Dados do 2° Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar, reunidos pelo Instituto de Pesquisa Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (Feluma) e pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) indicam que 148 pessoas morrem por dia no Brasil em função de erros em hospitais. Isso significa que em média, a cada hora são seis vítimas dos chamados “eventos adversos graves”, ocasionados por erros, falhas assistenciais ou processuais ou infecções nos hospitais brasileiros. Desse total, quatro poderiam ser evitados com a realização dos procedimentos corretos.
Os dados correspondem ao ano de 2017, quando 54,76 mil mortes foram causadas nessas circunstâncias, sendo que 36,17 mil poderiam ter sido evitadas. Em comunicado oficial, o professor da Feluma e um dos responsáveis pelo estudo Renato Couto destacou a intenção do Anuário. “Os eventos adversos são inerentes a qualquer serviço de saúde, mesmo nos melhores e mais sofisticados sistemas do mundo. Não se trata, portanto, de buscar culpados, mas, de propor medidas que enfrentem o problema”, afirmou.
Entre os eventos adversos graves captados com mais frequência estão infecção generalizada, pneumonia, infecção do trato urinário, infecção do sítio cirúrgico, complicações com acessos, dispositivos vasculares e outros dispositivos invasivos, lesões por pressão, erro no uso de medicamentos e complicações cirúrgicas, como hemorragia e laceração.
Ainda segundo o estudo, cinco desses principais “eventos” – parada cardiorrespiratória prevenível, insuficiência renal aguda, aspiração pulmonar, hemorragia pós-operatória e insuficiência respiratória aguda – não contam com algum programa de prevenção ou combate, seja no Sistema Único De Saúde (SUS) ou na rede privada hospitalar.
Consta no anuário que os eventos adversos consumem R$ 10,6 bilhões do sistema privado de saúde. Já o valor no SUS não foi aferido devido a variação de receita nos hospitais públicos. Já em relação ao custo em leitos-dia, cada falha ou erro estende o período de internação em 14,4 dias, em média. Na rede privada foi de 10,5 dias, e no SUS de 16,4 dias. Em 2017, foram utilizados 4,3 milhões de leitos-dia em função de eventos adversos. Sendo 4,7 milhões em razão de eventos adversos graves.
“Considerando o período normal de internação para pacientes que não passaram por eventos adversos encontrados no estudo, de seis dias para o SUS e 3,5 dias para a rede privada, conseguiríamos atender aproximadamente mais 7,7 milhões de pacientes sem aumentar os gastos ou ampliar a rede”, destaca Renato Couto em comunicado divulgado à imprensa.