Proteção desde o primeiro dia de gravidez

A chegada de um recém-nascido é cercada de expectativas e de preparativos. Desde a suspeita de gravidez, em Montenegro, já é possível contar com o serviço de pré-natal. Tudo 100% gratuito. Desde fevereiro de 2016, a rede pública municipal de saúde conta com um protocolo de atendimento às gestantes. O Protocolo Assistencial ao Pré-natal de Baixo Risco e Puerpério do município tem o objetivo de combater a mortalidade infantil.

Assistente Social Ana Paula Martins e enfermeira Ana Deise Lucas colocam em prática o Protocolo de Pré-Natal

Em 2015, foram registradas 16 mortes de recém-nascidos, a maioria de causas não evitáveis, mas o que não deixou de ser motivo de atenção redobrada por parte de médicos, enfermeiros e assistentes sociais do município. “Anos atrás, buscávamos aperfeiçoar os atendimentos e esses índices de mortalidade nos questionavam”, aponta a assistente social Ana Paula Martins. Com a nova medida protocolar, as mortes caíram para seis no ano passado.

Atualmente, 300 gestantes são atendidas no PAM do Centro, enquanto outras 60 mulheres grávidas recebem os cuidados de pré-natal na Secretaria Municipal de Saúde, no bairro Timbaúva. “Há casos de mulheres que chegam no hospital para dar à luz sem ter feito uma consulta durante a gestação, mas não por falta de vagas”, esclarece Ana Paula.

O serviço de Pré-natal oferecido pelo SUS garante atendimento prioritária para as gestantes, sem a necessidade de entrar em filas para marcação de consultas ou exames. Já na primeira consulta, é feito o cadastro e emitido o cartão da gestante.

O protocolo prevê consultas regulares mensais. A partir da 32ª semana de gestação, as visitas ao médico são realizadas de 15 em 15 dias. Após a 36ª semana, passam a ser semanais. Dentre os exames, as futuras mamães têm direito a três ecografias ao longo do acompanhamento da gestação: a Transvaginal, a Morfológica e a Obstétrica, todas com a finalidade de acompanhar o desenvolvimento fetal. Se o médico requisitar outros mais detalhados, a Secretaria Municipal de Saúde autoriza a realização. “A ecocardiografia fetal não está contemplada no protocolo de pré-natal como rotina, mas diante de um pedido do médico com justificativa, esse exame é realizado”, atesta a enfermeira Ana Deise Lucas, que acompanha as gestantes no PAM.

Gravidez de risco
Vários fatores podem desencadear uma gestação de risco desde a faixa etária da gestante, histórico de diabetes e hipertensão, até deslocamento da placenta, entre outros.  Uma das preocupações são doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis e o HIV, que, se não houver cuidado durante o pré-natal, podem ser passadas também para o bebê. “O exame preventivo da sífilis é um dos que realizamos no primeiro trimestre, assim como o do HIV. A sífilis congênita pode deixar sequelas no bebê”, revela a enfermeira Ana Deise Lucas.

No enfrentamento da doença, o casal deve se tratar junto. Sexo só com preservativo até receber alta do tratamento. Os bebês são acompanhados até os 18 meses de idade. “A criança vai nascer com os anticorpos da mãe e, até essa idade, dá pra detectar se ela não contraiu a doença. Os bebês são acompanhados até os 18 meses de idade, para termos certeza de que não contraíram a doença”, explica.

Já nos casos de HIV, o acompanhamento se estende até os dois anos de vida. “Se a mãe fizer o tratamento corretamente durante a gravidez, a criança tem grandes possibilidades de nascer saudável, sem o vírus”, explica Ana Deise.

Raquel precisou de atendimento
de emergência durante a gravidez
 

Com 36 semanas de gestação, a autônoma Raquel de Lima, 27 anos, teve um susto e recorreu ao Hospital Montenegro. “Tinha contrações e não tinha dilatação. Isso foi com 33 semanas de gravidez. Fui levada direto para a ala das gestantes e fiquei internada por uma semana. Recebi os remédios para segurar a gravidez. Desde então, a gravidez passou a ser de risco”, conta ela, que está à espera do terceiro filho. É o primeiro deles com acompanhamento de pré-natal desde o início da gravidez.

Vacinas
Há também um cronograma a ser obedecido de vacinas que protegem a gestante e o bebê. A mais importante delas é a DTP acelular, que imuniza contra difteria, tétano e coqueluche. “A gestante deve fazer esta vacina a partir da 20ª semana de gravidez, de preferência 30 dias antes do parto, porque serve para a mãe e o bebê. Não pode ser muito próximo ao parto pois não terá efeito no recém-nascido”, diz Ana Paula.

