também são suspeitos de terem obstruído as investigações.
Na última quinta, policiais tentaram deter o empresário em sua casa, no Rio de Janeiro, mas ele não estava. Os advogados informaram que Eike havia viajado a trabalho para Nova York e que voltaria ao Brasil para se entregar. A Polícia Federal o considerou foragido e pediu a inclusão de seu nome na lista de procurados da Interpol, a polícia internacional.

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As empresas do grupo EBX atuam na área de mineração, petróleo, gás, logística, energia e indústria naval. Em 2013, os negócios entraram em crise e Eike começou a deixar o controle de suas companhias e vender seu patrimônio.
O nome dele apareceu na semana passada no âmbito da Operação Eficiência — um desdobramento da Operação Calicute, fase anterior da Lava Jato no Rio de Janeiro, sobre propinas pagas por grandes empreiteiras a partidos e políticos para obter contratos da Petrobras.

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