Além de aguçar a imaginação, a prática contribui para evitar problemas como demência, Alzheimer, perda de memória, o foco, a concentração
A cada página, milhões de possibilidades. No ônibus, no sofá de casa ou em um cantinho especial, não importa lugar, a verdade é que os livros são uma espécie de passaporte para a imaginação. Além de ser uma forma de entretenimento, o hábito da leitura é uma excelente forma de aumentar o vocabulário e vários estudos recentes indicaram benefícios entre aqueles que mantêm a prática regularmente.
Do drama real do esconderijo de Anne Frank durante a Segunda Guerra Mundial, até a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts da famosa saga do Harry Potter ou quem sabe um pouco de aventura com o Pequeno Príncipe, indiferente do gênero, os livros permitem viajar e conhecer lugares, épocas e pessoas diferentes. Sem sair de casa, eles ainda ajudam a compreender o mundo, a si mesmo, constrói sonhos e motiva a realização dos mesmos.
Um estudo recente realizado para compreender os mecanismos fisiológicos envolvidos no ato de ler, mostrou que, mesmo numa leitura relaxada, diversas áreas do cérebro são ativadas, e assim permanecem mesmo depois de vários dias.
Conforme a pesquisa, as sinapses são o meio de interação dos neurônios, responsáveis pela troca de informações entre eles. Quanto mais uma rede de neurônios é usada, mais fortes ficam as sinapses, facilitando o acesso às informações ali presentes. E é exatamente esse processo que é estimulado pela leitura. Segundo os neurologistas responsáveis pelo experimento, ler livros de qualquer gênero produz esse resultado, e não há horários específicos para que isso aconteça.
Pela manhã, durante ou após o café; à tarde, durante uma pausa nas atividades do dia; ou mesmo à noite ou quem sabe até para pessoas com hábitos noturnos: desde que a leitura seja estimulante e prazerosa, os benefícios são sempre os mesmos e percebidos ao longo da vida. O neurologista Rodrigo Cadore Mafaldo, explica, ainda, que além das “clássicas” vantagens da leitura, existe outro grande motivo para aderir à prática. “A maior sinapse cerebral acaba prevenindo demências, como mostra diversos estudos na área”, ressalta o especialista.
Para a professora de história Giovana Avila, 41, ter um livro nas mãos é ter uma máquina do tempo à disposição. “Além do conhecimento adquirido, ampliação de vocabulário e consequentemente um visão mais ampla do mundo, a leitura aproxima as pessoas”, revela Giovana.
Estimulada pela leitura desde muito cedo, a professora conta que descobriu a paixão pelos livros ainda com o avô, que gostava de gibis. Conforme os anos se passaram, o gosto literário também sofreu mudanças que acompanharam cada etapa de sua vida, indo desde os romances, até os espíritas, crônicas e, finalmente consolidando-se na faculdade quando descobriu o encanto pela micro-história e sobre todas a minorias que não foram contempladas na História Tradicional.
Diga adeus ao estresse
Um bom livro, vontade de ler e pronto, assim é biblioterapia, um conceito anti
go que envolve o uso de leituras terapêuticas para reduzir o estresse, sintomas de dist
úrbios como depressão ou alguma perturbação emocional. Seu uso clínico pode incluir a le
itura de ficção e não-ficção e leva em consideração a relação do paciente com o conteúdo de cada livro.
A psicóloga Milena Bitencourt, acrescenta que a prática ainda mantém o cérebro ativo e reduz as chances de desenvolver Mal de Alzheimer, melhora a memória, o foco e a concentração. “Isso com apenas 15 a 20 minutos de leitura diária e, além desses benefícios, ainda reflete positivamente na qualidade do sono”, ressalta a psicóloga.
A leitura reduz alguns preconceitos
Aprender sobre o universo de outras pessoas pode contribuir para que as pessoas tenham mais empatia e menos preconceitos. Um estudo baseado na saga dos livros de Harry Potter, por exemplo, sugeriu que seus leitores podem reduzir significativamente o preconceito contra homossexuais, refugiados e imigrantes.
Em outro estudo, publicado no periódico Trends in Cognitive Sciences, foi comprovado que a leitura ajuda a entender melhor o sentimento dos outros e também melhora a capacidade de mudanças internas.
Segundo a publicação, esse efeito é alcançado pelo envolvimento emocional durante uma leitura ao descobrir circunstâncias e personagens complexos.
Quer ler e não sabe por qual título começar? Veja alguns livros e descubra os seus favoritos!
Dom Quixote
(Miguel de Cervantes)
Publicado em Madrid em 1605, “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes, é composto de 126 capítulos, divididos em duas partes. O livro narra a história de Dom Quixote de La Mancha, um cavaleiro errante que perdeu a razão e, junto com seu fiel escudeiro Sancho Pança, vive lutas imaginárias. Estima-se que tenha vendido entre 500 e 600 milhões de cópias.
O Conde de Monte Cristo
(Alexandre Dumas)
Publicado em 1844, “O Conde de Monte Cristo é, juntamente com “Os Três Mosqueteiros”, a obra mais conhecida de Alexandre Dumas e uma das mais celebradas da literatura universal. O livro narra a história de um marinheiro que foi preso injustamente. Quando escapa da prisão, e toma posse de uma misteriosa fortuna e arma uma plano para vingar-se daqueles que o prenderam. Estima-se que tenha vendido entre 200 e 250 milhões de cópias.
Harry Potter e a Pedra Filosofal
(J.K. Rowling)
Publicado em 1997, “Harry Potter e a Pedra Filosofal” é o primeiro volume da série Harry Potter, da britânica J. K. Rowling. O livro narra a história de um garoto órfão que vive infeliz com seus tios. Até que, repentinamente, ele recebe uma carta contendo um convite para ingressar em uma famosa escola especializada em formar jovens bruxos. Estima-se que tenha vendido entre 110 e 130 milhões de cópias.
O Pequeno Príncipe
(Antoine de Saint-Exupéry)
Publicado em 1943, “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, é uma das obras mais traduzidas da história. Por meio de uma narrativa poética, o livro busca apresentar uma visão diferente de mundo, levando o leitor a mergulhar no próprio inconsciente. Estima-se que tenha vendido entre 150 e 180 milhões de cópias.