Os mitos em torno do exame Papanicolau
Não são raros os casos de mulheres que nunca fizeram o Papanicolau, exame preventivo do câncer de útero. Nesse momento de gestação, é preciso desfazer alguns mitos para as futuras mamães. “O teste não prejudica o bebê, não há risco de aborto ao realizar o exame de colo uterino, pelo contrário. Nesse exame, pode ser detectada precocemente alguma infecção  que posa trazer prejuízos ao desenvolvimento da gestação”, afirma a enfermeira Ana Deise Lucas.

O acompanhamento de pré-natal ainda prevê atendimentos no Hospital Montenegro em caso de urgências, como sangramentos, por exemplo. “Em situações urgentes, elas podem recorrer ao Hospital e são encaminhadas ao Centro Obstétrico para avaliação. Por isso, é importante ter sempre em mãos a carteirinha de gestante, que elas recebem no primeiro dia em que nos procuram”, alerta Ana Paula Martins.

Abandono do programa e depressão pós–parto
A equipe de acompanhamento ainda realiza triagens com o objetivo de apurar quais as necessidades particulares de cada gestante. Há casos que requerem apoio nutricional e outros em que se constata a possibilidade da mulher desenvolver uma depressão pós–parto. “Passam pela Assistência Social os acompanhamentos nutricionais ou de psicologia. Nós fazemos esses encaminhamentos, pois há sinais que nós conseguimos detectar”, afirma Ana Paula Martins.

Como o processo de se dá ao longo de toda a gestação, há casos de mulheres que, em algum momento, pelas mais diversas razões, acabam deixando o pré-natal de lado.
Quando isso ocorre, a equipe de atendimento da Secretaria também procura pelas pacientes. “Enviamos os agentes de saúde, por telefone ou realizamos uma visita domiciliar. É importante cumprir com o pré-natal até o fim”, pontua a enfermeira Ana Deise.

Pré – Natal pelo SUS em Montenegro
– Em 2016, foram cadastradas 587 gestantes no PAM; destas, 114 estão na faixa etária dos 14 aos 19 anos;

– No pré–natal, as gestantes recebem, no mínimo, seis consultas, o que é o preconizado pelo Ministério da Saúde. A média é de 10 consultas ao longo do pré-natal pelo SUS na cidade;

– Mais informações podem ser obtidas diretamente na Secretaria de Saúde ou no Posto de Atendimento Médico (Pam), no Centro. Ou pelo telefone 3632-1113.

Consultas após o parto
O fim do pré-natal não significa que o acompanhamento termine com o nascimento dos bebês. Nessa etapa do puerpério ou pós-parto, é onde se registram os maiores índices de abandonos e com algumas explicações compreensíveis. Mas nem por isso deve haver descuido por parte das mamães. “Nessa etapa, há uma queda de até 50% dos atendimentos porque elas deixam de consultar. Entendemos que é um momento em que a vida está agitada, com a chegada de mais um integrante na família. O que nos preocupa é quando esta mãe volta para o pré-natal quando os bebês estão com três, seis meses de idade. Conversamos sobre isso no processo, mas elas engravidam com poucos meses após o parto”, alerta Ana Paula Martins.

Na consulta de revisão, faz-se avaliação da mãe e do bebê. Dependendo do tipo de parto, se faz a retirada dos pontos e abordagem sobre métodos contraceptivos que não trazem problemas durante a amamentação. O teste do pezinho, por exemplo, deve ser feito de três a cinco dias após o nascimento. Há grupos de recém nascidos no PAM e na Secretaria de Saúde. Já a vacina BCG é aplicada na Vigilância Sanitária, tão logo o bebê tenha alta hospitalar.

Jéssica fez o exame de sangue e, desde que se confirmou a gravidez, deu início ao pré-natal

Jéssica Silva, 17 anos, amamenta o pequeno Victor Michel, de sete dias, após uma consulta no Pam. Com a consciência tranquila de quem tem cumprido com as consultas pós –parto, ela recomenda o serviço público. “Além de importante é uma coisa bonita de acompanhar o crescimento do próprio filho. Eu não via a hora dele se mexer na minha barriga. Volto para saber como está o ganho de peso, e ainda fazer o teste da orelhinha e também para a aplicação das vacinas”, diz a jovem mamãe.

 

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